O "eixo do mal" da era Bush começa a esfarelar. Não só com os novos rumos dos Estados Unidos com Obama, mas com a popularização do Irã, tido como inimigo de judeus, homossexuais, feministas, evangélicos e Bahá"ís. E cheio de mistificações.
O Irã não é árabe, é persa. Tecnicamente, não tem ditadura, e sim uma "república teocrática", com eleições de quatro em quatro anos. E o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, vai disputar a reeleição em 12 de junho fazendo como todo líder faz nessas horas: falará mais para "dentro" do que para "fora" do país. Ou seja, deverá radicalizar o discurso até lá. Depois tenderá a recuar. O Irã assusta com seu programa nuclear, seus mísseis, seu antissemitismo, e Ahmadinejad afugentou oito delegações na última reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU ao questionar o Holocausto e acusar Israel de racista. É um absurdo e vai ter de mudar. Ahmadinejad vem na quarta para se encontrar com Lula e ampliar sua presença na América Latina, onde já encontra guarida -ou calorosa acolhida- na Venezuela de Chávez. Mas não confunda. Washington trata Teerã como inimiga. Caracas a trata como amigona. E o Brasil não quer nem uma coisa nem outra. Quer ratificar a sua política externa independente das grandes potências (leia-se: dos EUA) e contrária a isolamentos. Isolar é atiçar o pior das pessoas e dos países. Incluir é neutralizar ímpetos e aventuras. Como o Brasil faz com a própria Venezuela. O Irã era o maior exportador do Brasil no Oriente Médio, mas as vendas despencaram em 2008, em função do bloqueio internacional de crédito. A vinda de Ahmadinejad não muda nada do dia para a noite, mas pode reforçar o protagonismo que o Brasil e Lula almejam e abrir espaço para a inserção (e a adaptação) do Irã no (e ao) mundo. O Irã precisa de crédito; o mundo, de paz. Os protestos? Lula tira de letra. |
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