quarta-feira, maio 27, 2009

ARI CUNHA

Respeito à Petrobras


Correio Braziliense - 27/05/2009
 


Tudo que corre pelo Congresso conduz algo de desagregação. A CPI da Petrobras está cheia de comportamentos impróprios. O governo quer dirigir a orquestra e se contrapõe aos músicos. “Tem caroço embaixo desse angu.” Há que se respeitar a Petrobras. Ela nasceu de movimento patriótico que tomava as ruas do país. Muitos de nós levamos cassetetes de madeira na cabeça. O sangue corria. Agressões dos cabeças de galo-de-campina eram violentas. O protesto era livre, comícios proibidos eram realizados e dissolvidos à força, como exemplo aos defensores da ideia. “O petróleo é nosso”, era o custo da luta. Rubem Azevedo Lima, neste jornal, chamou à honra a Petrobras para lembrar Monteiro Lobato, Horta Barbosa, Juarez Távora, Leônidas Cardoso, Levy Cardoso, Arthur Bernardes, Alberto Pasqualini e Euzébio Rocha, que apoiaram o substitutivo ao projeto de Vargas e de Jesus Soares Pereira, criadores da Petrobras em 1953. A Petrobras não deve ser entregue à força política. Representa o espírito do desenvolvimento que o país honra para valer o esforço da companhia para ser brasileira.


A frase que foi pronunciada

“O Banco Central tem sinalizado que vai dar continuidade à queda dos juros (...), mas temos que reduzir mais fortemente o spread de todos os bancos, privados ou públicos.”
Guido Mantega, ministro da Fazenda.


Impunes 
Organizações não governamentais nada têm a ver com o poder. Como não prestam contas, absorvem verbas do governo e fica por isso. A Petrobras repassou R$ 609 milhões sem licitação para financiar 1.100 contratos com ONGs, patrocínios, festas e congressos nos últimos 12 meses. Análise de outros processos mostra repasse de R$ 317 mil à empresa de Carlos Pontes, suplente de vereador em Duque de Caxias, sem prestação de contas. 

Cachaça 
Depois que a bebida nacional ficou nobre, há fabricantes que abusam dos preços. O desaforo chega a vender meio litro ao valor superior a seis litros de scotch. O uísque tem produção organizada e os fabricantes produzem e vendem a safra para cobrir os impostos e passarem bem. Nesse caso, há família em Salinas que ganha mais do que necessita para produzir bom gole da bebida nacional. 

Irregulares 
Não está entre as melhores do mundo a administração do Aeroporto do Galeão. Cento e sete lojas ocupadas irregularmente serão punidas. Detalhes à parte, terão de fazer cadastro e pagar acesso à internet. A Infraero acordou fora do tempo. 

Cai o aço 
Aço bruto obteve em abril queda de 40,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. A informação é do Instituto Brasileiro de Siderurgia. Diz mais: que no primeiro quadrimestre a produção caiu 31,7%. Já as vendas internas caíram 36,9% sobre abril do ano passado. 

Equilíbrio 
Para o presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos, André Castro, “a balança da Justiça não anda muito equilibrada, faz tempo. O número de defensores públicos é menos de um terço do número de juízes e promotores. Um cidadão pode ter o direito de ser acusado pelo Estado. Mas, se for humilde, não poderá ser defendido pelo Estado”, concluiu. 

Construtoras 
Brasília sabe que o disparate de preços dos imóveis pode causar explosão nos créditos da cidade. Por precaução, a Caixa Econômica concede créditos para a casa própria, desde que por intermédio das empresas construtoras. Com isso, o morador fica preso a compromissos e a inadimplência pode vir em catapultas que superem a força da lei imposta pela Caixa. 

Urbanismo 
Quando o governo quer, realiza. O trânsito em Seul era horrível e está sendo consertado. A margem do rio se transformou em jardins e calmaria. Foram abertos túneis em todas as direções. Em Boston, EUA, o barulho dos carros foi substituído pelos passarinhos. Pistas subterrâneas passam pelos túneis quando as direções são para longe. Os carros da cidade têm entradas e saídas, tudo controlado pelo trânsito, que hoje é quase paradisíaco.

História de Brasília


Perguntado por um repórter se a cidade estava como ele planejara, limitou-se a esta resposta: “Melhor do que eu esperava. São mais loucos do que eu”. (Publicado em 1/2/1961)

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