quarta-feira, março 27, 2013

À direita de Guido - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 27/03

O BC está à direita do Ministério da Fazenda. Pelo menos foi o que disse Guido Mantega ontem ao abrir os trabalhos na reunião dos Brics, em Durban, na África do Sul.

O ministro da Fazenda, bem-humorado, apresentou assim o presidente do BC, Alexandre Tombini:

— À minha direita, sempre à minha direita, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Caixa forte
A diretoria do BNDES aprovou ontem R$ 4,3 bilhões para o governo do Rio. O dinheiro é para a linha 4 do metrô.

É o maior financiamento da história do banco a um estado brasileiro.

Mão grande
A 5ª Câmara Cível do Rio condenou a Stroke a indenizar em R$ 20 mil os herdeiros e coproprietários dos direitos intelectuais do poeta Manuel Bandeira.

Eles alegam que a empresa
utilizou, sem autorização, o poema “Natal” em seu catálogo publicitário de roupas. Dizem também que a grife trocou o título para “Amizade”.

Os cafajestes
Três rapazes bem-arrumados estavam saindo de uma boate na madrugada de domingo, na Rua Humaitá, no Rio, quando viram uma moto da Dominós, a pizzaria, estacionada na calçada.
Aproveitaram a distração do entregador e roubaram quatro pizzas que estavam na caçamba. O rapaz, coitado, ficou arrasado.

No mais
É como diz Beto Silva, o Casseta, no Facebook: “Feliciano continua na comissão de direitos humanos. Quer dizer continua na comissão, os direitos humanos caíram fora.”
Francamente.


 Vizinhança dourada
Um apartamento de 400 metros quadrados na Avenida Vieira Souto, esquina com Rua Vinicius de Moraes, em Ipanema, está à venda por R$16 milhões.

Aliás...
Uma pesquisa da Imobiliária Apsa mostra o quanto o Rio é mais valorizado que São Paulo.

O metro quadrado na Vila Nova Conceição chega a R$ 10 mil, mas no Leblon custa o dobro.

Bar Catedral
Acabou de sair pela Alfaguara, uma nova tradução do livro de Vargas Llosa, só que com o título modificado. Trata-se de “Conversa no Catedral”.

Os tradutores Paulina e Ari Roitman corrigiram a ideia que o título anterior sugeria, de que a tal conversa transcorria na catedral. “La Catedral” é, na verdade, o nome de um bar em Lima, onde os personagens se encontram.

Utopia e sexo
A diretora Lúcia Murat lança em junho seu filme “A memória que me conta”, com o ator italiano Franco Nero.

O filme é sobre utopias derrotadas, terrorismo e comportamento sexual.

Crime e castigo
Lembra o caso de Beatriz da Silva Cunha, de 34 anos, a falsa psicóloga que atendia crianças autistas, em Botafogo?
O juiz Alcides da Fonseca Neto, da 11ª Vara Criminal do Rio, condenou-a a sete anos e meio de prisão em regime semiaberto.

Futebol 3D
Carlos Alberto Parreira será o garoto-propaganda de um aplicativo 3D que a espanhola Futbol Tactico lança mês que vem aqui.
A empresa está investindo R$ 2,6 milhões na divulgação. O produto auxila técnicos a melhorar o desempenho de seus jogadores.

Lágrima de sambista
A Páscoa está chegando. Mas, até agora, o show que sambistas fizeram no Terreirão do Samba, no carnaval, não foi pago.
A prefeitura vive dizendo que vai pagar, mas, até agora, nem sinal.

Crepúsculo carioca
A aposentada Rosa Inês Treiger, moradora de Jacarepaguá, no Rio, reparou que, a cada dia, aparecia um machucado em sua cadela Jade, de 13 anos. A labrador, tadinha, vinha sendo atacada por um morcego.
Rosa recorreu à uma ONG de defesa dos animais e o “vampiro” foi capturado semana passada. Ufa!

Mundo da moda
A grife Maria Filó comprou a marca Filhas de Gaia.

Cena carioca
Um menino de 7 anos ganhou na semana passada a plateia da reunião de pais do primeiro ano fundamental do tradicional Colégio São Bento, onde os alunos têm crachá no estilo empresarial.

Diante do grande crucifixo que o abade D. Filipi leva no pescoço, o menino mandou esta:

— Caraca! O seu crachá é maneiro!

Apegos - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 27/03

Dizem alguns filósofos e também os budistas: o apego é a causa de todas as nossas dores emocionais. Concordo, mas faço ressalvas. O apego também provoca inúmeras alegrias e satisfações. Não faz sentido evitar filhos, paixões e amizades a fim de se proteger de tristezas, preocupações e frustrações. Passar uma vida inteira desapegada das pessoas seria entregar-se ao vazio existencial – e nunca ouvi dizer que isso gerasse bem-estar. Desapegar-se em troca de paz é uma falácia, só demonstra covardia de viver.

Não haveria um caminho do meio? Xeretando ainda mais os livros de filosofia, encontrei algo do romeno Cioran que me pareceu chegar bem perto de uma saída para o impasse. Diz ele que a única forma de viver sem drama é suportar os defeitos dos demais sem pretender que sejam corrigidos.

Eis aí uma fórmula bem razoável para não se estressar. Apegue-se, tudo bem, mas com 100% de tolerância. Em tese, é perfeito.

Em menos de poucos segundos, consigo listar tudo o que me incomoda nas pessoas que mais amo. Conseguiria listar também o que me faz amá-las, é claro, mas o ser humano veio com um chip do contra: os defeitos dos outros sempre parecem mais significativos do que suas qualidades. Depois de um longo tempo de convívio, aquilo que nos exaspera torna-se mais relevante do que aquilo que nos extasia.

Pois a recomendação é: exaspere-se, mas saiba que não vai adiantar. Nada do que você disser, nenhuma cobrança, nenhum discurso, nenhuma novena, nada fará com que os defeitos do seu pai, da sua mãe, do seu marido, da sua mulher ou dos seus filhos desapareçam num passe de mágica. Assim como os seus também jamais evaporarão, por mais que os outros rezem e supliquem pra você deixar de ser tão ........... (preencha os pontinhos). Você é capaz de reconhecer seu defeito mais insuportável?

Só mesmo passando uma longa temporada num mosteiro do Tibete para desenvolver a capacidade de aceitar tudo o que nos tira do sério. Seu filho indiferente, seu marido pão-duro, sua mãe mal-humorada, sua amiga carente, seu chefe durão, seu zelador folgado, sua irmã fofoqueira, seu colega chatonildo – imagine que paraíso se pudéssemos relevar essas e tantas outras diferenças, comungando com os defeitos alheios sem nunca mais esperar que os outros mudem. Deixar de esperar é uma libertação.

Pois não espere mesmo, pois ninguém vai mudar nem um bocadinho. Nem você, nem aqueles que você tanto ama, por mais que você pense que é fácil alguém deixar de ser ranzinza, orgulhoso ou o que for. Aceite todos como são e, aleluia: drama, nunca mais. Se conseguir, tem um troféu esperando por você, além de prêmio em dinheiro e uma foto autografada do Buda.

O psicopata americano - NINA HORTA

FOLHA DE SP - 29/03

No café da manhã do nosso americano, sarado, rico e psicopata, tem muffin de cevada e cereal de aveia


De repente, me lembrei de um livro que li há muitos anos. Minto. Tentei ler e achei tão esquisito, tão fora de propósito, que larguei. É o "Psicopata Americano", de Bret Ellis. Saiu em 1991. Suponhamos que demorou dois anos para ser escrito e publicado, logo já tem uns 25 anos.

Lembro-me de que não devo ter entendido o livro, que só falava em grifes de roupas e comidas, extremamente superficial (de propósito) e violento. Mas, lá no fundo do cérebro, sabia que ele tratava muito de comida e fui dar uma relida.

Para espanto total, o livro que eu tanto estranhei virou quase normal para mim. É como se eu estivesse lendo a "Vogue" misturada com Tarantino. Nem estranhei nada e ainda me interessei e fui até o fim.

Sinal de que o horror da superficialidade e da falta de valores já não se faz estranho, vai mal!

Mas eu estava certa quanto à comida. Já se comia em Nova York o que se come ainda hoje nos restaurantes chiques. O dia e a noite dos personagens giram em torno de almoços e jantares, o status de se conseguir lugar com o maître e a posição da mesa. (Os maîtres eram mais importantes que os chefs.)

A primeira comida que aparece é na casa de uma amiga do psicopata, que serve sushi. Na hora da sobremesa, ela oferece sorbets de kiwi, carambola, figo e pera d'água.

Um desavisado pede sorbet de chocolate e cai na desgraça. Não é o que deveria pedir, errado ou exótico demais. E, ainda por cima, confundiu cappuccino com carpaccio.

No dia seguinte, o café da manhã do nosso americano, bonito, sarado, branco, rico e psicopata, é: um muffin de cevada com manteiga de maçã. Uma tigela de cereal de aveia com germe de trigo e leite de soja. Uma garrafinha de água Evian e uma xicrinha de café descafeinado. Uma xícara de chá de maçã e canela descafeinado.

No almoço (eles já usam muito o guia "Zagat"), conseguem um lugar num restaurante de "pós-Califórnia cuisine". O protagonista já sabe como vai ser: canos expostos, cozinha aparente, pizza feita na vista dos clientes, burritos com vieiras, torradas de wasabi, fusilli e queijo brie com azeite.

Ele pede radicchio com lula e ragu de tamboril com violetas, e o chef os presenteia com pipoca "cajun" e também com um vermelho queimado de um lado só, "medium rare". (Lembram-se dessa mania que deu aqui também por causa do chef do sul dos EUA Paul Prudhomme, que fazia o peixe na grelha, de um lado só, até queimar?)

Um jantar de negócios: boudin branco, frango assado e cheesecake. (A palavra cheesecake soa mal para um deles, é muito comum, fica confuso: "O quê? Cheesecake de que sabor? Quente? Cheesecake de ricota? De queijo de cabra? Enfeitado com flores ou com coentro?")

Éramos assim há mais de 20 anos. Vamos andando ou paramos no mesmo lugar? Como o ser humano é engraçado! Como somos engraçados e excêntricos! O tanto que podemos nos preocupar com comida e suas modas... Tem muito pano pra manga nessas manias, hora de repensar. Eva e Adão já com a maçã. E nós atrás com sopinha de abacaxi esferificado. Quem sabe seja tudo sobre a árvore do bem e do mal?

Mais fôlego - SONIA RACY

O ESTADÃO - 27/03

O governo vai prorrogar a redução da alíquota do IPI para automóveis – que vence dia 31.

Desde que a Fazenda derrubou o imposto, em maio do ano passado, já houve quatro prorrogações.

Me dê motivo…
Pelo que se apurou, foram três os argumentos usados por Aécio para convencer Alckmin a mudar de posição e endossar sua eleição a presidente do PSDB.

Principal deles? O de que o senador mineiro poderá percorrer o País institucionalmente, sem assumir a candidatura ao Palácio do Planalto.

Motivo 2
A construção de palanques pelo Brasil foi o segundo ponto apresentado pelo senador durante a conversa.

Vai identificar onde o PSDB não tem chances de ser cabeça de chapa e formar alianças com os adversários do PT.

Motivo 3
O terceiro item foi a profissionalização do PSDB – principalmente na comunicação. Esse processo teve início com a contratação de Renato Pereira, marqueteiro que já fez as campanhas de Sérgio Cabral, Eduardo Paes e de Henrique Capriles à presidência da Venezuela, em 2012.

Motivo 4
Alckmin acatou os argumentos, mas nada disso teria sido suficiente se o governador não tivesse obtido, antes, um salvo-conduto de Serra. O tucano disse a Alckmin que não almeja cargo – e que fizesse o melhor para o partido em SP.

A conferir
A Caixa pode ter de pagar 500 salários mínimos – cerca de R$ 339 mil – a um ex-gerente. Culpa do Plano Collor, que bloqueou 80% dos depósitos bancários em 1990. O funcionário acabou afastado com… transtorno bipolar, ansiedade crônica, distúrbios do sono e trauma de autorrejeição.

Agora, briga na Justiça para receber. Já conseguiu decisão favorável no TRT da Bahia. Caberá ao TST bater o martelo.

Filha de peixe
A DJ Vivi Seixas, filha de Raul Seixas, aceitou convite do CCBB para discotecar no intervalo dos shows do projeto Toca Raul! – homenagem aos 40 anos do lançamento do primeiro disco solo do cantor.

evento terá duas tardes de música em palco montado no Vale do Anhangabaú, dias 20 e 21 de abril.

Entre livros
Marta Suplicy muda a presidência da Fundação Biblioteca Nacional. Sai Galeno Amorim, entra Renato Lessa, pesquisador do CNPq e professor da Universidade Federal Fluminense.

Disputa imortal
Em mensagem a amigos, Carlos Guilherme Motta confidenciou: retirou sua candidatura à vaga de João de Scantimburgo na ABL tão logo soube que FHC estaria na disputa – com eleição garantida por quase unanimidade.

Motta foi incentivado a se candidatar por acadêmicos como Alberto da Costa e Silva, Eduardo Portella e Cleonice Berardinelli. O historiador topou entrar no páreo ao saber que teria assegurados ao menos 21 votos.

Imortal 2
Como adiantou o blog da coluna, anteontem, FHC já tem o apoio de 29 imortais.

O ex-presidente, que entrega hoje sua carta à academia – assumindo a candidatura –, pediu que um interlocutor agradecesse Motta pela “elegância” de ter se retirado do jogo.

Mais perto
Tem quem garanta que a mudança de Ronaldo para Londres se deu por muito mais do que apenas o estágio em marketing que o Fenômeno ganhou na gigante de comunicação WPP.

O ex-jogador estaria batendo bola com dirigentes de futebol europeus que gostariam de vê-lo no comando da… Fifa.

ALEMÃO NA TELONA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 27/03

Está sendo rodado no Rio o primeiro filme sobre a ocupação do Complexo do Alemão: "Alemão", com direção de José Eduardo Belmonte. O longa narra os três dias que antecederam a pacificação da favela e mostra a infiltração de policiais na operação.

MOCINHOS E BANDIDOS
Cauã Reymond faz um líder do tráfico e Antonio Fagundes, um chefe da polícia. Para os papéis de infiltrados foram escalados Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Milhem Cortaz e Otávio Müller. O papel feminino de destaque será de Mariana Nunes ("Febre do Rato"). O rapper MC Smith fará um traficante.

O roteiro é assinado por Gabriel Martins. A produção da RT Features, orçada em R$ 3,8 milhões, terá 18 dias de filmagens. A previsão é que terminem em 7 de abril.

NA FILA
José Padilha, diretor de "Tropa de Elite", também prepara um longa sobre a pacificação do Alemão.

MENOS UM
Galeno Amorim vai deixar a presidência da Fundação Biblioteca Nacional, após meses de especulação sobre sua permanência no cargo. O acerto foi feito ontem com a ministra da Cultura, Marta Suplicy. É a quinta mudança em postos-chave do ministério desde que ela assumiu, em setembro.

MENOS UM 2
Na reunião com a ministra, Amorim apresentou balanço dos dois anos de sua gestão. Destacou o aumento no número de feiras e eventos literários apoiados pela instituição em todo o país -de 75 para 250- e a assinatura de parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas) para reformar a sede da Biblioteca Nacional, no Rio.

DEIXA QUE DIGAM
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), usou as recentes pesquisas que mostram a popularidade do governo federal em alta como resposta ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano disse anteontem em SP que "o PT tem um projeto exclusivamente de poder, não de governo".

"É natural que a oposição se manifeste dessa maneira", rebateu Temer poucas horas depois. "Mas as estatísticas foram muito favoráveis ao governo."

BOEMIA ARTÍSTICA
Três desenhos em nanquim de Di Cavalcanti, produzidos entre 1920 e 1921 e inspirados em boêmios de um conto de Ribeiro Couto, estarão à venda na feira SP-Arte, a partir do dia 3 de abril. A seleção é do marchand Paulo Kuczynski.

CANUDO
O salão paroquial do padre Ticão, na zona leste, será palco hoje da formatura de 355 moradores da região. Eles são alunos de sete cursos de qualificação profissional com professores do Centro Paula Souza.

NA PRATELEIRA
Morto no ano passado, Roberto Macedo, fundador da churrascaria Rodeio, vai virar tema de um livro. Seus filhos, Silvia, Beto, Sandra e Rodrigo, convocaram amigos como Faustão, Washington Olivetto e Toninho Cerezo para dar depoimentos.

NA PRATELEIRA 2
A obra será escrita pelo jornalista Nirlando Beirão, autor de "Rodeio Conta os Jardins". O lançamento é previsto para agosto.

DE OLHO NA MODA
Isabeli Fontana vai investir em design. "Vou fazer 30 anos, mas me sinto com 15. Quero assinar algo com meu nome, criar", disse ela, ao fotografar anteontem para a Vogue Eyewear com Izabel Goulart e Evandro Soldati.

Em agosto, os tops repetirão ensaio para a grife de óculos, com peças criadas por eles e inspiradas em cariocas descolados e nas curvas de Oscar Niemeyer.

MÃE DE VERDADE
Carminha Manfredini, mãe de Renato Russo, posa com o ator Thiago Mendonça, nos bastidores do filme "Somos tão Jovens", em que ele interpreta o cantor. O líder da Legião Urbana, que morreu em 1996, faria aniversário hoje. Carmem Teresa, irmã do músico, também frequentou as filmagens do longa, que estreia no próximo dia 3.

NOITE DAS ARÁBIAS
O vice-presidente da República, Michel Temer, foi homenageado em jantar do Dia da Comunidade Árabe da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Sua mulher, Marcela, seu filho Michelzinho, o cônsul-geral do Líbano, Kabalan Frangieh, o xeque Mohammed al-Mughrabi e o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) participaram do evento no clube Sírio.

MENU FRANCÊS
O chef Erick Jacquin promoveu coquetel em seu restaurante Tartar & Co, no fim de semana. Olivier Murguet, presidente da Renault no Brasil, o embaixador francês Bruno Delaye e Stefano Carta circularam pelo estabelecimento.

CURTO-CIRCUITO
A peça "Fora de Mim", com texto de Martha Medeiros, estreia hoje, às 21h, no teatro Eva Herz. 12.

O advogado Cesar Asfor Rocha entrou para o Conselho Superior Estratégico da Fiesp e para o Conselho Político e Social da Associação Comercial de SP.

Miguel Hemzo fala sobre luxo hoje na Câmara de Comércio França-Brasil.

Joaquim Paiva abre exposição hoje, às 19h, no Espaço Sesc de Copacabana.

O DJ Mark Ronson toca na festa da Fendi, amanhã, em Florianópolis.

De olho em 2014 - ADRIANO PIRES E ABEL HOLTZ

O ESTADO DE S. PAULO - 27/03

De olho em 2014, o governo lançou as regras para a renovação das concessões do setor de energia elétrica, por meio da Medida Provisória n.°579, posteriormente convertida na Lei n.° 12.783/2013. Como contrapartida para a renovação, foi imposta às empresas uma significativa redução nas tarifas, objetivando um desconto médio de 18%, para os consumidores residenciais,e de 32%, para a indústria. Esse desconto deteriorou o caixa das empresas do setor, sobretudo as controladas pelo governo. Seja pela imposição de condições a essas empresas ou pela transferência do custo dos consumidores para o contribuinte, o processo vai sendo executado aos trancos e barrancos e os grandes beneficiários são os consumidores do mercado cativo.

Sabe-se que as indústrias, na sua grande maioria, compram a sua energia no mercado livre e, portanto, não serão tão beneficiadas pela lei. O consumidor residencial estará, por um lado, recebendo um desconto de 18%, mas a contrapartida desse desconto será paga por ele mesmo, como contribuinte.

Simultaneamente às medidas de redução das tarifas, para azar do governo, ocorreu o esvaziamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, por falta de chuvas. A escassez de energia deu-se justamente no momento em que o consumo no mercado cativo tende a crescer, estimulado pelas tarifas mais baixas. A redução do nível dos reservatórios levou à geração de energia térmica, que, por sua vez, causou um desbalanceamento do caixa das distribuidoras - e elas foram até Brasília solicitar uma solução para essa despesa extra.

Tendo em vista o objetivo eleitoral, inicialmente o governo disse "não". Isso porque a elevação das tarifas desmoralizaria o desconto trombeteado pelo governo como uma ação em favor do povo. Além disso, os reajustes nas tarifas teriam efeito imediato nos índices da inflação. Mas era preciso encontrar uma saída para cobrir um rombo bilionário das empresas distribuidoras. Por contrato, as empresas podem repassar essa elevação de custos aos consumidores, desde que autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A revisão tarifária ocorre, normalmente, uma vez por ano. Contudo, em casos de ameaça à saúde financeira, as empresas podem requerer revisões extraordinárias. E este é o caso.

Pelos cálculos da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o valor acumulado desde o início do despacho das térmicas, em outubro de 2012, já ultrapassa os R$ 4 bilhões. Se as térmicas vierem a gerai" durante todo o ano de 2013, isso custará algo em torno de R$ 25 bilhões.

A solução encontrada para não elevar as tarifas do mercado cativo e, ao mesmo tempo, não causar grandes danos financeiros às distribuidoras foi, mais uma vez, usar o dinheiro do contribuinte. Desta vez, o governo concederá um empréstimo às distribuidoras, com a finalidade de cobrir 8o%do buraco causado pela compra de energia térmica, por um prazo de cinco anos e juros da TJLP.

No mesmo contexto, as geradoras foram obrigadas pelo governo a assumir custos não previstos decorrentes da geração das termoelétricas. Por isso, certamente, as geradoras também exigirão do governo algum tipo de ajuda para o ajuste de seus fluxos de caixa.

Esses montantes nada têm que ver com os mais de R$ 8 bilhões que o governo gastará para implantar o badalado desconto nas contas de luz. Serão custos adicionais ao Orçamento da União, estimados em R$ 16 bilhões. A soma desse valor àquele das indenizações, definidas para a renovação dos contratos de concessão, resultará em mais de R$ 50 bilhões.

Na atual conjuntura, o governo deveria recomendar aos consumidores comedimento e uso racional de energia elétrica, por causa do baixo nível dos reservatórios e do elevado custo de geração das térmicas. Prevalece, no entanto, a opção pelo estímulo ao consumo, fruto da prática de preços artificialmente baixos, pai a a qual se esbanjam os recursos do Tesouro Nacional arrecadados do contribuinte.

Estratégia amazônica - DÉLCIO RODRIGUES

O GLOBO - 27/03

A geração de eletricidade acontece no Brasil basicamente por meio de usinas hidrelétricas, que respondem por 70% da atual capacidade instalada, e por termelétricas a óleo, carvão e gás natural, que respondem por 27% desta capacidade. Em anos menos chuvosos, as represas das hidrelétricas baixam e as termelétricas são acionadas mais frequentemente e por mais tempo, aumentando as emissões de gases de efeito estufa do setor e sua consequente contribuição às mudanças climáticas globais. É o que aconteceu no ano 2008, quando o fator de emissão desses gases a partir do setor elétrico deu um salto de 65% em relação ao ano anterior. E é também o que deve ocorrer neste ano de 2013.

Além de aumentar os custos da energia e sobressaltar carreiras políticas no governo federal, as baixas hidrológicas costumam gerar um tiroteio aos órgãos ambientais e do patrimônio histórico e propostas casuísticas motivadas por todo tipo de interesse. Neste recente período de baixa hidrológica, tem sido replicado um questionamento à construção de hidrelétricas "fio d´água", isto é, de baixa capacidade de armazenamento e relativamente pequena área alagada por represamento dos rios.

Na Amazônia, o uso do fio d´água reduz o desmatamento e a área alagada de cada projeto e tem vantagens importantes na preservação de habitats e do estoque de carbono existente na floresta. Entretanto, é verdade que a tecnologia reduz a energia média gerada pela usina, já que com ela só é possível aproveitar toda a capacidade de geração do sistema na época das cheias, enquanto na estiagem a capacidade de produção cai em função do baixo acúmulo de água na represa.

Da maneira pela qual vem sendo feita, a discussão fio d´água versus aumento do armazenamento em novos projetos dilui um problema muito mais importante provocado pela ausência de uma avaliação ambiental estratégica da utilização do potencial hidrelétrico da Amazônia. A necessidade de sua execução é gerada pelos impactos da construção de barragens na Amazônia irem além da destruição e alagamento da área diretamente afetada por cada projeto, provocando "profundas alterações no ciclo hidrológico, na biodiversidade aquática, no ciclo hidrossocial e hidroeconômico da região", conforme concluiu o professor José Tundisi, presidente e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos.

A avaliação ambiental estratégica deveria analisar os serviços prestados pelas bacias e áreas afetadas e os impactos sobre estes serviços, os conflitos com áreas indígenas e de conservação, os impactos sociais e ambientais e, inclusive a questão do uso da tecnologia fio d´água. E ainda deveria gerar parâmetros para a criação de rios e bacias hidrográficas testemunho, escolhidos por razões estratégicas de natureza variada para nunca receberem investimentos modificadores de seus regimes de vazão, além de gerar, como reivindica o professor Tundisi, "uma visão de Estado de longo prazo na exploração hidroenergética na Amazônia".


Não está tão ruim - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 27/03

O Brasil tem várias deficiências na parte técnica, tática, mas possui também muitas qualidades


Na época em que Taffarel estava na Seleção, mestre José Trajano dizia, com ironia e senso crítico, que poderiam pôr um balde no lugar do goleiro, que, mesmo assim, a equipe não levaria gols, já que a bola raramente chegava à área brasileira.

Isso ocorria porque a defesa era ótima, o Brasil dominava a partida, e o adversário tinha medo de atacar, para não deixar a defesa desprotegida. Isso mudou. O Brasil não impõe mais seu jogo, e os outros times não têm mais medo.

O atual estilo brasileiro é de contra-ataque, de lampejos, de lances isolados, de estocadas individuais e de esporádicas boas trocas de passes, como no segundo gol contra a Itália e o contra a Rússia.

O típico jogador formado hoje no Brasil, do meio para frente, fora o centroavante, é o meia-atacante veloz, habilidoso, que corre com a bola e que tenta driblar até o gol. Os melhores, com essas características, estão na seleção. É essencial ter jogadores desse estilo, desde que não haja tantos no mesmo time, como Neymar, Kaká, Oscar, Lucas e Hulk.

Todos os jogadores velozes e habilidosos costumam precisar de grandes espaços para brilhar. Esse foi o principal motivo das más atuações de Neymar, Kaká e Oscar, contra a Rússia. Hulk entrou, pela esquerda, e, com Marcelo, criou algumas situações de gol. Hulk pode jogar bem dez partidas seguidas, mas, quando atua mal, como no jogo contra a Itália, é chamado de grosso.

Continua a ilusão de que ter um centroavante pesado, estático, artilheiro, como Fred, o melhor da posição, é essencial à seleção. O centroavante fixo facilita a marcação do ataque. Ele faz gol, e o ataque joga mal. Falta ao Brasil um atacante que faça gols, que se movimente e que facilite para os outros também marcarem, como Van Persie, Ibrahimovic, Suárez, Agüero e até Balotelli, que era reserva no Manchester City.

O Brasil trocou mais passes, contra a Rússia, porque o adversário recuou, após o gol. Os volantes jogaram livres. Mesmo assim, só deram passes curtos, para o lado. Contra defesas fechadas, é essencial que os tenham passe rápido, longo e para frente, para meias e atacantes receberem a bola em pequenos espaços, antes que cheguem os zagueiros. Não temos também esse volante.

Todas essas deficiências não significam que o Brasil não tenha excelentes jogadores, que está desatualizado na parte tática e que não tenha chances de ganhar a Copa.

O Brasil possui também muitas virtudes. Em casa e em jogos mata-mata, é um dos candidatos ao título. Felipão não é um inovador, um grande estrategista, mas é observador, intuitivo, capaz de criar fortes laços afetivos e de incendiar um time e uma torcida. Futebol é também emoção, mistério e acaso.


Um peso e duas medidas - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 27/03
Para os incultos mortais como eu, nem sempre é possível decifrar os desígnios da justiça, entender a lógica de muitas de suas decisões. Por exemplo:

Um motorista em alta velocidade, bêbado, voltando de uma balada, ziguezagueando, atropela um ciclista, arranca-lhe o braço, que cai dentro do carro, pega, joga num riacho, foge, volta depois, é preso, permanece sete dias na cadeia e é solto. Os médicos disseram que se ele, estudante de psicologia, tivesse prestado socorro, o braço poderia ter sido reimplantado. Ele ficou na prisão menos tempo do que a vítima no hospital, de onde só saiu anteontem. O desembargador alegou, para lhe conceder habeas corpus, que o atropelador "não tem envolvimento criminal anterior". Quer dizer: é provável que só reincidente ele permaneceria na prisão.

Outro caso. A chefe da UTI de um hospital é denunciada por vários homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha, num episódio macabro que chocou Curitiba. Como vem sendo noticiado, ela "antecipou a morte" (parece que hoje ninguém mata mais, apenas antecipa a morte) de sete pacientes por asfixia, depois de receberem medicamentos que paralisaram seus movimentos respiratórios e após terem reduzida a ventilação por aparelhos. A médica esteve presa um mês e, como o processo corre em segredo de justiça, não se sabe por que foi libertada, assim como outros cinco cúmplices.

Enquanto isso, no Rio, como mostrou o artigo "Incompreensível e injustificável", publicado nesta página no dia 20, o líder comunitário da Rocinha William de Oliveira está preso sem sentença há um ano e cinco meses, acusado de vender armas para um traficante. A prova parecia robusta: um vídeo exibindo a transação. Acontece que se tratava de uma farsa com motivação política. Um morador da favela, em depoimento em juízo, acabou confessando que, por ordem do tráfico, ele editara o material para incriminar e desmoralizar o inimigo, cujo prestígio junto aos moradores e às autoridades incomodava o poder dos bandidos locais. A adulteração foi confirmada por dois peritos, um da própria Polícia Civil e outro da defesa, Ricardo Molina.

Na semana passada, a justificativa para mais uma negativa de liberdade provisória foi a suposta "periculosidade" do acusado, sem levar em consideração que sua ação na Rocinha há dez anos resistindo ao tráfico foi reconhecida por organizações de Direitos Humanos e pelo governador Sérgio Cabral.

Diante disso, vai convencer quem está preso há 17 meses sem culpa formada que a Justiça é igual para todos, mesmo que o acusado seja, como William, negro, pobre e favelado.

Seleção Playboy! Só joga pelada! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 27/03

E o gramado aquecido do estádio de Londres? O Neymar não resistiu: "Vou me jogar nesse quentinho"


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Socorro! Me mate um bode! "Feliciano irá à Bolívia para acompanhar caso de corintianos presos."

Então solta os manos, e prende ele! Vai dar merda! Ele vai chegar, vai falar uma merda e os manos vão pegar perpétua! E desde quando corintiano é minoria? Rarará!

E uma amiga disse que ele vai comprar chapinha em Cochabamba porque é mais barato! Rarará! Neste ano não vou comprar ovo de Páscoa. Vou comprar duas dúzias de ovos de galinha pra jogar no Feliciano!

Tormento Econômico: a Europa tá levando um Chipre na testa! Zona do euro se chama zona do euro porque o euro tá uma zona! O euro é um erro! O euro devia mudar de nome pra EURRO!

E a Selecinha? E Brasil X Rússia? Nem vi! Como disse o outro: "pelada por pelada, eu prefiro a minha nega!". Seleção Playboy! Só joga pelada! E o Felipão ainda vai jogar a seleção pra segunda divisão!

E aquele gramado aquecido do estádio de Londres? Gramado aquecido, perfeito pro Neymar! O Neymar não resistiu: "Uuhnn, vou me jogar nesse quentinho e não vou sair mais". Noventa minutos no quentinho!

E como disse o tuiteiro Jorge Miranda: "Seleção do Felipão ficou devendo tanto futebol que vai parar no SPC". SPC da Bola! Selecinha sem vícios: não fuma, não bebe e não joga!

E o imposto de renda? Vou entregar o imposto de renda fantasiado de Bozo! E o Lula? O que o Lula declarou? O Lula declarou que não sabia de nada! Rarará!

E sabe como o Adriano Imperador declarou o quesito dependente? "Dependente da marvada." Rarará! E o Edir Macedo é dependente do dízimo! E eu sou dependente do iPad! E adoro aquele quesito: "modelo a seguir". Posso seguir a Gisele Bündchen? Pelo menos pago bonito! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!

Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados! Direto de Porto Alegre: o cirurgião plástico LINDO CRISTALDO. Clínica de cirurgia plástica doutor Lindo Cristaldo. Eu queria ficar lindo, mas não cristaldo! Rarará! E o gerente de contas da Embratel se chama Marcus Vinicius Violento. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Conexões - ROBERTO DaMATTA

O Estado de S.Paulo - 27/03


Não é todo dia que um programa de TV voltado ao debate, ao comentário e realizado a pelo menos quatro mãos, chega aos 20 anos, como é o caso do Manhattan Connection. Dizem os entendidos que a televisão é um veículo poderoso, mas sem a densidade da escrita que permite não só as entrelinhas, mas a releitura. Na TV, as coisas "passam", no jornal elas ficam. Podemos recortá-las e entesourá-las como relíquias de pessoas e épocas. Ademais, a TV, mesmo gravada, precisa de um outro artefato para sua reprodução, o que não é o caso do noticiário escrito, o qual dispensa baterias.

Tudo isso para falar da minha satisfação de ter tomado parte da comemoração dos 20 anos do programa na última sexta-feira, dia 22, na TV Globo em São Paulo. O programa, idealizado e ancorado com freudiana maestria por Lucas Mendes, que tem Caio Blinder como um dos seus participantes mais intensos - Caio não faltou a nenhuma gravação desde 1993; que teve o hipercriativo Nelsinho Motta e um polarizador mítico - Paulo Francis - que, com sua poderosa figura, marcava sua presença de Nova York para o Brasil. Com a inopinada morte do Francis, em fevereiro de 1997, o programa sofreu uma reviravolta, mas encontrou outros comentaristas - como o peso pesado Arnaldo Jabor - e sobreviveu.

Hoje, ele conta com o Lucas, o Caio, o Pedro Andrade, o Diogo Mainardi e o Ricardo Amorim - todos devidamente editados por uma paciente e competente Angélica Vieira. Todos realizando seus brilhantes, quase sempre inflados e bem informados, comentários de Manhattan, Veneza (Diogo) e São Paulo (Ricardo).

Tomei, atemorizado, parte no MC como primeiro convidado do programa em fevereiro de 1997, antes da morte do Francis e, logo depois, voltei a participar quando ele saiu do palco, num momento de triste retomada.

Na sexta-feira, em São Paulo, fui honrado como o "primeiro" a tomar parte no programa. Esse "primeiro" que, como vocês sabem, é sempre lembrado, ao lado do "último". Estive quatro vezes no Conexão e em todas descobri o meu sem jeito de comentar os fatos do mundo. Salvou-me o bom humor e o apoio generoso dos participantes. O fato é que eu me sinto melhor com a escrita, que permite ponderar sobre o que se diz e que tem o poder de desdizer dizendo - essa propriedade da literatura. Mas fui e fiz o meu papel.

O convite puxou pela memória. E a grata presença dos velhos conhecidos de duas décadas - o Lucas Mendes e o Caio Blinder levaram-me de volta à Indiana onde conheci o Caio na Universidade de Notre Dame, tendo sido professor da Alma, sua esposa. Afora isso, a memória da minha participação no programa é feita de gratos fragmentos. Um deles é a surpresa de testemunhar um programa marcante pela discussão inteligente, bem-humorada e informada das coisas do mundo na televisão. Embora seja uma "conexão Manhattan" com um toque provocador e arguto de Europa dado pelo Mainardi, o programa tem um indiscutível sabor brasileiro, pois nele pipocam alegres dissidências de botecos, informações sofisticadas do melhor estilo jornalístico internacional e a pimenta de uma risonha linguagem brasileira.

Num dado momento, o Lucas (ou teria sido o Caio?) me perguntou o que eu via nestes 20 anos no mundo e no Brasil. Coisa grande demais para dois minutos. Respondi inseguro porque sou ruim no bate-pronto. Fui hesitante ao falar sobre o mundo, e me esqueci do Brasil. Eis o que deveria ter falado:

De 1993 para cá, o Brasil abriu-se e igualou-se ideologicamente. Esquerda e direita têm sido substituídas pelo certo e pelo errado, pelo ético e pela 'calhordagem'. Os meios não podem mais justificar os fins. O básico desse período foi ter a esquerda no poder, como tenho dito muitas vezes nesta coluna. A implacável oposição petista engravidou como situação e governo. Integrou-se na tal "política brasileira": virou retrógrada e viu nascer a corrupção no seu ventre imaculado. Descobriu-se igualmente insegura, demagógica e populista. Chegamos todos a um ponto comum - onde o radicalismo tem como inimigo simplesmente o bom senso.

No programa eu, atabalhoado, falei do 11 de Setembro. Mas nossas torres destes 20 anos são uma "jamais vista" demanda de igualdade democrática; e, no mundo, a consciência de que seus recursos são menores do que a máquina de um capitalismo ainda desenhado para consumistas ricos e celebridades amorais.


K entre nós - ANTONIO PRATA

FOLHA DE SP - 27/03

Sofro um pouco toda noite pensando em você aí, em Duque de Caxias, brigando com o banco, pelo telefone


GESIEL, DESCULPE te escrever assim, uma carta aberta, no meio do jornal. Sei que talvez cause algum transtorno: comentários de vizinhos, brincadeiras de colegas, parentes ligando, atravancando sua quarta-feira, mas não se preocupe, alguém já disse que "a crônica produz a notoriedade e garante o esquecimento": hoje, somos famosos, amanhã, estaremos forrando o chão das obras e cobrindo os rostos dos atropelados.

Não nos conhecemos. Meu nome é Antonio de Góes e Vasconcellos Prata. O seu é Gesiel Mariano de Barros -pelo menos, é o que está escrito na correspondência bancária que recebo aqui em casa, todo mês. É estranho, pois moro em Cotia e você, segundo sugerem os envelopes, em Duque de Caxias. Mais estranho ainda é que aí em Duque de Caxias haja uma rua com o mesmo nome da minha, uma casa com o mesmo número, num bairro quase homônimo: Residencial Par, o seu, Residencial Park, o meu -mas se o correio não repara nem que vivemos em cidades diferentes, imagina se vai notar esse minúsculo K, perdido na vastidão do Brasil?

Pois eu reparo, todo mês. Pego a correspondência, vejo seu nome no envelope, penso "ih, carta pro Gesiel, de novo..." e digo a mim mesmo: de hoje não passa! Vou ligar pro banco, avisar do equívoco, resolver a situação -mas sou um fraco, Gesiel. Quantas vezes não digo que vou começar uma natação, um romance, abrir uma previdência privada? Pobres de minhas artérias, de minha produção, de minha velhice. Pobre de você, cujas cartas vão parar na fruteira da sala, uma fruteira que nunca viu mangas ou carambolas e vive abarrotada de folhetos de dedetizadoras, cardápios de pizzarias, clipes, tampas de Bic e dois anos de seus -suponho, pois nunca abri- extratos bancários.

Dois anos que sofro um pouquinho, toda noite, antes de dormir, pensando em você aí, no Residencial Par, em Duque de Caxias, brigando com o banco, pelo telefone. "O mais importante e bonito do mundo", contudo, como disse um amigo, outro dia, citando Guimarães Rosa, "é que as pessoas ainda não foram terminadas. (...) Afinam ou desafinam". Pois, semana passada, resolvi afinar-me um pouquinho. Tive um desses surtos civilizatórios: arrumei gavetas, mandei fazer barra nas calças, chamei o homem pra ver a infiltração do banheiro, peguei suas cartas na fruteira e, finalmente, liguei para o banco.

Sabe o que me disseram? Que para regularizar a situação, só com o seu CPF. "Moça, como eu vou ter o CPF do Gesiel?! Eu não conheço o Gesiel! Vocês conhecem! Ele tem conta aí: Gesiel Mariano de Barros, é só conferir!" Ela resmungou, disse que ia ver o que dava para fazer, mas pelo jeito, não viu: ontem chegou mais uma de suas cartas, só me restando, portanto, escrever esta crônica e torcer para que antes de forrar obra ou cobrir defunto, ela passe por você.

Vamos torcer. Ah, e se por acaso estiverem chegando aí cartas para um certo Antonio, favor mandar para seu mesmo endereço, só que em Cotia e colocando um K depois do Par. Sem pressa: não sei como está sua situação bancária, mas com este que vos escreve, pelo menos, você tem 24 meses de crédito. Abraço, Gesiel, e boa Páscoa.

Israel e Turquia, juntos - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 27/03


Turquia e Israel conseguirão pôr fim à discórdia que os separa há três anos e retomar as relações num clima mais cordial? Esta é a esperança de Ancara e Tel-Aviv. Mas grandes obstáculos atrapalham seu caminho.

Precisamos voltar alguns anos antes, quando os dois países mantinham boa amizade, preciosa e estranha, pois a Turquia é governada por muçulmanos moderados. A cooperação era abrangente: um intercâmbio comercial intenso, manobras militares conjuntas e utilização do espaço aéreo pelos aviões do Exército israelense.

Mas há três anos, houve uma "colisão". Em maio de 2010 uma flotilha internacional partiu para a Faixa Gaza, território controlado pelos islamistas do movimento Hamas e que é vítima de um horrível bloqueio determinado por Israel.

A flotilha era liderada por um barco turco, o Mavi Marmara. Israel não se deixou intimidar e lançou seus aviões contra a armada, atingindo o navio e matando nove turcos. Em seguida, todas as relações entre os dois países foram congeladas por decisão de Ancara e a cooperação militar cessou totalmente.

Hoje, o desejo é virar a página. Contatos entre autoridades foram retomados. Como os reencontros diplomáticos começaram? O ponto de partida teria sido a visita de Barack Obama a Israel.

Quando Obama estava no aeroporto de Tel-Aviv, de partida para a Jordânia, ele teria telefonado ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan. Depois, passou o telefone para o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que "se desculpou e aceitou indenizar as vítimas", de acordo com um comunicado israelense. É um belo relato. Talvez belo demais. Mas Israel desmentiu a versão de qu teria sido levado a esse acordo por Obama. Sem dúvida, não é do agrado dos israelenses que Obama apareça como o "autor" da façanha.

De qualquer maneira, se podemos falar em melhora do clima, ainda assim restam algumas nuvens. E o problema é exatamente Gaza. O que se imaginava era que o acordo contemplaria a suspensão do bloqueio israelense a Gaza. Ora, para Israel, se essa condição for apresentada por Erdogan, o Estado judeu não tem a intenção de atendê-la.

Durante a visita de Obama a Israel, um grupo de Gaza lançou dois foguetes contra Israel, que reagiu de imediato: fechou o único ponto por onde as mercadorias podem entrar em Gaza. E Yaakov Amidror, conselheiro para assuntos de Segurança Nacional, deixou clara a doutrina israelense: "Se houver calma, o processo que facilitaria a vida dos moradores de Gaza continuará. Se houver tiros, o movimento será mais lento, podendo até ser interrompido".

Com certeza houve avanços. O tempo do silêncio passou, mas, sem dúvida, será necessário ainda um longo período para relações normais entre Israel e a Turquia serem retomadas num clima de confiança. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

O ultimato - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 27/03

O Planalto está irritado com o tiroteio interno do PR. Seus líderes receberam o seguinte recado do governo: “A presidente Dilma está em seu terceiro ano de gestão. Agora que a pasta dos Transportes está deslanchando. Não será colocado alguém sem experiência de gestão e que não tenha vínculo com a área”. A cada dia fica mais difícil encontrar uma equação política para atender ao PR.

Enquanto isso...
O PR está irritado com a tática do Planalto de lançar nomes como balão de ensaio ao Ministério dos Transportes, caso do ex-senador César Borges, sobre quem é sabido que há resistências internas. O partido ameaça parar as negociações.

Os ministros dizem ‘não’
Depois da reunião nacional de prefeitos, em janeiro, a presidente Dilma pediu à ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) que organizasse 26 reuniões regionais. Fez também uma lista de ministros que deveriam comparecer a esses encontros, que são os de: Planejamento, Saúde, Educação, Integração, Cidades, Turismo e Cultura. Ontem, a ministra Ideli Salvatti fez a primeira delas, em Aracaju (SE), e Alexandre Padilha (Saúde) foi o único ministro a comparecer. Os demais alegaram outros compromissos. O próximo encontro será em Campo Grande (MS) na segunda-feira. Depois Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA) e Vitória (ES). Quais ministros irão?

“Uma coisa é a macroeconomia. Outra é a economia do cotidiano. PIB e Pibinho não interessam ao povo. Ele quer saber de emprego e se vai poder comprar um frango e um liquidificador” Michel Temer Vice-presidente da República e presidente do PMDB

Sem remendos 
O relator da reforma política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), recusou-se ontem a incluir no texto a abertura da janela para trocar de partido. Fontana se rebelou porque teme que sua ampla proposta fique resumida à aprovação da janela e, como querem os grandes partidos, ao fim das coligações nas eleições proporcionais.

Os militares e a verdade
A presidente Dilma voltou a demonstrar incômodo com a Comissão da Verdade. Em conversa com ministros, há dias, reclamou do fato de os militares não estarem sendo ouvidos pelo órgão.

Bebida da discórdia
O setor vitivinícola nacional está furioso com a Fifa, que escolheu um champanhe francês como bebida oficial da Copa de 2014. A decisão da Fifa deixa de fora o espumante brasileiro das cerimônias oficiais que serão realizadas durante o evento. Os empresários querem que a federação volte atrás e opte por um espumante daqui.

Documentos perdidos
A deputada estadual gaúcha Juliana Brizola (PDT), neta de Leonel Brizola, esteve no Arquivo do Estado do Rio buscando documentos do avô da época da ditadura e foi informada de que não existe qualquer prontuário sobre ele.

Pimentel e o embaixador
Serra O ministro Fernando Pimentel diz que enviou ofício ao embaixador em Cingapura, Luiz Fernando Serra, pedindo reunião com a empresa asiática Semcorp. Afirma que não fez gestões pela EBX.

O SENADOR Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), vai ser o próximo presidente da Comissão de Orçamento.

O dia seguinte - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 27/03

Diante da ausência de José Serra e do apoio tímido de seu grupo no batismo paulista de Aécio Neves, o PSDB discute como transferir o "capital" serrista para o mineiro. Grão-tucanos entendem que Aécio precisa virar a página do embate interno e falar para os mais de 40 milhões de eleitores que votaram em Serra em 2010. O primeiro gesto será convencer o ex-governador a assumir posto no comando da sigla ou indicar um aliado. Aecistas insistirão na oferta do Instituto Teotônio Vilela.

Efeito... Irritado com perguntas acerca da ação da Tropa de Choque durante reintegração de posse para retirar 700 famílias na zona leste da capital, Fernando Haddad chegou a dizer a jornalistas que o policiamento era "atribuição do Estado".

... Pinheirinho Logo após a entrevista, no entanto, foi deflagrada operação de guerra para mostrar que o prefeito agiu na mediação do conflito. O caso ofuscou o lançamento do plano de medas do petista, mas auxiliares dizem que "a pior coisa seria parecer que ele foi omisso".

Delay Haddad foi informado por telefone sobre a ação policial por volta das 9h de ontem, quando pilotava a reunião inaugural do seu "conselhão". As cenas da intervenção no Jardim Iguatemi estavam na TV antes das 8h.

UTI Um dos nomes do PT para o governo paulista, Alexandre Padilha (Saúde) enfrentará teste eleitoral no dia 8. As Santas Casas do Estado ameaçam paralisar cirurgias eletivas para cobrar verbas federais. O ministro é contrário ao reajuste linear da tabela SUS, pleito dos hospitais.

Trégua Deputados que compõem a nova Mesa da Assembleia paulista se reuniram ontem com o procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa. O encontro serviu para aliviar a tensão entre o Legislativo e o Ministério Público em razão da PEC que restringe o poder de investigação dos promotores.

Round 2 Depois da novela da Comissão de Direitos Humanos, a Câmara vai enfrentar novo embate pelo comando do Conselho de Ética. Ontem, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foi à comissão cobrar cumprimento de um acordo para dar ao PDT a presidência do órgão.

O pacificador O governador Jaques Wagner (BA) é um dos últimos petistas a ainda cultivar esperança de acordo que evite a candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB). Ele conversou ontem com Lula sobre meios para manter abertos os canais com o pernambucano.

Que tal? Wagner defende que haja um acordo prévio à campanha em que Campos saiba o espaço político que terá num eventual segundo mandato de Dilma Rousseff. Seria dada a ele uma pasta capaz de projetá-lo nacionalmente e o PT discutiria a possibilidade de apoiá-lo para a Presidência em 2018.

Fora d'água Deputados e senadores que participaram da audiência pública sobre a MP dos Portos brincaram com a ausência de Aécio enquanto Campos e a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) duelavam: "Ele não se importa com esse debate porque em Minas não tem mar".

Indigestão Entre aliados de Campos caiu mal o discurso de Dilma em Serra Talhada. "Se todo o desenvolvimento de Pernambuco se deveu ao PT, por que nenhuma administração petista alcançou o mesmo resultado?", questiona um eduardista.

Corte O pessebista aproveitou a ida a Brasília, ontem, para tomar um café no gabinete do senador Pedro Simon (RS), dissidente do PMDB que Jarbas Vasconcelos (PE) trabalha para engajar na possível campanha.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
"A luta em defesa dos direitos humanos é responsabilidade da Câmara. Caberá agora ao plenário da Casa se ocupar dessa pauta."
DA LÍDER DO PC DO B NA CÂMARA, MANUELA D'ÁVILA (RS), sobre o fracasso do movimento pela renúncia de Marco Feliciano à Comissão de Direitos Humanos.

contraponto


Bem a calhar


O deputado José Guimarães (PT-CE) se esforçava para encurtar as intervenções de deputados e senadores durante a concorrida audiência pública para discutir a medida provisória dos portos, ontem. Diante de uma lista de mais de 30 inscritos, lembrava que cada parlamentar teria cinco minutos, que, depois, reduziu para três.

Com a relação de nomes na mão, chamou:

-Deputado Roberto Santiago.

-Ausente - replicou alguém no plenário.

-Ausente? Que ótimo! - desabafou o petista.

A plateia gargalhou, e ele se desculpou pelo arroubo.

O primeiro teste - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 27/03

Quando a então deputada Ana Arraes, do PSB pernambucano e mãe do governador do estado, Eduardo Campos, venceu a disputa para integrar o Tribunal de Contas da União (TCU) houve quem dissesse que Eduardo vencera o primeiro embate no Parlamento. Errado. A primeira briga de fato contra o governo Dilma Rousseff começou ontem. E prosseguirá por todo esse semestre.

O pano de fundo dessa disputa é a Medida Provisória 595, que detalha o novo marco regulatório dos portos. Para quem já leu a respeito, peço licença para situar aqueles que não acompanham o tema. Eduardo Campos classifica que a centralização das licitações dos serviços portuários na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) é quebra do pacto federativo e cita o porto de Suape como de “excelência”. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirma que não e menciona de forma enfática que não existem “ilhas de excelência”.

O impasse está criado. Agora, governo federal e Eduardo Campos vão cabalar votos no plenário da Câmara e do Senado. Os socialistas consideram que a resistência do governo em negociar é apenas porque se trata de Eduardo, pré-candidato a presidente da República contra a presidente Dilma. E agora ela pretende usar a MP para mostrar quem manda. “Por que ela não transforma Suape num Terminal de Uso Privativo como fez com o do Ceará? Só não faz e vai para a briga porque é o Eduardo que está defendendo que as licitações de Suape não fiquem centralizadas”, dizia o deputado Márcio França (PSB-SP),enquanto Eduardo Campos era cercado por repórteres ontem ao sair da comissão que estuda o tema.

Essa briga entre Eduardo Campos e o governo Dilma Rousseff ficaria restrita a pé de pagina dos jornais e nem seria tratada aqui nesta coluna se fosse apenas mais um embate entre um estado e o governo federal. Mas não é bem assim. O fato de Eduardo Campos ser pré-candidato a presidente da República põe essa disputa sob os holofotes na forma de uma queda de braço, onde cada partido será monitorado com uma lupa. Quem for favorável à descentralização das licitações estará do lado de Eduardo Campos. Quem for contra estará ao lado de Dilma.

Nessa disputa, não se surpreenda, leitor, se Eduardo Campos levar a melhor. Ele pode unir o útil ao agradável. Primeiramente, a centralização das licitações prevista na Medida Provisória desagradou aos atuais gestores dos portos, embora tenha sido feita com a maior boa vontade por parte do governo federal. Esse é o lado agradável para alguns políticos ligados aos atuais dirigentes portuários.

Além disso, há o argumento da utilidade política. Muitos partidos que aguardam um chamamento do Planalto podem se alinhar ao governador nesse tema para dar um recado à presidente Dilma Rousseff. A bancada do PR espera um cargo de primeiro escalão para chamar de seu. No mesmo barco, está o PTB de Gim Argello e do vice-presidente da legenda, Benito Gama. Ora, se levar um susto na MP dos Portos, talvez Dilma acelere esse chamado.

Enquanto isso, na matemática...

A presidente pode perfeitamente considerar que as suas intenções de voto, suficientes hoje para assegurar uma vitória no primeiro turno, podem dispensar uma rendição às manobras partidárias. Mas, como me contava ontem um integrante da base governista, intenção de voto a mais de um no da eleição é algo volátil. Anthony Garotinho, por exemplo, tinha 4% nas pesquisas em 2002, faltando menos de um mês para a eleição. Obteve 19% dos votos e por pouco não foi ao segundo turno contra Lula. Seguro morreu de velho. Ou Dilma acerta logo a base para votar a MP, ou terá problemas ali na frente. Faça sua aposta. Vale registro ainda a forma como Eduardo está tirando o PSDB do debate dessa MP. Mas essa é outra história.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS &CIA

O GLOBO - 27/03

RIO RECEBEU R$ 264 MILHÕES DE ROYALTIES EM MARÇO
ANP fez repasses a União, estados e prefeituras três dias após liminar do STF. Lei antiga vale, no mínimo, até maio
Foi de R$ 264,065 milhões (veja o gráfico) o valor que o Estado do Rio recebeu de royalties pela produção de óleo e gás em janeiro deste ano. A Agência Nacional do Petróleo fez o repasse ao governo fluminense 5ª feira passada, três dias depois de a ministra Cármen Lúcia conceder liminar suspendendo os efeitos da nova lei de repartição da renda do óleo e gás. Nos pagamentos até maio, a ANP já avisou que levará em conta a Lei 9.478, antiga. Trata-se do texto em vigor no início do mês em que ocorreu a produção. Assim, União, estados e municípios produtores receberão em abril os royalties referentes a fevereiro; e em maio, os de março. Mas a situação tende a se estender, ao menos, até junho, uma vez que o plenário do STF não mudará a decisão da ministra antes do 1º de abril.

AOS PÉS
A Outer, de calçados, lança hoje campanha da coleção de inverno, “Tempo de ação”. Um condomínio no Itanhangá serviu de cenário. As fotos, de Eduardo Guedes, serão veiculadas nas mídias sociais da marca. Dona de sete lojas no Rio e de uma em Recife, a grife prevê alta de 20% no faturamento sobre o inverno passado.

MENINOS
A Aviator, grife masculina, apresenta a campanha de inverno na internet na próxima quarta-feira, 3 de abril. É o mesmo dia em que as peças chegarão às lojas. O modelo Fernando Diniz posou para o fotógrafo Markos Fortes. As imagens vão circular em mídia impressa na 2ª quinzena de maio. A marca quer vender até 30% mais. Tem 22 unidades e loja virtual.

Feriadão
Está em 74,51% a taxa de ocupação dos hotéis cariocas para o feriadão da Páscoa. São cinco pontos percentuais (79,12%) abaixo da Semana Santa 2012, diz a ABIH-RJ. É resultado do aumento da oferta de quartos no Rio. Nos eixos Leme-Copacabana e Ipanema-Leblon, o índice passa de 90%.

Cultura
A Oi divulga hoje o resultado da edição 2013 do programa Patrocínios Culturais Incentivados. Foram 103 selecionados, contra 92 no ano passado. Festival do Rio, Bienal de Artes Visuais do Mercosul (RS) e Orquestra de Sopros de Pindoretama (CE) estão no grupo. A operadora investe até R$ 50 milhões por ano em cultura.

Está caro
A alta no cachê dos DJs estrangeiros já ameaça a realização de eventos no Brasil. É o que diz a i9 Branding, organizadora do E-Music. Em maio, o evento deve levar 15 mil pessoas à Cidade do Rock. É aporte de R$ 3 milhões. No RMC, em fevereiro, houve a mesma queixa. O valores dos DJs subiram 65% sobre 2012.

e-Patentes
O INPI espera reduzir em 30% o tempo de análise dos pedidos de patentes com o depósito de processos via internet. O serviço foi lançado dia 20.O 1º pedido on-line saiu do escritório de advocacia Dannemann Siemsen. O INPI já tem dois.

É seguro 1
A demanda por seguro ambiental disparou 89% em janeiro de 2013 sobre um ano antes, diz a FenSeg. As empresas arrecadaram cerca de R$ 2,1 milhões no mês. Em 2012, as apólices variaram de R$ 5 milhões a R$100 milhões.

É seguro 2
A DBTrans, de logística de transportes, vai entrar no mercado segurador. Está lançando o Rodocred Seguros. Prevê somar R$ 132,8 milhões em prêmios em cinco anos.

Convergência
Institutos de pesquisas de estados brasileiros discutem com IBGE e Ipea a unificação de metodologias de estudos socioeconômicos. “Os dados precisam ser compatíveis e comparáveis”, diz Julio Miragaya, do Codeplan (DF).

Livre Mercado
O Icec, índice de confiança do empresário do comércio, caiu 0,2% em março, para 126,9 pontos. Foi a 9ª queda na comparação com o ano anterior. A expectativa com o futuro subiu 1,5%. Os dados são da CNC.

A LLX criou blog sobre o Porto do Açu. Informa andamento das obras e projetos socioambientais.

Roberto Ramos, da Odebrecht Óleo e Gás, presidirá a Amcham Rio. Vai substituir Henrique Rzezinski.

A posse é dia 5 de abril.

A Aspen Pharma vai doar 40 caixas do xampu Kwell aos Amigos de Fé, em São Paulo. Há um surto de pediculose no instituto, dedicado a crianças portadoras de HIV.

CIDADANIA
O Sistema Firjan põe na rua hoje a campanha do Sesi Cidadania. As estrelas são funcionários e moradores de comunidades com UPP, caso de Edilma Carvalho, agente do programa. Ela aparece com o Morro da Providência ao fundo. O filme vai circular na web. É criação da DM9Rio.

Azeite 1
A Nutrilabs, de alimentos naturais e funcionais, espera faturar R$ 12 milhões em 2014. Investiu R$ 150 mil na nova linha Azeite Vianna, com sete opções aromáticas.

Azeite 2
A Olisur importou 700 mil litros de azeite chileno. Quer bater 5% de participação de mercado no Estado do Rio.

Olha o mate 1
A MegaMatte está investindo R$ 3 milhões na abertura de uma dezena de lojas neste 1º semestre, todas franquias. Duas abrem esta semana no Rio: Curicica e Centro.

Olha o mate 2
A rede de lanchonetes termina março com 106 lojas no país. As receitas vão subir 10% com as inaugurações.

CASA ÉTNICA
As estampas étnicas são destaque da coleção de inverno da Riachuelo Moda Casa. As peças chegam esta semana às lojas. A campanha, em TV e impressos, estreia na terça, dia 2 de abril. O grupo tem 157 lojas próprias no país e mais de 17 milhões de clientes no cartão Riachuelo.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 27/03

Argentina fecha contrato com portuguesa para setor eólico
A companhia argentina Impsa, fabricante de maquinaria para parques eólicos, fechou contrato de R$ 135 milhões para fornecer equipamentos e manutenção a duas usinas da portuguesa Tecneira, que serão construídas no Ceará.

A montagem dos aerogeradores deve acontecer já em janeiro e fevereiro do próximo ano, quando os ventos na região são mais fracos.

No total, foram vendidos 21 equipamentos. Todos serão fabricados em uma planta no Pernambuco -a maior da companhia.

"Nossa principal operação está no Brasil por causa do tamanho do mercado", diz o vice-presidente da empresa, José Luis Menghini.

"O BNDES também facilitou nosso trabalho no país", acrescenta Menghini.

Atualmente, a Impsa tem capacidade para produzir até 450 aerogeradores por ano no Brasil.

Esse número deve subir para cerca de 660 com a construção de uma fábrica no Rio Grande do Sul.

"Serão entre 200 e 220 unidades, ainda depende da demanda do Uruguai e da região Sul", afirma.

Apenas 5% da produção brasileira da companhia é exportada. Argentina, Venezuela e Uruguai são os principais mercados de destino.

No ano passado, a Impsa faturou aproximadamente US$ 1,4 bilhão. A Tecneira, por sua vez, está entrando no país com esses dois parques eólicos.

Como em Yale
A Gant, grife que surgiu da inspiração do estilo de estudantes das grandes universidades americanas, cresce no Brasil através de multimarcas. A estratégia de expansão foi definida em 2011 e, de lá para cá, a marca já está em 83 pontos de venda, além da presença em três lojas próprias, uma em Curitiba e duas em São Paulo.

Impressiona o crescimento no Nordeste. "Vendemos até blazers por lá, ainda que bermudas e camisas saiam mais", diz o CEO Luis Mendes.

A grife vê espaço para crescer também, por meio de franquias.

Podem chegar a 20 ou 30 novos pontos de venda, segundo Mendes, que não fala em prazos.

A abertura de duas unidades, inclusive uma loja própria, já está em negociação. "Nossas próximas prioridades são São Paulo e Belo Horizonte", afirma.

Multinacional aumentará a produção de químicos no país
A AkzoNobel, multinacional de origem holandesa do setor de tintas e revestimentos industriais, irá aumentar sua capacidade de produção no país de químicos para o setor de petróleo e gás.

O diretor da empresa para Brasil e América Latina, Jaap de Jong, afirma que será investido nas fábricas da companhia, mas não divulga o valor nem as unidades que receberão o aporte.

Jong diz que os resultados recentes da Petrobras não afetarão os projetos de expansão desse segmento da AkzoNobel.

"Realmente, isso não nos preocupa. Ela [a petrolífera] vai fazer seus investimentos que precisam ser feitos. A única pergunta é se fará dentro do cronograma."

Com a crise na Europa, o Brasil passou a ser uma das prioridades da multinacional. A intenção é que o faturamento no país chegue a € 1,5 bilhão em 2015.

"O dobro do que tínhamos em 2010", diz Jong.

Hoje, os países emergentes são responsáveis por 45% da receita da empresa -número que deve se elevar para 50% em três anos.

O crescimento do PIB brasileiro de 0,9% também não assusta o executivo.

"Para nós, os setores importantes são de infraestrutura, automotivo, petróleo, agricultura e mineração. Todos eles cresceram mais que o PIB."

Indenização sobre rodas
A Mapfre pagou mais de R$ 2 bilhões em indenizações de seguros de automóveis para seus clientes em 2012. O montante é quase a metade do total pago de sinistros, que foi de R$ 4,3 bilhões.

A SulAmérica destinou aproximadamente R$ 1,5 bilhão para o pagamento das perdas e danos dos segurados na mesma modalidade. O valor corresponde a cerca de 65% do prêmio (novos contratos) no período.

A Porto Seguro pagou R$ 1,9 bilhão em indenizações no mesmo período.

É a economia
Mais da metade (52%) dos britânicos acha que a economia é a questão mais importante a ser enfrentada pelo país. Os dados são de um levantamento do Ipsos Group, companhia especializada em pesquisa, realizado na ilha em março deste ano.

Em segundo lugar nas preocupações britânicas (29%), estão relações raciais e imigração, alta de sete pontos percentuais ante janeiro.

A boa notícia é que o desemprego caiu da segunda para a terceira posição entre as temáticas mais importantes.

A falta de emprego apresenta trajetória de queda nas preocupações gerais desde abril do ano passado, quando foi de 40%.

O NHS, serviço nacional de saúde, foi o que apresentou maior alta na pesquisa, crescimento de oito pontos percentuais ante fevereiro.