FOLHA DE SÃO PAULO - 03/05/09
Por isso, mulheres que se acham feias, partam para a luta, pois no mundo há lugar para todas, bonitas ou feias |
VINICIUS já dizia: "as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Ele tem razão -em parte. Quem não sabe que na escolha de uma secretária, em igualdade de condições, ganha o emprego a mais bonita? Quem não sabe que os homens babam pelas mulheres bonitas, que nem precisam ser muito inteligentes ou ter charme?
Numa praça cheia de crianças brincando, logo se faz uma festinha na cabeça de uma delas, de preferência a loirinha de olhos azuis, dizendo "que linda". E as atrizes de cinema, em sua maioria, são todas deusas de beleza, a não ser aquelas que existem para fazer o papel de más, ou só de feias mesmo. E das manequins, nem se fala. Será preconceito? Não se pode ser feia neste mundo? A resposta era não, até que aconteceu Susan Boyle.
Para quem não sabe -e devem ser poucos-, essa mulher de 47 anos saiu de um vilarejo na Escócia para se apresentar num programa de calouros. Ela era feia, muito feia, os cabelos penteados de maneira inexplicável, mal vestida, e confessou antes de cantar que, além de ser solteira, nunca tinha beijado ninguém. O auditório e o júri riram; um riso debochado, quase de desprezo. E afinal, dizer que uma mulher é feia beira o politicamente incorreto.
Mas não dá para negar que o preconceito existe. A não ser que a feiúra seja compensada pelo dinheiro, pelo poder ou por um grande talento, em qualquer lugar onde existam muitas pessoas, as feias -e estou falando sobretudo das mulheres- ficarão num canto, sem ter nem com quem conversar.
Voltando a Susan Boyle; ela ouviu todos os risinhos da plateia, não se apavorou, e quando abriu a boca para cantar, foi um espanto, porque ela tinha uma voz simplesmente maravilhosa. Se fosse uma mulher linda com aquela voz, seria um espetáculo quase banal, mas sendo feia como ela é, foi uma apoteose, e detalhe: todos se esqueceram de sua feiúra.
E penso em quantas mulheres feias devem ter seus talentos, mas lhes falta coragem para se expor, mostrá-los publicamente. E como suas vidas poderiam ser diferentes, mais felizes, se elas tivessem essa coragem (e também se não houvesse esse cruel preconceito com as pessoas feias).
A vida de Susan Boyle vai mudar; vão produzi-la, vesti-la, e ela provavelmente vai virar uma estrela e arranjar logo logo um marido. Será mais feliz, quando tudo isso acontecer? Talvez sim, talvez não, porque as mulheres de grande sucesso nem sempre são felizes.
Mas essa mulher corajosa deu uma grande lição ao mundo em geral e às mulheres feias em particular: que elas descubram seus talentos -todo mundo costuma ter algum- e os mostre ao mundo sem nenhum constrangimento ou pudor. E o que é a beleza, afinal? Apenas um conceito, a palavra da moda. Porque o que era bonito há 200 anos é feio atualmente, e o que é bonito hoje será medonho daqui a 200 anos.
Por isso, mulheres que se acham feias, deixem de lado o medo e partam para a luta, pois neste mundo há lugar para todas, bonitas ou feias; Susan Boyle não encontrou o seu?
Numa praça cheia de crianças brincando, logo se faz uma festinha na cabeça de uma delas, de preferência a loirinha de olhos azuis, dizendo "que linda". E as atrizes de cinema, em sua maioria, são todas deusas de beleza, a não ser aquelas que existem para fazer o papel de más, ou só de feias mesmo. E das manequins, nem se fala. Será preconceito? Não se pode ser feia neste mundo? A resposta era não, até que aconteceu Susan Boyle.
Para quem não sabe -e devem ser poucos-, essa mulher de 47 anos saiu de um vilarejo na Escócia para se apresentar num programa de calouros. Ela era feia, muito feia, os cabelos penteados de maneira inexplicável, mal vestida, e confessou antes de cantar que, além de ser solteira, nunca tinha beijado ninguém. O auditório e o júri riram; um riso debochado, quase de desprezo. E afinal, dizer que uma mulher é feia beira o politicamente incorreto.
Mas não dá para negar que o preconceito existe. A não ser que a feiúra seja compensada pelo dinheiro, pelo poder ou por um grande talento, em qualquer lugar onde existam muitas pessoas, as feias -e estou falando sobretudo das mulheres- ficarão num canto, sem ter nem com quem conversar.
Voltando a Susan Boyle; ela ouviu todos os risinhos da plateia, não se apavorou, e quando abriu a boca para cantar, foi um espanto, porque ela tinha uma voz simplesmente maravilhosa. Se fosse uma mulher linda com aquela voz, seria um espetáculo quase banal, mas sendo feia como ela é, foi uma apoteose, e detalhe: todos se esqueceram de sua feiúra.
E penso em quantas mulheres feias devem ter seus talentos, mas lhes falta coragem para se expor, mostrá-los publicamente. E como suas vidas poderiam ser diferentes, mais felizes, se elas tivessem essa coragem (e também se não houvesse esse cruel preconceito com as pessoas feias).
A vida de Susan Boyle vai mudar; vão produzi-la, vesti-la, e ela provavelmente vai virar uma estrela e arranjar logo logo um marido. Será mais feliz, quando tudo isso acontecer? Talvez sim, talvez não, porque as mulheres de grande sucesso nem sempre são felizes.
Mas essa mulher corajosa deu uma grande lição ao mundo em geral e às mulheres feias em particular: que elas descubram seus talentos -todo mundo costuma ter algum- e os mostre ao mundo sem nenhum constrangimento ou pudor. E o que é a beleza, afinal? Apenas um conceito, a palavra da moda. Porque o que era bonito há 200 anos é feio atualmente, e o que é bonito hoje será medonho daqui a 200 anos.
Por isso, mulheres que se acham feias, deixem de lado o medo e partam para a luta, pois neste mundo há lugar para todas, bonitas ou feias; Susan Boyle não encontrou o seu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário