Governo já tem um boi de piranha
Vasconcelo Quadros
JORNAL DO BRASIL - 15/07/09
O governo fez barba, cabelo e ainda conseguiu engessar a CPI da Petrobras, instalada ontem com presidente (João Pedro) (foto), vice-presidente (Marcelo Crivella) e relator (Romero Jucá) da ala governista. A estratégia é burocratizar as atividades da comissão, fechando o cerco em torno dos requerimentos que serão submetidos a votação. O placar de 8 a 3 vai evitar tudo que possa causar transtorno. O Palácio do Planalto e seus líderes já sabem que o grande problema da estatal é a caixa-preta que trata dos patrocínios. Decidiram fechar a porta. O máximo que permitirão será um corte horizontal na própria carne, deixando que a oposição leve a cabeça de Wilson Santarosa – o responsável pelo setor devassado pelo TCU e, agora, boi de piranha.
Blindagem Água fria
O êxito da tropa de choque governista aliviou o presidente do Senado, José Sarney. A ofensiva o coloca como o primeiro alvo da blindagem iniciada ontem sob orientação do presidente Lula, que não quer problemas para a candidatura da ministra Dilma Rousseff. Depois, vem a Petrobras. Mas já é consenso na base governista que haverá dificuldades para explicar o repasse de R$ 1,4 milhão da estatal para a Fundação José Sarney.
A eleição do petista João Pedro para a presidência da CPI foi uma estratégia para esfriar o jogo caso a oposição se empolgue. Se aparecer uma denúncia mais bombástica do que as que já estão por aí, bastará o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, anunciar que vai reassumir sua vaga no Senado para que o tumulto seja instalado. Como João Pedro é suplente de Nascimento, seria necessária uma nova eleição. Não há no regimento do Senado nada que impeça a eleição de quem não é titular, mas a opção por João Pedro quebra uma tradição. É jogo marcado.
Agora ele quer
Seis horas antes da eleição, num debate com Heráclito Fortes (DEM-PI) pela rádio CBN, João Pedro detonou a CPI, afirmando que não havia fato determinado a ser investigado. "Todo o governo era contra, mas isso agora é passado. Vamos fazer uma investigação transparente, democrática", jura o petista. E se o ministro Alfredo Nascimento resolver voltar? "Faz uma nova eleição", diz ele. É uma CPI natimorta, empurrada goela abaixo e sem chance de defesa à oposição.
"Sacanagem"
O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) presidiu a eleição com mãos de ferro. Não permitiu apartes nem quando o candidato da oposição, Álvaro Dias (PSDB-PR), invocou o artigo 14 do regimento interno para replicar a citação de seu nome por Aloizio Mercadante. "Aqui não tem artigo 14 coisa nenhuma", respondeu Duque, chamando logo para a votação. "Era uma sacanagem", explicou Duque, que vai presidir o Conselho de Ética.
De volta ao poder
O ministro Marco Aurélio acumula neste recesso, até domingo, as presidências do Supremo Tribunal Federal, do Conselho Nacional de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral, para despachos urgentes. O presidente e o vice-presidente do STF estão na Rússia, em visita oficial. O ministro Ayres Britto, presidente do TSE, também viajou.
Aprendiz
O jogador Raí pediu ontem empenho do governador José Serra na aplicação da Lei do Aprendiz. Ao contrário de outros estados, o governo paulista preenche pouco mais de um sexto de sua capacidade de absorção. Hoje são 48.113 os aprendizes contratados. Poderiam ser 320 mil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário