Executivo brasileiro lidera otimismo
O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/01/10
Entre 52 países, são os mais dispostos a contratar pessoal
Num cenário global de "cauteloso otimismo", executivos brasileiros mostram-se os mais dispostos a contratar pessoal este ano, segundo pesquisa da PriceWaterhouseCoopers com 1.198 dirigentes de empresas de 52 países. Houve 61% de respostas positivas, ante 40% da média mundial.
Os brasileiros também são os maiores opositores (63%) de regras trabalhistas novas, mesmo para os salários, seguidos pelos americanos (52%) e alemães (46%). A pesquisa, a 13ª desse tipo realizada anualmente pela Price, foi conduzida no trimestre final de 2009. O relatório é habitualmente divulgado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial.
Em todo o mundo, 81% dos executivos principais (CEOs) disseram-se confiantes nas perspectivas econômicas de 2010. Há um ano, ainda no começo da crise, 64% se mostraram otimistas. Mas o estado de espírito dos executivos varia amplamente entre regiões e o maior otimismo foi encontrado nos países emergentes.
Na América do Norte e na Europa Ocidental, cerca de 80% dos entrevistados afirmaram acreditar em crescimento em 2010. Essa proporção chegou a 91% na América Latina, na China e em Hong Kong e a 97% na Índia. Mas 60% dos executivos, principalmente americanos e europeus, disseram esperar recuperação em seus países somente na segunda metade de 2010 ou mais tarde.
Embora o pior da crise pareça ter passado, a ordem das principais preocupações se manteve. O maior temor, indicado por 65% dos entrevistados, ainda é de uma recessão global prolongada (a recuperação mal começou em vários mercados importantes do mundo rico). Um ano antes, 85% haviam dado essa resposta.
O medo da regulamentação excessiva continua em segundo lugar e parece mais difundido: foi indicado por 60% dos executivos nesta pesquisa e por 55% na anterior. A instabilidade no mercado de capitais permanece em terceiro, mas as menções caíram de 72% para 59%.
Nas posições seguintes, aparecem a competição de produtos baratos, os custos da energia, a oferta de mão de obra capacitada, as tendências protecionistas e a inflação. Os mais preocupados com o protecionismo foram os dirigentes asiáticos ? uma reação às barreiras às importações da China e de outros países do Oriente. A contrapartida foi o temor da concorrência de baixo custo, manifestada basicamente por executivos ocidentais.
A mudança climática aparece apenas em nono lugar na lista das preocupações. Foi apontada por 37% dos entrevistados (26% em 2009). O terrorismo ficou no fim da lista, depois da insuficiência da infraestrutura.
A pesquisa produziu pelo menos um resultado "paradoxal", adjetivo usado pelo presidente global da Price, Dennis M. Nally. Houve grande apoio à ação do governo como proprietário de empresas, apontado como um fator de estabilização em crises. Essa opinião foi declarada por 50% dos entrevistados na América do Norte, 51% na Europa Ocidental, 61% na Ásia-Pacífico e 34% na América Latina. A maior aprovação foi de dirigentes da indústria automobilística e do setor financeiro, os mais beneficiados pela ajuda governamental.
Mas um número maior de entrevistados apontou três consequências negativas da propriedade governamental: 1) interferência política no mercado; 2) conflito de interesse entre a condição de proprietário e função de regulador; 3) distorção da concorrência.
"A relativa aceitação da propriedade pública termina quando uma crise se dissipa", diz o relatório. "Mais de dois terços dos CEOs têm preocupações significativas quanto ao envolvimento de longo prazo do Estado nos negócios e suas consequências para as políticas oficiais de concorrência e de equidade nos mercados."
Mas o texto contém uma ressalva: enquanto os dirigentes de empresas defendem a retirada do governo da condição de proprietário, o apoio popular parece manter-se em algumas pesquisas.
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