segunda-feira, agosto 31, 2009

PAINEL DA FOLHA

Best-seller

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 31/08/09

Quem conhece os livros de Augusto Cury identificou imediatamente a presença do autor no discurso feito por Marina Silva para marcar seu ingresso no PV e, de maneira subentendida, o lançamento da candidatura à Presidência. Passagens como ‘não é um novo caminho, mas uma nova maneira de caminhar’ remetem ao conteúdo de títulos como ‘O Vendedor de Sonhos’ e ‘O Código da Inteligência’, que já venderam mais de 12 milhões de exemplares em todo o mundo.
O psiquiatra Cury, que se filiou na mesma cerimônia de Marina, conversa regularmente com a senadora. Não apenas ajudou a prepará-la para o evento de ontem como, segundo o próprio partido, vai colaborar na elaboração do programa de governo.

Sarcasmo - No governo e no PT, muita gente só se refere a Marina como ‘a santa’.

Reserva - Um dos nomes cotados para vice na chapa de Marina, Roberto Klabin, do movimento SOS Mata Atlântica, pertence a um grupo empresarial com tradição em doações eleitorais. Em 2006, a Klabin injetou R$ 4 milhões em campanhas de candidatos de vários partidos.

Resposta - O PT de Alagoas quer lançar ao Senado o ex-superintendente da PF José Pinto de Luna, que se tornou um símbolo do combate à corrupção no Estado. Seria um contraponto à eventual candidatura de Heloisa Helena (PSOL). A filiação está marcada para 11 de setembro.

Memória 1 - O ministro Joaquim Barbosa, agora relator no STF do mandado de segurança de senadores contra o arquivamento dos processos de José Sarney, em fevereiro declarou-se impedido de participar, no TSE, do julgamento da cassação de Jackson Lago, decisão que reconduziu Roseana Sarney ao governo do Maranhão.

Memória 2 - Na época, circulou que Barbosa teria recebido em seu gabinete a desembargadora Nelma Sarney, cunhada do presidente do Senado e presidente do TRE do Maranhão. Antes, o TRE condecorou-o com a medalha ‘Ministro Arthur Quadros Collares Moreira’, criada para homenagear personalidades da Justiça Eleitoral.

Longo prazo - A volta do ministro Carlos Menezes Direito ao Supremo não é esperada para breve. Os processos dos quais é relator começam a ser redistribuídos. O caso de Salvatore Cacciola passou para Cármem Lúcia. Direito está em licença médica.

No sal 1 - Um aliado explica a radicalização de Sérgio Cabral (PMDB) na questão do pré-sal: o governador sempre vendeu como ‘vantagem comparativa’ sua proximidade com Lula. Se perder o primeiro embate relevante para o Estado, ficará em maus lençóis na reeleição.

No sal 2 - Para efeito de comparação, na era dos ‘briguentos’ Garotinhos o Rio de Janeiro conseguiu arrancar do governo federal uma antecipação de receita de royalties que permitiu ao Estado sair do sufoco financeiro.

Expresso - A Mesa da Câmara vai ditar o ritmo da tramitação dos projetos do pré-sal. Se considerar que o assunto diz respeito a pelo menos quatro comissões, cria-se uma Comissão Especial, o que resulta num só relator por matéria.

Andar com fé - Tempos atrás, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) presenteou José Genoino (PT-SP) com três terços muçulmanos, peça para proteção e mentalização positiva. O petista passou a usá-la em todos os momentos.

Já foi - José Sarney (PMDB-AP) telefonou para o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para combinar a apresentação de um plano de carreira dos servidores das duas Casas. No final da semana, Temer anunciou como será o da Câmara. E Sarney teve de suspender o do Senado

Tiroteio

A justificativa de divergências com o partido não impediu que milhares de vereadores tivessem os mandatos cassados. Resta saber se Marina Silva e Flávio Arns perderão seus mandatos.
De José Jairo Gomes, Procurador Eleitoral em
Minas Gerais, sobre infidelidade partidária.

Contraponto

Irrevogável e inadiável

Primeiro petista a bater de frente com José Sarney, Tião Viana passou a evitar atritos nos capítulos mais recentes da crise no Senado. No dia em que a bancada do partido rachou no Conselho de Ética, sua ausência foi notada. Já no final da reunião, apareceu rapidamente na sala e cumprimentou o tucano Athur Virgílio, mas nada disse. Na saída, viu-se cercado de jornalistas.
- Estou atrasado para um compromisso e não gostaria de me manifestar sobre essa polêmica_ esquivou-se.
- Mas senador, a gente queria falar com o senhor sobre a saída da Marina Silva do PT...
- Ih, agora é que eu fiquei realmente atrasado..._ disse Tião, ensaiando uma corridinha para sair da área.

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