FOLHA DE SÃO PAULO - 27/05/09
Depois de se formar em educação física e decidir assumir a homossexualidade, Cida Araújo escolheu o local para abrir o seu negócio -e aí começariam os problemas. "Fui ingênua, não sabia onde estava entrando."
O local escolhido para o bar, chamado de Farol Madalena, fica entre um prédio de classe média e um templo budista, em frente a um fórum e uma escola pública. Como o ponto logo ficou badalado, vieram reclamações do prédio.
As reclamações se concretizavam das mais diversas formas: ovos, sacos plásticos com água, garrafas de cândida, além de fiscais e carros da polícia.
"Numa única noite, tive de enfrentar a visita de cinco carros da polícia. Certa vez, chorei no ombro de um fiscal.
"
A pressão acabou afetando sua saúde por causa do estresse. "Poderíamos fechar a qualquer momento, apesar de estarmos com a papelada em dia."
Fez os reparos para reduzir o barulho -até porque, exatamente do seu lado, meditavam os budistas com seus silenciosos mantras.
O jogo pesado, porém, era do prédio, que decidiu entrar na Justiça contra o Farol Madalena, alegando distúrbio da ordem.
Em todos esses anos, o advogado de defesa sustentou que, por trás da ação, havia preconceito contra homossexuais.
Neste mês, veio, enfim, a decisão judicial. Só agora, numa conversa sobre a sentença, Cida Araújo se deu conta do significado de estar numa rua chamada Jericó, centro de uma batalha épica descrita na Bíblia, quando foram derrubadas muralhas.
Nesta semana, o Metrô inaugurou uma exposição de fotos com os personagens que compõem o espírito da Vila Madalena -em que foi incluída a imagem de Cida Araújo em seu bar. "Do meu jeito, derrubei algumas muralhas", brinca.
PS - Uma seleção das fotos da exposição na estação Vila Madalena pode ser vista no catracalivre.com.br.
A guerra só acabou quando, após 12 anos, saiu a sentença de que Cida Araújo tinha o direito de manter o seu bar |
QUANDO tinha 24 anos, em 1997, Maria Aparecida (Cida) Araújo decidiu assumir publicamente que era gay e apostar todas as suas economias em abrir um bar para a clientela de lésbicas.
Duas decisões já difíceis para quem tinha pouco dinheiro e cuja família, conservadora, veio do interior. Não sabia que estava entrando numa guerra.
"Foram tantas as dificuldades que pensei diversas vezes em desistir. Se soubesse o que viria pela frente, nem começaria."
A guerra só acabou definitivamente neste mês, quando, depois de 12 anos de processo judicial, saiu a sentença de que Cida Araújo tinha o direito de manter o seu bar.
Duas decisões já difíceis para quem tinha pouco dinheiro e cuja família, conservadora, veio do interior. Não sabia que estava entrando numa guerra.
"Foram tantas as dificuldades que pensei diversas vezes em desistir. Se soubesse o que viria pela frente, nem começaria."
A guerra só acabou definitivamente neste mês, quando, depois de 12 anos de processo judicial, saiu a sentença de que Cida Araújo tinha o direito de manter o seu bar.
Depois de se formar em educação física e decidir assumir a homossexualidade, Cida Araújo escolheu o local para abrir o seu negócio -e aí começariam os problemas. "Fui ingênua, não sabia onde estava entrando."
O local escolhido para o bar, chamado de Farol Madalena, fica entre um prédio de classe média e um templo budista, em frente a um fórum e uma escola pública. Como o ponto logo ficou badalado, vieram reclamações do prédio.
As reclamações se concretizavam das mais diversas formas: ovos, sacos plásticos com água, garrafas de cândida, além de fiscais e carros da polícia.
"Numa única noite, tive de enfrentar a visita de cinco carros da polícia. Certa vez, chorei no ombro de um fiscal.
"
A pressão acabou afetando sua saúde por causa do estresse. "Poderíamos fechar a qualquer momento, apesar de estarmos com a papelada em dia."
Fez os reparos para reduzir o barulho -até porque, exatamente do seu lado, meditavam os budistas com seus silenciosos mantras.
O jogo pesado, porém, era do prédio, que decidiu entrar na Justiça contra o Farol Madalena, alegando distúrbio da ordem.
Em todos esses anos, o advogado de defesa sustentou que, por trás da ação, havia preconceito contra homossexuais.
Neste mês, veio, enfim, a decisão judicial. Só agora, numa conversa sobre a sentença, Cida Araújo se deu conta do significado de estar numa rua chamada Jericó, centro de uma batalha épica descrita na Bíblia, quando foram derrubadas muralhas.
Nesta semana, o Metrô inaugurou uma exposição de fotos com os personagens que compõem o espírito da Vila Madalena -em que foi incluída a imagem de Cida Araújo em seu bar. "Do meu jeito, derrubei algumas muralhas", brinca.
PS - Uma seleção das fotos da exposição na estação Vila Madalena pode ser vista no catracalivre.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário