sexta-feira, agosto 07, 2009

BRASÍLIA - DF

Maioria manda, minoria chia


Luiz Carlos Azedo Com Guilherme Queiroz
Correio Braziliense - 07/08/2009



Apesar da promessa de recorrer ao plenário contra o arquivamento de três denúncias e uma representação no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a oposição já admite ter poucas chances de ver sua contra-ofensiva prosperar. O regimento interno do colegiado prevê recurso apenas ao plenário do conselho, onde há folgada margem pró-Sarney. Para ser vitoriosa no plenário, a oposição precisaria do apoio da bancada do PT, que está imobilizada.

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A tropa de choque comandada pessoalmente pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), pretende manter a ofensiva contra a oposição. A representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), não somente será acolhida pelo presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), como dará início ao processo de cassação. Esse é o objetivo de Sarney e Renan, com apoio do Palácio do Planalto, que também gostaria de ver o tucano perder o mandato por quebra do decoro parlamentar.


Nem pensar// Apesar de iniciar os trabalhos da CPI da Petrobras pela manobra contábil da estatal, a bancada governista na comissão não quer saber de convocar a ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira, responsável pela autuação. Para o governo, ela anda falando mais do que deveria.


Retórica

Renan pretende exercer com punho de ferro a maioria governista, de maneira a não dar o menor espaço para vacilação da bancada petista. Hoje, o fiador da permanência de Sarney na Presidência do Senado é o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), que gostaria de ver Sarney fora do cargo. O petista, porém, foi obrigado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a recuar dessa posição. Na bancada, seis senadores querem o afastamento e quatro a permanência do cacique maranhense.


Desgarrado


O senador Tião Viana (foto), do Acre, foi o único petista a participar da reunião entre PSDB, PDT, PSB e DEM em que foi gestado o manifesto pela licença de Sarney da Presidência da República. Viana foi derrotado por Sarney, defende sua saída, mas mantém posição discreta. É o alvo preferencial de Renan na bancada petista, por causa do celular que emprestou à filha em viagem ao exterior.

Limite



Protagonista do arranca-rabo com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) reclamou repetidas vezes de chantagens que seriam oriundas da tropa de choque de José Sarney (PMDB-AP). Sobre o senador Wellington Salgado (foto), o tucano bravejou que o “Cabelo”, apelido dado pelos colegas ao peemedebista mineiro, havia “passado dos limites”. Tasso é o segundo na linha de tiro de Sarney.

Lobby


A subsecretária de Estado dos Estados Unidos, Ellen Tauscher, e o assessor da Casa Branca para Segurança Nacional, general Jim Jones, aproveitaram o encontro ontem com senadores da Comissão de Relações Exteriores para fazer propaganda do caça F-18 Super-Hornet, com o qual a americana Boeing concorre no programa FX-2 da Força Aérea. Os americanos prometem, na reta final da disputa, a transferência de tecnologia e o uso da linha de montagem da Embraer.


Latinhas

Governador de Sergipe, Marcelo Déda(PT) inaugurou ontem, em Estância, a fábrica de latas de alumínios Arumã, terceira unidade da Crown (EUA) no país, investimento de R$ 120 milhões. Fabricará de 600 milhões a 1,2 bilhão de latas por ano.


Colher/Antes de o clima no Senado descambar para a beligerância, os democratas Heráclito Fortes (PI) e Demostenes Torres (GO) trocavam figurinhas animadamente sobre os benefícios da cirurgia de redução de estômago, pela qual passaram. O goiano perdeu 33kg. O piauiense, que fez a cirurgia recentemente, 24kg. Heráclito, que sempre foi bom garfo, almoça mingaus e papinhas.

Correntes/As correntes petistas Construindo um Novo Brasil (CNB), PT de Lutas e Massas, e Novo Rumo — as três tendências fechadas com a eleição de José Eduardo Dutra à presidência do partido — farão um ato em apoio à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República, amanhã, em São Paulo. Dilma vem demonstrando preocupação com a divisão interna do partido na disputa.

Gastos/Estudo divulgado ontem pela Assessoria Econômica do Instituto Teotônio Vilela (ITV) mostra que os gastos do governo federal com pessoal cresceram R$ 26,2 bilhões entre o primeiro semestre de 2002 — último ano do governo Fernando Henrique — e o primeiro semestre de 2009, penúltimo do governo Lula. A cada primeiro semestre do ano, o governo aumentou os gastos em 5,9%, em termos reais. Pouco mais de 27% do total gasto com pessoal civil é referente aos cargos comissionados, revela o estudo.

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