Collor: esse é o cara!
O novo procurador geral da República, Roberto Gurgel, nem tomou posse ainda (pelo menos até esta quarta, 15/07), mas pode ir se preparando para entrar na roda da CPI da Petrobras, que acabou sendo finalmente instalada no Senado. Como investigador.
A CPI está nas mãos do Planalto, com oito integrantes da bancada governista, incluindo presidente e relator do PMDB e do PT, e só três da oposição. O grande risco é não servir nem para inglês ver.
Assim, a estratégia do PSDB e do DEM é atacar em várias frentes: os requerimentos irão para a CPI, para a Mesa do Senado e para o novo procurador Gurgel, a quem caberá instaurar inquérito, caso surja algum fato que assim justifique.
Ou seja: o objetivo da oposição é usar os instrumentos da CPI para buscar o maior número de informações sobre o que anda acontecendo na maior estatal do país, mas recorrendo a outras instâncias para tentar levar as investigações adiante.
Além disso, CPIs são palcos e atraem holofotes. Quanto mais teatro, melhor. E uma cena cômica (ou dramática?) foi a disputa da oposição e do governo pela simpatia de... Fernando Collor de Melo, que caiu da Presidência em função exatamente de CPIs. Se ele for para o lado oposicionista, o placar muda para 7 a 4. O mais provável é que oscile entre um lado e outro.
Lula foi rápido: botou Collor debaixo do braço e não apenas o levou para solenidades em Alagoas como ficou de tititi com ele diante dos fotógrafos. Enquanto, em Brasília, o demo José Agripino Maia e o tucano Arthur Virgílio tentavam articular a candidatura dele, Collor, para presidir a CPI. Imagina se colou? Com aquela maioria governista?!
Sendo assim, a oposição vai tocando o barco como dá. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um dos que se dizem mais animados, já tem prontos uns 40 requerimentos para a comissão, para levantar contratos duvidosos, conclusões de velhas sindicâncias, novas frentes de investigação e já abrir a lista de depoimentos.
Mas, cá para nós, nem ele parece tão convencido assim de que a CPI será para valer, como nos velhos tempos. Aqueles tempos em que Collor, em vez de membro da CPI, como agora, era alvo delas --e do PT que agora defende.
A CPI da Petrobras, criada oficialmente para remexer maracutaias da maior e mais conhecida estatal brasileira no exterior, nasce, assim, desequilibrada pró-governo e anti-investigação. E ainda por cima tem o efeito de surrupiar parte do espaço da mídia para os escândalos do Senado e as investigações autônomas contra os Sarney.
Definitivamente, já não se fazem mais CPIs como antigamente...
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