FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/09
Afora múltis, maiores exportadoras são estatais ou tiveram mãozinha do Estado, como deve ter a Brasil Foods |
A LISTA DAS maiores empresas exportadoras do Brasil revela muito do que foi e ainda é a formação e a propriedade do grande capital no país. As três líderes na exportação são ou foram estatais, criadas pelo Estado quando não havia investimento privado em seus setores: Petrobras, Vale e Embraer (se algumas dessas empresas vieram a se tornar monopolistas ineficientes, ou quase isso, é outra história). Outras quatro das maiores exportadoras de 2008 são processadoras e "tradings" de commodities agrícolas (soja e outros grãos, álcool, açúcar, laranja, algodão). Trata-se de múltis como Bunge (4º lugar), ADM (5º), Cargill (8º) e Louis Dreyfus (13º), que tiveram a perspicácia, digamos, de investir nos frutos da produtiva agricultura tropical brasileira, outra iniciativa em grande parte tocada pelo Estado. Isto é, trata-se da pesquisa da Embrapa, da universidade e outros institutos públicos.
Sadia e Perdigão, ora fundidas ou algo assim, ocupavam respectivamente o 6º e o 11º lugar nesse ranking. A Sadia foi uma iniciativa privada "tout court", a princípio obra do pequeno empreendedorismo. A Perdigão, mais ou menos, mas mais adiante tornou-se paraestatal, digamos, de posse de fundos de pensão de estatais. Agora, o BNDES admite oficialmente o segredo de polichinelo de que vai comprar ações da futura nova empresa. O banco estatal vai assumir, pois, o papel de sócio que vai capitalizar a nova companhia, que começa abalada pela dívida deixada pelos desastrosos prejuízos da Sadia com aventuras cambiais.
Deixem-se de lado, por ora, a conveniência e a oportunidade da eventual participação do BNDES na Brasil Foods. Interessa aqui notar mais um caso da participação do Estado na criação, nas fusões e na ascensão de várias empresas "top" do país.
A maior produtora de carnes do mundo, a JBS-Friboi (21º do ranking), é tão grande devido em parte ao auxílio financeiro de seu sócio BNDES. O banco estatal é ainda sócio do frigorífico (e empresas de alimento) Bertin (26º). O BNDES também deu o "maior apoio" à compra da Aracruz (27º) pela Votorantim (sócia do banco estatal), parte de um grupo também prejudicado pelos derivativos cambiais catastróficos.
A Braskem (23º), petroquímica da Odebrecht, é sócia da Petrobras. A Suzano (22º) tem participação de um fundo de pensão paraestatal (Previ). Há outros "cases" de origens estatais. A ArcellorMittal (com empresas no 12º e 25º lugar) era a estatal Companhia Siderúrgica de Tubarão. A Alunorte (18º), foi um projeto da ditadura, da então estatal Vale com os japoneses (ainda é da Vale e sócios). A Samarco (8º), mineradora de ferro, é da Vale e da BHP.
Entre as outras 30 maiores exportadoras, que fizeram 43% do valor das exportações do país no ano passado, a maioria é de multinacionais (cinco montadoras de veículos, a Shell, a Motorola e a Caterpillar).
Certamente a capacidade empresarial privada transformou dinossauros estatais em empresas de ponta. Outras empresas da lista acima, muitas delas familiares, foram socorridas pelo Estado quando tropeçaram ou precisaram crescer. Mas, examinando o ranking da exportação, veem-se genes estatais em quase todos os pedigrees da grande empresa nacional -e até no das múltis.
Sadia e Perdigão, ora fundidas ou algo assim, ocupavam respectivamente o 6º e o 11º lugar nesse ranking. A Sadia foi uma iniciativa privada "tout court", a princípio obra do pequeno empreendedorismo. A Perdigão, mais ou menos, mas mais adiante tornou-se paraestatal, digamos, de posse de fundos de pensão de estatais. Agora, o BNDES admite oficialmente o segredo de polichinelo de que vai comprar ações da futura nova empresa. O banco estatal vai assumir, pois, o papel de sócio que vai capitalizar a nova companhia, que começa abalada pela dívida deixada pelos desastrosos prejuízos da Sadia com aventuras cambiais.
Deixem-se de lado, por ora, a conveniência e a oportunidade da eventual participação do BNDES na Brasil Foods. Interessa aqui notar mais um caso da participação do Estado na criação, nas fusões e na ascensão de várias empresas "top" do país.
A maior produtora de carnes do mundo, a JBS-Friboi (21º do ranking), é tão grande devido em parte ao auxílio financeiro de seu sócio BNDES. O banco estatal é ainda sócio do frigorífico (e empresas de alimento) Bertin (26º). O BNDES também deu o "maior apoio" à compra da Aracruz (27º) pela Votorantim (sócia do banco estatal), parte de um grupo também prejudicado pelos derivativos cambiais catastróficos.
A Braskem (23º), petroquímica da Odebrecht, é sócia da Petrobras. A Suzano (22º) tem participação de um fundo de pensão paraestatal (Previ). Há outros "cases" de origens estatais. A ArcellorMittal (com empresas no 12º e 25º lugar) era a estatal Companhia Siderúrgica de Tubarão. A Alunorte (18º), foi um projeto da ditadura, da então estatal Vale com os japoneses (ainda é da Vale e sócios). A Samarco (8º), mineradora de ferro, é da Vale e da BHP.
Entre as outras 30 maiores exportadoras, que fizeram 43% do valor das exportações do país no ano passado, a maioria é de multinacionais (cinco montadoras de veículos, a Shell, a Motorola e a Caterpillar).
Certamente a capacidade empresarial privada transformou dinossauros estatais em empresas de ponta. Outras empresas da lista acima, muitas delas familiares, foram socorridas pelo Estado quando tropeçaram ou precisaram crescer. Mas, examinando o ranking da exportação, veem-se genes estatais em quase todos os pedigrees da grande empresa nacional -e até no das múltis.
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