FOLHA DE SÃO PAULO - 29/04/09
RIO DE JANEIRO - O Tribunal de Justiça do Rio autorizou a realização de uma marcha da maconha em Ipanema, no próximo dia 9. Em nome da liberdade de expressão, fez bem. Não tem sentido proibir que os adeptos da maconha façam uma passeata exigindo sua liberação quando as pessoas já a fumam às claras, na praia, na esquina e em qualquer lugar.
Mesmo porque, se for como as anteriores, a marcha não deverá passar de 200 ou 300 gatos pingados, que são os militantes da liberação -pessoas sinceramente convencidas de que, com a maconha legalizada, os traficantes perderão a razão de ser e terão de se dedicar a vender pentes na Rua Larga ou churrasquinho na Central do Brasil. Não se cogita que, com a erva na legalidade, eles se concentrarão nos outros itens que já oferecem: ácido, cocaína e crack.
Seja como for, a marcha da maconha, por mais insignificante, será um tópico do noticiário, antes, durante e depois da sua realização. É um evento confortável: dar-se-á num sábado de manhã, a tempo de pegar os jornais de domingo, e atrairá uma galera exótica e colorida, garantindo boas fotos. E será em Ipanema, onde já há uma tolerância natural pelo produto. Pena que seus organizadores não a programassem para a Maré ou o Alemão.
O que me pergunto é como seria se 200 ou 300 incautos resolvessem fazer uma marcha a favor do cigarro comercial. Aposto que levariam todo o trajeto sendo ofendidos pelos antitabagistas -se chegassem a fazer a passeata, já que passariam a semana anterior sendo atacados em artigos e cartas para o jornal.
Os inimigos do cigarro devem achar que maconha é um negócio para passar na pele ou beber de canudinho -e não para acender, queimar e engolir fumaça, exatamente como o Marlboro, o Hollywood ou o antigo Liberty Ovais.
RIO DE JANEIRO - O Tribunal de Justiça do Rio autorizou a realização de uma marcha da maconha em Ipanema, no próximo dia 9. Em nome da liberdade de expressão, fez bem. Não tem sentido proibir que os adeptos da maconha façam uma passeata exigindo sua liberação quando as pessoas já a fumam às claras, na praia, na esquina e em qualquer lugar.
Mesmo porque, se for como as anteriores, a marcha não deverá passar de 200 ou 300 gatos pingados, que são os militantes da liberação -pessoas sinceramente convencidas de que, com a maconha legalizada, os traficantes perderão a razão de ser e terão de se dedicar a vender pentes na Rua Larga ou churrasquinho na Central do Brasil. Não se cogita que, com a erva na legalidade, eles se concentrarão nos outros itens que já oferecem: ácido, cocaína e crack.
Seja como for, a marcha da maconha, por mais insignificante, será um tópico do noticiário, antes, durante e depois da sua realização. É um evento confortável: dar-se-á num sábado de manhã, a tempo de pegar os jornais de domingo, e atrairá uma galera exótica e colorida, garantindo boas fotos. E será em Ipanema, onde já há uma tolerância natural pelo produto. Pena que seus organizadores não a programassem para a Maré ou o Alemão.
O que me pergunto é como seria se 200 ou 300 incautos resolvessem fazer uma marcha a favor do cigarro comercial. Aposto que levariam todo o trajeto sendo ofendidos pelos antitabagistas -se chegassem a fazer a passeata, já que passariam a semana anterior sendo atacados em artigos e cartas para o jornal.
Os inimigos do cigarro devem achar que maconha é um negócio para passar na pele ou beber de canudinho -e não para acender, queimar e engolir fumaça, exatamente como o Marlboro, o Hollywood ou o antigo Liberty Ovais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário