segunda-feira, novembro 07, 2011

ENTREVISTA - REVISTA VEJA


ENTREVISTA
Roger Noriega: "O Brasil não é imune a atentados"
 REVISTA VEJA

O diplomata americano diz que a associação do Irã com traficantes mexicanos para realizar atentados terroristas não é um fato isolado e que a América Latina virou base do terror islâmico.

Nas últimas duas décadas, o embaixador americano Roger Noriega, de 51 anos, atuou na linha de frente na elaboração da política externa dos Estados Unidos em relação à América Latina. Trabalhou como consultor do Congresso americano e, no governo de George W. Bush, foi chefe da delegação dos EUA junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) por dois anos. Em 2003, assumiu o cargo de secretário adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, do Departamento de Estado. Ficou no posto até 2005, quando deixou a vida pública para atuar no American Enterprise Institute for Public Policy Research, um centro de estudos em Washington que reúne pesquisadores das mais diversas áreas, principalmente as de segurança e políticas públicas. Em outubro, uma semana antes da prisão do iraniano acusado de planejar um atentado contra o embaixador saudita em Washington, Noriega divulgou um artigo sobre as atividades do Irã e do grupo libanês Hezbollah na fronteira mexicana. Na entrevista a seguir, ele conta como foi capaz de antecipar a presença dos terroristas nas franjas do território americano e denuncia a escalada do terror na América Latina.

Como o senhor sabia que o Irã e o Hezbollah atuavam em consórcio com traficantes mexicanos?

Nossa investigação foi baseada em meses de estudos realizados por uma equipe de quatro pessoas que percorreu, além do México, muitos países vizinhos. Essa equipe entrevistou autoridades e fontes secretas nos grupos comandados pelo libanês Hezbollah na região. Nós juntamos os nomes, ligamos os pontos e revelamos uma realidade perigosa. O Irã e o Hezbollah têm expandido suas bases na América Latina com o objetivo de promover atentados terroristas. Eles construíram uma estrutura operacional de recrutamento, treinamento e captação de recursos. Os fatos observados indicam que os terroristas compartilharam suas experiências com os cartéis do tráfico no México. Além do relatório publicado a respeito no site do American Enterprise lnstitute for Public Policy Research, que antecipou as informações sobre essas ações extremistas, nós produzimos um documento confidencial compartilhado com autoridades e vários governos da região.

Por que os Estados Unidos demoraram a detectar essa movimentação em sua fronteira sul?

Gasto grande parte do meu tempo explicando aos políticos americanos que negligenciamos a América Latina. Recentemente, apresentei no Congresso provas consistentes das atividades desses grupos terroristas no continente. Nossos investigadores identificaram pelo menos duas redes paralelas que colaboram entre si e crescem de forma alarmante na América Latina. Essas redes são compostas de mais de oitenta extremistas instalados em doze países, concentrados sobretudo no Brasil, na Venezuela, na Argentina e no Chile. Nós não podemos enfrentar as ameaças transnacionais do tráfico de drogas e do terrorismo sem a cooperação de nossos amigos na região. Por isso, os Estados Unidos precisam prestar mais atenção na região, estabelecer relações econômicas fortes e saudáveis para estimular o crescimento, a prosperidade e a estabilidade entre nossos vizinhos.

Qual tem sido o papel da CIA, a agência de inteligência americana, em relação a esse problema?

Praticamente, nenhum. Em paralelo com o nosso trabalho, que tornou pública a presença do Irã e do Hezbollah no México, o DEA (a agência antidrogas americana) já vinha investigando as ligações entre extremistas islâmicos e traficantes de drogas. E eu acho que isso foi uma sorte, porque os integrantes do DEA estão acostumados a pensar além do que diz o manual. Eles não foram constrangidos pelo raciocínio convencional dos especialistas da CIA em Forças Quds (a unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã). Na agência de inteligência, eles poderiam ter concluído que o modus operandi dos iranianos de contratação do cartel mexicano Zetas para executar o embaixador saudita em Washington era incomum demais para ser realidade - o que poderia ter sido fatal. Em vez disso, o DEA, extremamente ativo em investigações de vários tipos no continente, seguiu em frente e descobriu o plano para matar o embaixador Adel al Jubeir.

Quais são exatamente as conexões do Irã e do Hezbollah na América Latina?

Em 2007, um terrorista que tentou cometer um atentado no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, foi preso em Trinidad e Tobago quando se preparava para viajar a Caracas. Da capital venezuelana, ele seguiria para Teerã, onde, segundo alegou, faria um curso de religião. Ele sabia para onde fugir em segurança. A Venezuela é uma base avançada do terrorismo islâmico na América Latina. Na Ilha Margarita, na costa venezuelana, funciona um dos mais movimentados centros de treinamento de terroristas fora do Líbano. A Tríplice Fronteira, região entre a Argentina, o Brasil e o Paraguai, ainda preocupa por ser um centro de operações financeiras das mais diversas organizações terroristas. Mas é na Venezuela que esses grupos terroristas têm permissão oficial para adestrar-se e planejar ataques contra os Estados Unidos.

O senhor, então, acusa o governo venezuelano de dar suporte a terroristas?

Não resta dúvida de que o presidente Hugo Chávez usa a riqueza petrolífera de seu país para fortalecer o terrorismo islâmico, cujo alvo principal é o território americano. Isso é um escândalo. Sinceramente, em qualquer lugar em que exista uma embaixada iraniana ou mesquita ou centro islâmico patrocinado pelo Irã, e na Venezuela praticamente todos o são, pode haver uma célula do grupo libanês Hezbollah. Não estou sugerindo que toda mesquita seja um centro de terrorismo. Essa é uma suposição ridícula e perigosa. Entretanto, quando agentes iranianos patrocinam mesquitas e centros islâmicos nas Américas, eles o fazem com a finalidade explícita de radicalizar a comunidade muçulmana local. A missão básica desses emissários do terror é identificar alguns indivíduos com potencial para ingressar no Hebollah ou nas Forças Quds.

Como esses extremistas islâmicos atuam na Venezuela?

Há uma rede que administra a captação de recursos, o recrutamento, o treinamento e a coordenação dos agentes do Hezbollah no país. Essa rede leva o nome de seu chefe, Ghazi Nassereddine. Ele é um venezuelano nascido no Líbano que exerce um cargo diplomático na Síria. Em 2008, Nassereddine foi identificado pelo governo dos Estados Unidos como um dos fornecedores de suporte logístico e financeiro ao Hezbollah. Apesar de sua relevância, eu o considero menos perigoso que seus comparsas. Esses atuam mais discretamente em suas atividades de treinamento. Nossas fontes confidenciais nos trouxeram evidências de que, no ano passado, ativistas iranianos e do Hezbollah realizaram, na ilha Margarita, um curso de técnicas terroristas para alunos de países da América Latina. Como se não bastasse, a Venezuela foi utilizada como sede de uma reunião de líderes terroristas do Hamas, do Hezbollah e da organização palestina Jihad Islâmica. Esse encontro ocorreu em Caracas em 22 de agosto de 2010, com o aval de Hugo Chávez.

O presidente venezuelano é o único governante da região a apoiar terroristas?

O presidente da Bolívia, Evo Morales, hospeda uma academia de treinamento de milicianos patrocinada pelos iranianos. Essa escola foi inaugurada recentemente pelo infame ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi, identificado como um dos arquitetos dos atentados contra alvos judaicos em Buenos Aires, nos anos 90. Tanto a Bolívia quanto o Equador estão permitindo que o Irã realize movimentações supostamente comerciais em seus territórios. A mais preocupante delas é a exploração de minérios estratégicos, como urânio. Essas operações suspeitas podem ser úteis para acelerar o programa nuclear iraniano. Além disso, o comércio entre a Argentina e o Irã aumentou dramaticamente nos últimos anos. Temo que, com o crescimento dos interesses comerciais, exista a possibilidade de que as preocupações com segurança esmoreçam.

A Justiça argentina ainda tenta prender e julgar os diplomatas iranianos autores de dois atentados nó país. O senhor acha que esse comportamento pode mudar?

Os argentinos estão totalmente cientes das atividades do Irã em seu território. Os atentados contra a Embaixada de Israel e o Centro Judaico de Buenos Aires, em 1992 e 1994, são prova disso. Por isso, o Judiciário da Argentina pediu a emissão de um mandado internacional de prisão pela Interpol. Mas, francamente, algumas operações do governo argentino com o Irã são muito suspeitas. A principal delas é o acordo de cooperação na área nuclear assinado entre os dois países. Espero que a descoberta pelo DEA de que poderia haver também outro ataque em Buenos Aires coloque a Casa Rosada em alerta.

Por que o Irã e o HezboIlah escolheram a América Latina como campo de operações?

A proximidade com os Estados Unidos torna a região atraente. O presidente Hugo Chávez, como já disse, também vem construindo uma aliança estreita com o Irã, como forma de fortalecer sua agenda antiamericana. Além disso, ele usou os petrodólares de seu país para abrir as portas da Bolívia e do Equador para o Irã. Como se não bastasse, os serviços de inteligência locais são ineficientes e a América Latina tem baixa capacidade de aplicação das leis. Essa combinação transforma os países latino-americanos em solo fértil para terroristas globais. Diante dessas circunstâncias, o governo dos Estados Unidos precisa empenhar-se mais na cooperação com nossos vizinhos amigos e, desse modo, fortalecê-los.

O que o senhor pode dizer sobre o Brasil?

Há evidências claras de que Mohseo Rabbani, um agente das Forças Quds envolvido nos atentados perpetrados em 1992 e 1994, esteve no Brasil duas vezes nos últimos dois anos. Embora proibido de sair do Irã, por causa de um mandado de prisão expedido contra ele pela Interpol, Rabbani se vale de documentos falsos para entrar no Brasil pela fronteira venezuelana. Isso tem de ser motivo de preocupação. Relatórios oficiais dizem que Rabbani e seu irmão, Mohammad Baquer Rabbani Razavi, com residência fixa no Brasil, recrutaram dezenas de jovens pobres brasileiros para sua causa extremista. Sabemos que Razavi, apesar de ser xiita, uniu-se a líderes sunitas para dar suporte às operações do Hezbollah na Tríplice Fronteira. Eu espero que as autoridades brasileiras parem de negar a existência de extremistas no país e passem a considerar a crescente atuação de organizações terroristas na América Latina. A própria segurança de cidadãos brasileiros está em jogo. O governo do Brasil não pode ignorar essa ameaça.

Qual é o risco para o Brasil?Dentro em breve, o país será palco da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Obviamente, isso transforma o Brasil em alvo tentador. É um erro subestimar esse fato. A presença de redes terroristas em território brasileiro obriga as autoridades responsáveis pela segurança a aumentar sua atenção. O Brasil, ou qualquer outra nação, não está imune a atentados. A comunidade internacional deu um voto de confiança ao Brasil e espera que o país não falhe em garantir a integridade física dos atletas e do público da Copa e dos Jogos Olímpicos. Rezo para que as autoridades brasileiras deixem de cometer o erro de ignorar o terrorismo. O risco para o país é real e iminente.

A rebelião dos mimados - REVISTA VEJA


A rebelião dos mimados 
 REVISTA VEJA

Com roupas de grife e donos de carros caros, estudantes depredam a USP porque querem fumar maconha sem ser incomodados
MARCELO SPERANDIO

Ele usa um moletom da grife americana GAP, óculos de 500 reais da italiana Ray Ban e exibe um sorriso de quem está com a vida ganha. Na imagem acima, o "rebelde" esparramado na cadeira é o retrato fiel do grupo de estudantes que, às 23h55 da última terça-feira, invadiu a reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Como crianças que não aceitam ser contrariadas, eles resolveram partir para a bagunça e a pirraça. O estiloso garoto mimado da USP juntou-se a outros cinquenta birrentos que arrombaram a porta da garagem da administração central da universidade e, com pedaços de pau nas mãos, deixaram um rastro de destruição por onde passaram. Tudo porque eles querem - mas, coitadinhos, a lei não deixa - que o campus da Universidade de São Paulo não seja mais policiado pela PM e se torne um território livre para fumar maconha. A maioria dos vândalos escondeu o rosto atrás de um capuz, mas o rebelde de GAP preferiu não contaminar o visual.

Em apenas um dia entre os manifestantes, VEJA constatou que vários deles são filhinhos de papai que circulam em carros cujo preço supera 50000 reais. Entre os "rebeldes" que saíram da reitoria ocupada para tomar banho, trocar de roupa e comer um prato quentinho em casa (revolução tem limite), um assumiu a direção de um Polo Sedan e outro embarcou em seu Kia Soul. Os invasores representam só 0,06% dos 80000 estudantes da USP. A maioria dos alunos é a favor da presença da PM no campus. Em maio, antes de a polícia patrulhar intensivamente a USP, o estudante Felipe de Paiva foi assassinado em uma tentativa de assalto na universidade. Zélia de Paiva, mãe de Felipe, vê os protestos como capricho de uma minoria que quer usar drogas impunemente, pondo em risco toda a comunidade universitária. "Se a polícia já estivesse na USP no dia em que meu filho foi morto, talvez ele estivesse vivo", diz Zélia.

A baderna teve início na quinta-feira 27, quando policiais flagraram três alunos consumindo maconha. Para evitar que o trio fosse levado a uma delegacia, um grupo tentou intimidar os policiais, cercando a viatura e começando a arruaça. Em poucos minutos, um carro de som do Partido da Causa Operária (PCO) apareceu e pôs-se a incitar a violência. A turba apedrejou a viatura. A PM reagiu. O prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas foi invadido. Depois de uma assembleia em que se decidiu pela desocupação, os "rebeldes" mimados invadiram a reitoria. A Justiça determinou a reintegração de posse do prédio. VEJA gravou um desses mauricinhos falando o seguinte: "A PM não vê quem fuma, ela procura. Se a questão é segurança, por que procurar maconheiro, gente?". Esse menino precisa de castigo, papai.

GUSTAVO IOSCHPE - Só mais dinheiro não resolve


Só mais dinheiro não resolve
GUSTAVO IOSCHPE
REVISTA VEJA

As três últimas tentativas de fazer um teste para alunos concluintes do ensino médio viraram caso de polícia. Mas esse pode ser o menor dos problemas do ministro da Educação, Fernando Haddad. No MEC de Haddad, a solução para todos os problemas é sempre a infusão de mais dinheiro público em uma máquina perdulária e incompetente. A marca do bom gestor é fazer mais com menos. Haddad é a antítese disso, pois, ao tempo em que o orçamento do MEC explodia, a qualidade do ensino piorava. O ministro gosta de vender como uma vitória da educação o fato de, nos últimos dez anos, o orçamento do MEC ter ido de 19 bilhões de reais para 69 bilhões de reais. Enquanto o dinheiro público jorrava, a qualidade do ensino no Brasil se deteriorava, conforme mostram os números dos levantamentos anuais do Sistema de Avaliação da Educação Básica. Em cinco do total de seis desses levantamentos fica evidente a queda de qualidade. É muito dinheiro para tão pouco resultado. Vejamos as razões disso.

O programa do MEC de merenda escolar passou de 1,5 bilhão de reais em 2006 para 3,2 bilhões de reais neste ano. O gasto mais que dobrou, mas o número de alunos atendidos aumentou apenas 25% no mesmo período.

O Enem é outro caso. A razão pela qual os problemas se repetem há três anos é que seu formato é um convite à falha. É inviável fazer apenas um teste simultâneo por ano, em todo o país, para selecionar os alunos das universidades federais. O MEC argumenta que a culpa do "acidente" deste ano foi a ação criminosa de um professor. Correto. Nenhuma atividade está livre da ação de criminosos. Mas a frequência com que ocorrem problemas no Enem desafia a paciência de alunos e pais de alunos. Desafia a inteligência entender por que o MEC não adota um sistema de aferições feitas em datas variáveis com base em um banco de questões com mais de 40000 delas, de modo que possam ser montadas provas diferentes mas com a mesma capacidade de avaliação do aluno. Hoje, o banco de perguntas do Inep tem apenas 6000 questões. A empresa que fez o pré-teste do Enem foi contratada sem licitação e cobrou quase sete vezes mais do que no ano passado. A previsão de gastos totais da prova para este ano é de 238 milhões - um custo de 45 reais por inscrito. Sabem qual foi o custo das eleições de 2010? 3,61 reais por eleitor. Ou seja, um doze avos do custo per capita do Enem. Apesar do baixo custo, os resultados das eleições saem no mesmo dia, e sem contestações judiciais de monta.

Outro programa inflado é o Prouni, que dá isenções fiscais às universidades particulares que concedem bolsas a alunos carentes. Por que razão O MEC precisa recorrer à iniciativa privada, que responde por cerca de 70% das matrículas do sistema de ensino superior, ignorando seu próprio sistema de universidades federais? Trombeteado como uma redenção, o programa atinge 250000 alunos, o que representa apenas 1% da população brasileira em idade universitária. Apesar das lindas cerimônias de inauguração de universidades federais em locais inóspitos e dos bilhões de reais gastos anualmente para manter as escolas federais, elas continuam um reduto de pouquíssimos, respondendo por 15% do total de matrículas. ou 3% da população em idade universitária.

Mais uma vez o que se tem são gastos elevados produzindo resultados pífios e um sistema que apresenta distorções inexplicáveis. Enquanto a relação aluno por professor é de 17 nas instituições privadas, nas universidades federais, é de apenas 10. Essa diferença é didática. Uma maneira de expandir rapidamente o número de alunos nas universidades federais seria simplesmente abrir mais vagas e admitir mais alunos. Se um professor de universidade federal desse aulas para o mesmo número de alunos do seu colega da rede privada, a capacidade do sistema oficial de ensino superior praticamente dobraria quase sem custos para os pagadores de impostos, correto? Corretíssimo. Para isso, é preciso enfrentar as resistências corporativas das universidades federais - e isso o atual ministro não faz, pois comprar essa briga atrapalha seu projeto político. Haddad é um bravo apenas na hora de gastar dinheiro público e agradar às corporações.

Nove anos depois da queda do Muro de Berlim, em 1998, Haddad escreveu um livro intitulado Em Defesa do Socialismo. Naquele ano, o mundo experimentava já a explosão de produtividade trazida pela populalização da internet e a China já fazia o maior resgate de pessoas da miséria da história humana justamente por ter abandonado o socialismo. No livro, Haddad sustenta que a ideia de que uma pessoa comum possa ser capaz de escolher o que é melhor para si não passa de delírio. Para o socialista tardio Haddad, o povo só avança quando guiado por iluminados líderes socialistas. Escreve ele: "Ao invés de tomar o mercado como um provedor de sinais que indica ao capitalista o que os indivíduos desejam, visão fantasiosa do processo real, os cidadãos, através de seus representantes, devem encontrar uma forma de sinalizar os bens que desejam que sejam objetos de desejo". Chama mais atenção a pobreza da sintaxe do que a indigência das ideias? É difícil responder.

Haddad surpreende mesmo é em sua interpretação sobre a inovação tecnológica, chave do desenvolvimento. Ele não vê valor nela: "A atividade inovadora, ao contrário do falta muito para a vida dos estudantes brasileiros melhorar efetivamente trabalho qualificado, não produz valor. A internalização da ciência ao processo produtivo por meio da contratação, pelo capital, de agentes inovadores não muda o fato de que, por exemplo, o "custo de concepção" de uma nova mercadoria não se confunde com o "custo", medido em trabalho social, de reproduzi-Ia industrialmente, que é a única medida do seu valor". É um assombro. Na visão de Haddad, a ciência aplicada original e inovadora não tem valor, o que conduz à inevitável conclusão de que, para ele, a atual Era do Conhecimento é apenas mais um estágio decadente a ser superado pelo socialismo. Pela mesma visão, a educação - e a imprensa livre que dissemina o conhecimento produzido por ela - precisa ser controlada pelos líderes socialistas. Isso tudo nove anos depois de essas mesmas ideias terem causado a implosão do sistema soviético. Para ser justo temos que admitir que o ministro não deve mais rezar pela cartilha ideológica de seu livro de mais de duas décadas atrás. Mas ele não conseguiu reformular o ensino básico. Vai deixar os alunos brasileiros tão analfabetos quanto os encontrou. Seu maior êxito foi talvez o de instituir a obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia (leia-se: a pregação esquerdizante) no ensino médio, para depois, em manobra diversionista que deixaria seus heróis de vinte anos atrás orgulhosos, reclamar do inchaço do currículo naquele nível.

EUGÊNIO BUCCI - O detestável público


O detestável público
EUGÊNIO BUCCI
REVISTA ÉPOCA

Dizem os pessimistas que a política é um circo – de horrores, talvez. Pois estão errados, e a culpa é, em grande parte, do público.

No circo, a plateia é chamada de “respeitável público” e faz por merecer o tratamento. Ela come pipoca, bate palmas, ri do palhaço, arregala os olhos quando o leão entra no picadeiro, suspira com os volteios da trapezista, de pernas esguias e biografia misteriosa. No circo, o público é família. Mesmo no circo romano, o Coliseu, os espectadores costumavam se dar algum respeito – e eram respeitados pelo imperador, que, vez ou outra, consultava o povo sedento de sangue para saber se um gladiador imobilizado pelo oponente deveria ou não deveria ser executado na arena. Os lutadores e o soberano se dobravam às predileções da turba, que não estava lá para contemplar mesuras e boas maneiras. De sorte que até mesmo ali, a seu modo rude e animalesco, o público era respeitável.

A política de nossos dias não é um circo, nem mesmo de horrores: ela é pior, e isso não porque os políticos desrespeitem o público, mas porque o público abdicou do próprio respeito. Às vezes temos a sensação de que o público em nome do qual se faz a tal política é repugnante, talvez mais do que as pequenas multidões que gargalhavam quando a cabeça dos nobres tamborilava aos pés da guilhotina, no terror da Revolução Francesa. O público é detestável.

Na semana passada, tivemos mais uma prova abrasiva dessa verdade. Imediatamente após a divulgação da notícia de que o ex-presidente Lula contraiu câncer na laringe, entrou em atividade, na internet, um vulcão de baixarias preconceituosas, ofensivas, injuriosas, para agredir um ser humano que adoeceu. Nas redes sociais, um grupo lançou uma campanha para tripudiar. Entre outras maldições, sentenciaram Lula a ir procurar seu tratamento no SUS, e proclamaram: “É melhor ele continuar vivo, ainda que sem voz, e parar de envenenar o mundo com suas palavras ignorantes”.

É claro que não podemos generalizar: não é a totalidade dos frequentadores das redes sociais que se comportam como hienas histéricas, como urubus descompensados, como trogloditas virtuais. Mas é claro, também, que são muitos. São milhares. Tanto que se tornou impossível ignorá-los. Eles constituem um sintoma grave – sintoma em todos os sentidos, do farmacológico ao psicanalítico – em que o ódio de classe atropela o debate das ideias.

Sim, ódio de classe. Quem manda Lula ir se tratar no SUS declara ódio contra Lula e também contra o SUS, contra a lei, contra tudo o que guarde uma reminiscência de assistência social e de pobreza. Esse discurso reedita a velha máxima brasileira: “Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. Traduzindo: o SUS é a lei, e a lei só pode fazer mal; o SUS é como as penitenciárias; todo serviço público é odioso. Essa gente se recusa a admitir que, no SUS, muitos de nós já nos tratamos com sucesso, nem que tenha sido uma única vez na vida, embora a administração pública ainda padeça os males causados pelos ladrões e pelos parasitas incompetentes. Essa gente se enfurece porque Lula foi atendido num hospital de elite, mais ou menos como a personagem caricata da novela das 9, Tereza Cristina, se destempera, aos urros, porque a ex-pobretona Griselda ganhou na loteria e comprou uma casa no mesmo condomínio de luxo em que ela, a afetadíssima Tereza Cristina, tem sua mansão. O detestável público que agora insulta Luiz Inácio Lula da Silva é uma massa ignara de Terezas Cristinas esbravejantes, defendendo aos tapas seu condomínio imaginário. Condomínio que, honestamente, é uma favela moral de palácios com vidro à prova de bala (o SUS é melhor, inclusive para a saúde).

Antes falávamos do câncer e da aids como metáforas de fenômenos menos visíveis. Agora somos forçados a decifrar, na internet, de onde vem a metáfora do ódio e, pior, para onde ela aponta. Um câncer de laringe num líder populista é metáfora? Evidentemente, sim, mas a fúria espalhafatosa que ele atrai é presságio de doença mais preocupante.

Faz décadas, Nelson Rodrigues caçoou de Otto Lara Resende atribuindo a ele uma frase que se tornaria célebre: “O mineiro só é solidário no câncer”. Naquele tempo, o público ia ao teatro. Hoje, o público não sabe o que é solidariedade. Nem no câncer. Se ele não se der ao respeito, não haverá mais política. O debate de ideias sucumbirá ao desejo de exterminar o outro. E a voz do povo será a voz da treva.

WALCIR CARRASCO - Uma noite na Cracolândia



Uma noite na Cracolândia
WALCIR CARRASCO
REVISTA ÉPOCA


São 11 horas da noite de uma sexta-feira. Estou em frente à Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo. O desembargador Antônio Carlos Malheiros chega acompanhado de sua mulher, Cristina. Junta-se a nós o pastor evangélico Daniel Checchio, acompanhado de dois jovens missionários. Vamos percorrer a Cracolândia sozinhos, sem escolta policial. São poucas ruas no bairro dos Campos Elíseos, onde os cachimbeiros, noias, zumbis, como se chamam os viciados em crack, instalaram-se. Quem manda é o crime organizado, cuja lei não escrita determina que lá só se pode comercializar crack, mesclado (com maconha) ou óxi (uma droga próxima ao crack, em cuja composição entra querosene – mais barata e mais letal). Os preços: R$ 5 a pedra de crack, R$ 3 a de óxi. Sem escolta, vamos sentir a realidade da Cracolândia na pele.

Andamos poucas quadras. Paro espantado na esquina da Rua Helvétia. Vejo uma montanha de lixo. Cerca de 700 pessoas esquálidas, sujas, em farrapos, estão encostadas às paredes, nas sarjetas ou andando na rua. Dois grupos tocam pagode. O cheiro de urina e de metal queimado – vindo dos cachimbos aquecidos pelo crack – invade minhas narinas, gruda-se em minha pele. Um carro vermelho para. O motorista faz um sinal. Um homem entrega um pacotinho com algumas pedras. O motorista paga e parte.

Alguém bate em meu ombro, me cutuca as costas. Não me viro. Há casarões invadidos. As janelas e portas foram fechadas por tijolos. Mas nas paredes foram cavadas imensas aberturas. Em um casarão, fico sabendo, moram de 200 a 300 pessoas.

Descubro que estou numa feira miserável. No chão, acumulam-se sapatos velhos, latas de sardinha abertas, pilhas, eletrônicos, pães de queijo murchos, tomates quase podres. Ironicamente, entre a miscelânea, uma revista de alta gastronomia.

Ergo os olhos e vejo a pichação:

WELCOME TO CRACKO CITY

Sinto um arrepio. Neste mundo com leis próprias, um olhar mal interpretado pode resultar em golpes de estilete. Mas é impossível não observar. No meio de um grupo de adolescentes acampado entre cobertores rasgados, vejo uma menina de uns 15 anos, o olhar perdido.

– Deveria estar na escola, constato.

Um casal de negros vende roupas expostas no chão, surpreendentemente limpas. Senta-se num sofá na calçada.

– É onde moram, diz Daniel. Aqui a casa das pessoas é o espaço que conseguem na rua.

Na outra calçada, uma jovem de costas me chama a atenção. Mechas loiras. Veste um bustiê preto e jeans. Olho para seus pés. Botas de camurça. Novas. Provavelmente, de shopping. Ela se volta em minha direção. A pele de seu rosto é dourada, adorna as orelhas com argolas de prata. É linda e muito jovem. Certamente, há pouco tempo ainda morava com a família, tinha a cama arrumada, almoço e jantar, passava temporadas na praia. Agora está ali: os cabelos já sujos, a aparência decaí­da. Encaminha-se para um grupo de homens cadavéricos, imundos. Eles acenam. Ela fará tudo por algumas pedras.

Um homem com uma facada na testa surge na esquina. Pede socorro. Sangra. Um dos missionários o leva a um posto médico a algumas quadras.

Aproxima-se de nós um rapaz de uns 30 anos. Conta que chegou a ficar um tempo livre das drogas. Recaiu, não pela primeira vez, há 28 dias.

– Não vou sair dessa – afirma.

Vem de uma família de classe média. Fala corretamente, é bem articulado. Foi corretor de seguros. Há seis anos está nas ruas. Vive de pedir dinheiro na rua. Vende coisas que cata no lixo.

– Sou soropositivo há nove anos.

– Se você quiser ficar limpo, a gente pode ajudar, diz Malheiros.

– Já tentei, não dá. Eu tenho todos os documentos. Mas perdi a identidade.

Nossa noite na Cracolândia só reafirma a decisão do desembargador Malheiros. Vai implantar tribunais de rua. Usar a autoridade do Judiciário para conseguir reconduzir crianças para suas famílias ou encaminhar para abrigos. Doentes para vagas no sistema de saúde público. Quer entender esse mundo antes de iniciar o projeto. O pastor Daniel aplaude:

– Toda noite morrem pelo menos três pessoas aqui. Mas não adianta algum político mandar a polícia expulsar as pessoas, simplesmente. É preciso um trabalho social.

Volto para casa. Ficamos quase três horas na Cracolândia. Sinto meu corpo pesado. Passo o resto da noite olhando as estrelas do meu terraço. Tenho vontade de chorar. É doloroso conviver com a miséria humana.

HÉLIO GUROVITZ - A comédia grega e os antibióticos brasileiros



A comédia grega e os antibióticos brasileiros
HÉLIO GUROVITZ
REVISTA ÉPOCA


Diante da atual crise na economia global, todos parecem esperar o momento em que a tempestade financeira passará, e a vida voltará ao normal. Há, porém, bons motivos para acreditar que isso ainda vai demorar muito a acontecer. Houve uma brutal destruição de riqueza em todo o planeta. As sociedades ocidentais estão perplexas diante dos fatos, atônitas à espera de uma salvação milagrosa da economia global. E parece evidente que esse tipo de esperança messiânica será frustrada.

A virtual falência da Grécia tornou-se o foco da atual tensão nos mercados. Na semana passada, os gregos protagonizaram um inusitado vaivém. Depois de praticamente ter fechado um acordo com a União Europeia para refinanciar suas dívidas, o (até o fechamento desta edição) primeiro-ministro grego, George Papandreou, decidiu realizar um plebiscito para aprová-lo. Em seguida, pressionado por líderes europeus, voltou atrás, como se fosse personagem de uma comédia grega (leia a reportagem Perdidos no labirinto grego). Nada que pareça estranho a um país como o Brasil, que já viveu uma era de calotes, impenetráveis pacotes econômicos e levou décadas para recobrar sua credibilidade diante dos atores globais. Mas algo absolutamente inusitado para a cultura europeia, acostumada ao cumprimento de contratos e afeita a conceitos pré-medievais, como a honra à palavra empenhada.

Se a Grécia se comporta como uma republiqueta latino-americana, e o Brasil é chamado a participar e a contribuir com recursos para o comitê de salvação pública planetário – foi o que aconteceu na reunião do Grupo dos 20, em Cannes –, é lícito deduzir que algo mudou neste planeta. Mudou mesmo. Temos diante de nós uma oportunidade única. Como a população brasileira ainda é jovem, nosso Estado provedor criado pela Constituição de 1988 (aquela que garante ao povo tudo quanto é direito, menos o direito de saber de onde sairão os recursos para financiá-los) ainda não chegou ao ponto da bancarrota, como a Grécia, a Itália ou mesmo a Espanha. Padecemos, no papel, dos mesmos males que a Europa: corporativismo, sindicalismo, aposentadorismo, inflacionismo, impostorreia e estadolatria. Mas, em nós, a doença ainda está incubada. Temos tempo para tomar os antibióticos.

Os remédios são dois. Primeiro, reformas tributária, fiscal, trabalhista e previdenciária, que tornem nosso país mais competitivo diante da nova realidade global criada pela ascensão das economias asiáticas, sobretudo da China. Segundo, uma educação de qualidade, capaz de tirar nosso povo do lamaçal intelectual e ideológico que emperra nosso crescimento. "Se fizermos isso, o Brasil se tornará a nova fronteira do crescimento global", diz o economista Paulo Guedes, colunista de ÉPOCA. "Temos energia, comida abundante e tudo para criar uma dinâmica própria." A questão, segundo Guedes, é outra: teremos uma classe política capaz de entender isso e formular as respostas necessárias?

E ainda tem mais - REVISTA ÉPOCA



E ainda tem mais 
 REVISTA ÉPOCA

Uma nova investigação na Justiça Federal envolve Agnelo Queiroz em desvios no Ministério do Esporte


Murilo Ramos

A dinâmica dos escândalos em Brasília ensina que, quando o acusado deixa o governo, a
situação arrefece. O caso do Ministério do Esporte contraria essa lógica. Orlando Silva deixou o cargo, mas a crise que chegou a seu antecessor, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está longe do fim. Nos próximos dias, a Justiça Federal receberá um processo em que Agnelo é acusado de receber dinheiro desviado do Esporte para uma organização não governamental – prática denunciada em outros episódios envolvendo a pasta. O caso expõe ainda mais o atual governador, depois de ÉPOCA ter revelado que ele ajudou o policial militar e ongueiro João Dias a montar uma farsa na defesa de um processo sobre desvios de R$ 2 milhões. Agnelo nega a proximidade com Dias, mas foi desmentido pelo conteúdo de gravações telefônicas.

No dia 27 de outubro, o juiz Omar Dantas Lima, de Brasília, determinou o envio do inquérito 018/2008 à esfera federal. Segundo a polícia, o presidente do Instituto Novo Horizonte, Luiz Carlos Medeiros, desviou R$ 3,4 milhões recebidos dos ministérios do Esporte e da Ciência e Tecnologia. De acordo com a testemunha Michael Vieira da Silva, Agnelo recebeu parte dos recursos desviados. Michael diz ter presenciado conversas telefônicas em que Agnelo pedia dinheiro a Medeiros. Diz ainda que Medeiros doou computadores e ajudou a financiar a campanha de Agnelo ao Senado em 2006, ao promover festas com garrafas de champanhe de R$ 300.

“Tal contribuição foi decisiva para que Agnelo repassasse o convênio do programa Segundo Tempo para a ONG”, diz Michael. Medeiros disse à polícia que Agnelo não teve participação na liberação dos recursos para sua entidade. Em nota, Agnelo nega ter recebido dinheiro de Medeiros e diz que não facilitou o convênio. Afirma apenas que Medeiros apoiou sua campanha.

Apesar do testemunho, o delegado Fábio de Farias não citou Agnelo em seu relatório. O promotor Mozar de Souza, porém, discordou e encaminhou a apuração à Justiça Federal. No governo Agnelo, o delegado Farias ganhou uma diretoria da Polícia Civil. O delegado Giancarlos Zuliani, que mencionou o envolvimento de Agnelo com as ONGs de Dias, passou a um posto de menor prestígio. Em meio aos diferentes interesses em jogo no Distrito Federal, a guerra de cargos continua. Na semana passada, Agnelo exonerou 68 delegados da Polícia Civil após a TV Globo divulgar áudios que revelam sua proximidade com Dias.

ANCELMO GOIS - Flora brasileira


Flora brasileira
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 07/11/11

O Jardim Botânico do Rio assinou convênio com o Kew Garden, de Londres, para repatriar amostras digitais de plantas brasileiras levadas daqui por naturalistas estrangeiros no século XIX.
Convênios iguais são assinados com o Museu de História Natural de Paris e com o Jardim Botânico de Nova York. Serão repatriadas umas 400 mil plantas.

Segue...
Somadas às 600 mil digitalizadas no Jardim Botânico carioca, estas 400 mil levadas do país vão compor um herbário virtual com 1 milhão de espécies.
A ação é feita no âmbito do programa Reflora, coordenado pelo CNPq.

FH em campo
Sexta, num jantar no Palácio Laranjeiras, com FH à mesa, Sérgio Cabral fez uma louvação ao seu Vasco por estar no cangote do Corinthians, time de Lula, no Campeonato Brasileiro.
No que o carioca-apaulistado FH reagiu: “Também sou corintiano!” Cabral não se apertou e brindou: “Maravilha! Meu time, assim, homenageia esses dois grandes presidentes!” Ah, bom!

Grande show
O cenógrafo Abel Gomes teria anunciado via Facebook que ganhou a concorrência para as cerimônias nos Jogos do Rio. Coisa de uns R$ 250 milhões. 

O petróleo é nosso
Construtoras do Rio vão liberar seus operários após o almoço na quinta. Prometem mandar uns 50 mil trabalhadores para a passeata contra a tunga dos royalties.

Clara Guerreira
Dois áudios inéditos da cantora Clara Nunes (1942- 1983) acabam de ser descobertos por seu biógrafo, Vagner Fernandes. Um CD com as músicas deve sair pela EMI em 2012, quando Clara faria 70 anos.

Calma, gente
Sexta, na pré-estreia mundial do filme “Xingu”, dirigido por Cao Humburgo e produzido por Fernando Meirelles, no Festival de Manaus, uma notícia trazida aos organizadores quase interrompeu a festa: alguém tinha gravado com uma câmera digital todo o longa. Susto geral, correria pra lá e pra cá, até que se viu que era só um dos índios figurantes do filme que queria levar a cópia para sua aldeia. Ufa...

Estreia de Agamenon
A estreia de “As aventuras de Agamenon, o repórter”, de Victor Lopes, já tem data: 6 de janeiro. Terá pelo menos 300 cópias. O trailer já começa a ser exibido dia 18 agora.

Cuba libre
“Passione” e “Páginas da vida”, novelas da TV Globo, são o assunto do momento em Cuba.

Diário de Justiça
A 15 a- Câmara Cível do Rio condenou a Gan Rio Apoio Nutricional Ganutre, a Maternidade Santa Martha e a Neotin Neonatal a indenizarem com R$ 200 mil o casal Marcele Pinheiro e Marcus Teixeira. São os pais de Letícia, que morreu por “ingestão de solução contaminada”. Outros 19 bebês também foram vítimas, diz o advogado João Tancredo.

Iglesias no morro
Enrique Iglesias, ex-presidente do BID, subiu o Morro do Chapéu Mangueira, no Rio. Almoçou ontem no Bar do Davi. Tomou caipirinhas de abacaxi com hortelã, ic!, e comeu feijoada. Depois, voou para Madri.

Pega ladrão!
Acredite. Aconteceu com a coleguinha Aline Brandão, da FGV. Terça, por volta de 19h, ela caminhava na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, quando dois homens de uns 30 anos a encurralaram num canto e roubaram a sua... pipoca.

Memória da MPB
A PUC-Rio toca um projeto de memória da MPB.
Registrará 100 depoimentos de grandes músicos, sob a coordenação dos professores Célio Campos e Cesar Romero. Já gravaram, entre outros, Gílson Peranzeta e Roberto Menescal.

Quer nabo?
Uma professora do Colégio PH, no Rio, levou frutas e legumes para a sala de aula e perguntou aos alunos, de uns 16 anos, os nomes daqueles alimentos. A maioria só acertou... laranja. Quase todos desconheciam beterraba, nabo e maracujá.

RUY CASTRO - Samba em traje de maiô



Samba em traje de maiô
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 07/11/11 

RIO DE JANEIRO - Em 1938, Assis Valente escreveu e Carmen Miranda cantou: "Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar/ Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar/ E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada/ Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada.
"Acreditei nessa conversa mole/ Pensei que o mundo ia se acabar/ E fui tratando de me despedir/ E sem demora fui tratando de aproveitar", continuava o samba. "Beijei na boca de quem não devia/ Peguei na mão de quem não conhecia/ Dancei um samba em traje de maiô/ E o tal do mundo não se acabou".
Nos EUA, anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar no dia 21 de outubro último. E o tal do mundo não se acabou. A mesma previsão já fora feita para os dias 21 de maio deste ano, 21 de maio de 1988 e 6 de setembro de 1964. Em todos eles, o profeta do baldado apocalipse foi um só: o reverendo Harold Camping, líder da organização "religiosa" Family Network.
A cada vez que Camping faz a previsão, baseada em "cálculos numerológicos" da Bíblia, seus seguidores se desfazem de seus bens e economias e lhe entregam o dinheiro -para se certificar de que serão "salvos".
Com isso, calcula o "Washington Post", mais de US$ 80 milhões entraram na conta de Camping apenas nos últimos anos.
Sempre que, para sua conveniência, o mundo insiste em não acabar, o reverendo rosna e ameaça seus fiéis com um próximo apocalipse pior ainda do que os que já anunciou. Mais valia se esses fiéis, tratando de aproveitar, beijassem na boca de quem não deviam ou dançassem um samba em traje de maiô.
Este colunista desliga a geringonça, saúda o leitor e pede passagem, prometendo voltar no dia 30, se o mundo ainda estiver por aí.

LUPI, O LADRÃO DO MOMENTO


LUPI, O LADRÃO DO MOMENTO

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - SAÚDE - Algo saiu muito errado


SAÚDE - Algo saiu muito errado
 CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O ESTADÃO - 07/11/11 

Comecemos por desejar toda sorte do mundo ao ex-presidente Lula. Quem já passou por essa doença desgraçada sabe como o momento é difícil, mesmo paras os mais fortes. A pessoa precisa se concentrar no tratamento, entender que essa é sua prioridade, mas também não pode ficar inteiramente nisso. Precisa tocar a vida no tempo possível. Lula começou bem, naquele seu estilo positivo. Força! 
Não vamos, portanto, personalizar a questão. É errado fazer isso. Mas há na praça um tema político, social e econômico, do qual já tratamos algumas vezes nesta coluna, e que merece a atenção de todos.
Vamos falar francamente: em um país que mantém um sistema público de saúde, universal, administrado diretamente pelo governo, é no mínimo embaraçoso que as autoridades da República, sem exceção, busquem tratamento na rede privada. 
Não há crime, não é ilegal nem anti-ético em muitos casos - como das autoridades que pagam seus próprios planos de saúde. Mas há situações mais complexas. O Congresso Nacional fornece assistência médica praticamente irrestrita a deputados e senadores e, em muitos casos, a seus familiares. Parlamentares são tratados nos melhores hospitais privados, não raro no exterior, tudo por conta da casa - quer dizer, dos contribuintes. 
Funcionários do Legislativo federal têm planos de saúde, como muitos outros colegas. O pessoal do Ministério da Saúde também não se trata no SUS, mas na rede provida por um convênio particular. Militares vão aos hospitais das Forças Armadas. 
Resumindo: autoridades e funcionários de um determinado escalão para cima não vão ao SUS. Cuidam-se (e de seus familiares) nas redes privadas, com pagamento total ou subsídio do setor público. De novo, não é ilegal. 
O sistema de saúde definido na Constituição brasileira é misto. O básico é o público, universal e gratuito, baseado no princípio: saúde é direito do cidadão e dever do Estado. Subsidiariamente, os constituintes admitiram um sistema privado, como acessório. E foi por pouco.
Havia um forte viés estatizante entre os constituintes de 88. A tendência era de se eliminar o sistema privado, de tal modo que todos hospitais e clínicas passariam ao controle público. Depois, diante do óbvio exagero dessa proposta - e de seu custo, pois seria preciso pagar indenizações para estatizar - passou-se a admitir que a rede privada então existente poderia continuar, mas sem expansão. Após muita negociação saiu o texto que consagra o SUS, mas aceita um sistema privado acessório e, de algum modo, controlado e supervisionado pelo Estado. 
Hoje, esse sistema "acessório" atende quase 50 milhões de brasileiros, na maioria por meio dos planos e seguros de saúde. Mais do que isso. Como demonstram pesquisas feitas com as novas classes médias, um dos sonhos dessas famílias emergentes é justamente poder pagar o plano de saúde para escapar do SUS. (E também uma escola particular). 
Portanto, sem esse sistema privado, a saúde brasileira simplesmente entraria em colapso, milhões de pessoas seriam prejudicadas. Logo, esse "acessório" deveria ser tratado como essencial. E entretanto, as autoridades reguladoras nos governos Lula e Dilma mantém uma atitude, digamos, de bronca pesada com o setor privado. Para resumir: controlam o preço das mensalidades (das operadoras - planos e seguradoras) e exigem a prestação de cada vez mais serviços limitam a receita e impõem ampliação do atendimento, ou seja, dos gastos.
É como se esse sistema privado tivesse que ser punido. Por que? Ora, porque é a demonstração concreta dos fracassos do SUS. O pretexto, como sempre, é que o sistema precisa de regulação e que os consumidores (pacientes) devem ser protegidos da sanha de lucro das companhias privadas. 
Mas o que conseguem? Uma piora do serviço nos planos e seguros mais acessíveis às classes médias e o encarecimento brutal daqueles que dão direito à medicina fornecida por hospitais como o Sírio. 
Assim, quem pode ser curado nos hospitais de ponta? Os muito ricos, que pagam diretamente as famílias de renda alta, que podem pagar planos e seguros de ponta empregados de boas companhias privadas que pagam parte das mensalidades autoridades, funcionários públicos de escalão elevado e políticos lá de cima, financiados pelos órgãos públicos, ou seja, pelos contribuintes. 
Classes médias já vão para os hospitais de segundo nível. E o povão vai para as filas do SUS, para ser tratado com equipamentos e medicamentos inferiores. 
Algo saiu errado, pois há sistemas públicos de saúde que funcionam melhor que o brasileiro, a custos proporcionais. E há sistemas privados mais baratos e mais acessíveis que os nossos. 

AÉCIO NEVES - O paradoxo feminino


O paradoxo feminino
AÉCIO NEVES
FOLHA DE SP - 07/11/11 

No país de Fernanda Montenegro, das saudosas Zilda Arns e Ruth Cardoso, das ministras Ellen Gracie e Carmem Lúcia, de Marina, Marta, Erundina, Benedita, da presidenta Dilma Rousseff e de tantas brasileiras que são referências na nossa sociedade, ainda é demasiadamente dura a vida das mulheres.
Para cada dado que suscita esperança -como a expectativa de vida, que entre elas subiu para 77 anos-, surgem indicadores que reiteram que os espasmos de prosperidade continuam a distribuir benefícios desiguais por escala de gênero, assim como de cor/raça e de instrução.

São desoladores os desequilíbrios no universo feminino radiografados no Anuário das Mulheres Brasileiras (do Dieese) e confirmados agora pelo Fórum Econômico Mundial, cujo ranking de desigualdade entre os sexos mostrou o Brasil em 82ª posição no mundo. Atrás da Albânia, Gâmbia, Vietnã e República Dominicana. Ocupamos a pior posição na América do Sul.

Nos lares brasileiros, 35,2% das mulheres são provedoras (chega a 40,6% nas zonas metropolitanas). O salário delas é 20% menor, em média (R$ 1.423/mês, contra R$ 1.718 do homem). A maioria ainda cumpre a jornada não remunerada das tarefas domésticas.

E foi dentro de sua própria casa que 43,1% das mulheres vítimas de agressão física a sofreram. Em 25,9% dos registros, os cônjuges ou ex-cônjuges são os agressores. A boa notícia é que cresceu o inconformismo: em 2006, a Central de Atendimento à Mulher registrou 46.423 atendimentos. Em 2010, 734.416.

As dificuldades e conflitos enfrentados pelas mulheres vão muito além dos revelados por estatísticas. Termina século, começa século e elas continuam com suas duplas, triplas jornadas como profissionais, donas de casa, mães, companheiras, ativistas.

É conhecido o quanto são reféns do velho dilema entre a qualidade versus a quantidade do tempo a ser dedicado aos filhos, já que intimidade e confiança requerem convivência e, portanto, disponibilidade para serem construídas. Essa realidade é ainda mais grave para as chefes de família que vivem sob o jugo da pobreza. A esses desafios se somam lutas diárias por assistência médica, moradia digna, boa escola e emprego para os filhos.

Por mais diferentes que sejam entre si, essas, entre tantas, são questões do universo feminino ainda longe de serem superadas e que precisam ser solidariamente acolhidas.

Grande parte das desigualdades enfrentadas pelas mulheres depende diretamente de políticas públicas eficientes, sobretudo nas áreas de educação, saúde e segurança. Outras relacionam-se com cada um de nós.

Até porque os desafios que erroneamente colocamos no campo feminino dizem respeito na verdade à sociedade como um todo.

FLÁVIO JOSÉ DE SOUZA BRANDO - A respeito do calote público aqui, na Zona do Real


A respeito do calote público aqui, na Zona do Real
FLÁVIO JOSÉ DE SOUZA BRANDO 
VALOR ECONÔMICO - 07/11/11

O plano de saída da crise na zona do euro, com calote parcial na dívida voluntária da Grécia, foi aceito por bancos privados. Irlanda, Portugal, Espanha também flertam com a crise e o calote, sendo a Itália (US$ 2,7 trilhões em divida soberana) o caso mais sensível. Os europeus falam em buscar dinheiro da China, mas também da Rússia, da Índia e do Brasil (os Brics). Nós temos experiência de "default" em dívidas soberanas de estados sob uma federação?
Sim, bilhões de dólares em dividas públicas estão inadimplentes. O valor exato é desconhecido (inexistem contabilização confiável, provisões, reservas, neste ponto empatamos com a Grécia), mas R$ 100 bilhões vencidos e acima de R$ 500 bilhões em gestação no Judiciário são números aceitos pela maioria dos especialistas em precatórios (ordens judiciais para pagamento de dívidas públicas).
Nosso maior devedor é o Estado de São Paulo (R$ 20 bilhões), e seu endividamento representa 16,28 % das receitas correntes líquidas (RCL). O segundo colocado, é a prefeitura municipal de São Paulo - R$ 16 bilhões, 60% da RCL. O Espírito Santo traz o maior problema proporcional, ultrapassou 100% da RCL.
Já estamos na terceira moratória (8 anos em 1988, 10 anos em 2000 e 15 anos em 2009). Descumprir ordens do Judiciário há muito deixou de ser tabu para Estados e municípios que insistem em recalcular suas dívidas, sempre pelas piores taxas do mercado, e agora até retroativamente. Aprovaram um sistema no Congresso onde o cumprimento de suas dívidas fica limitado a um teto sobre receitas líquidas e prazos absurdos.
Depois de muitos anos, o Supremo Tribunal Federal agora indica, no julgamento da Emenda 62, que poderá enterrar o capítulo histórico desses calotes públicos recorrentes. Surge então o "dilema Kadafi": Se acabar a ferramenta calote para procrastinar o pagamento de dívida pública o que virá depois será melhor ou pior, e para quem?
Estados e municípios não têm caixa para pagar o passivo atrasado a curto prazo, logo a opção é reestruturar suas dívidas a longo prazo, com garantias da União (a nossa Comunidade Econômica). O parágrafo 16 do art 100 da Constituição prevê que "a seu critério exclusivo e na forma da lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e municípios, refinanciando-os diretamente".
Os detentores de precatórios "micados" poderão trocá-los por papéis federais ou estaduais/municipais garantidos pela União, com liquidez imediata e deságios civilizados. A União estará contra-garantida pelos repasses constitucionais federais a estados e municípios. O mercado privado de títulos voluntários públicos brasileiros opera R$ 2 trilhões, logo os precatórios poderão ser absorvidos (risco federal) pelo mercado privado, sem afetar o fluxo de caixa de União, Estados ou municípios. Isso poderia ter sido feito nas administrações FHC, mas não aconteceu: em 1998 a União assumiu R$ 101,9 bilhões de dívidas estaduais de outras naturezas, equivalentes na época a 11,3% do PIB e a 77,9% da dívida líquida de estados e municípios.
Para que não haja um "tsunami" de papéis no mercado a curto prazo, a negociação dos novos papéis poderá ser restrita a resgate curto ou longo conforme escala crescente de valores, e incentivo (inclusive tributário) a sua capitalização em fundos de infraestrutura, construção de casas, aposentadoria, investimentos em tecnologia, etc. Esses papéis poderiam pagar dívidas fiscais atrasadas. A dívida pública ativa representa normalmente de 10 a 20 vezes a dívida passiva (precatórios), e o percentual anual de recuperação de impostos atrasados não passa de 2 %.
Agências de avaliação de risco (rating) em Nova Iorque justificam porque, apesar da patologia descrita, atribuem boas notas ao Brasil: os devedores evitam o tema precatórios, não enviam números auditados e os credores nunca conseguiram cobrá-los. Qualquer credor de precatório, provando o calote continuado e não revelado em pedido de empréstimo ao Banco Mundial ou BID, poderá requerer o reconhecimento da nulidade da operação por fraude, seu vencimento antecipado e, por tabela, de todos outros empréstimos vencendos.
Quanto a direitos humanos, milhões de credores têm tido seus direitos e garantias fundamentais violados (mais de 80.000 credores somente do Estado de São Paulo já morreram sem receber seus créditos) o que também ditaria o cancelamento de contratos internacionais (exigência idêntica a direitos de indígenas e meio-ambiente). Neste cenário, alguns devedores ousam argumentar que os credores da Grécia aceitaram deságio de 50 % do valor de face (mais capitalização de bancos, austeridade fiscal, etc) logo os titulares de precatórios deveriam se preparar para algo do gênero.
Nada mais falso. Os números locais são muito melhores em valor absoluto/relativo (com opções de solução), e os bancos privados compraram voluntariamente dívida grega (cujo endividamento supera 100 por cento de seu PIB). Precatórios não tem origem em decisão de investimento: os credores foram a Justiça reclamar seus direitos e receberam ordens de pagamento.
A dívida pública voluntária brasileira é paga religiosamente e não há justificativa para que a dívida judicial - obrigatória, por definição (e estoque muito menor - fique pendente e escondida. A rigor, seu pagamento teria prioridade sobre as voluntárias. A conjugação de fatores positivos: commodities, reservas naturais e financeiras bilionárias (por volta de US$ 300 bilhões), superação de calotes no passado, mercado saudável recomenda nosso país como participante ativo deste "imbroglio" europeu?
Em termos. Pode ser uma janela para discussão de protecionismo agrícola, subsídios, imigração, pagamento de serviços ambientais e a prática de um viés de "socialismo" definido por Margaret Thatcher como "aquele que dura enquanto houver dinheiro dos outros.."
Por outro lado, o Brasil ainda tem uma enorme carência social e de infraestrutura, na qual incluiria a segurança jurídica. Seja como for, antes de ajudar a Europa (ou a África, quem merece mais?), nós precisamos focar a faxina de nossa própria casa. Calote público nunca mais.

Flávio José de Souza Brando é presidente da Comissão de Defesa dos Credores Públicos do Conselho Federal da OAB e da Comissão de Dívida Pública da OAB/SP

RICARDO SEMLER - A meninada de hoje em dia


A meninada de hoje em dia
RICARDO SEMLER
FOLHA DE SP - 07/11/11 

O que aconteceria se uma criança de quatro anos aprendesse a ler e escrever apenas digitalmente?


"É tão mais esperta, gente! Mexe no computador aos dois anos, quando já fala 300 palavras, entende tudo, já negocia...é uma loucura."
Isso tudo é conversa fiada de avó, que está desculpada de antemão pela condescendência.
Tome-se o tamanho dos seres humanos. Toda geração fica espantada e orgulhosa com os filhos maiores do que os pais. Ora, se a humanidade crescesse apenas dois centímetros a cada geração desde Cristo até agora teríamos todos algo em torno de 3,25 metros de altura!
De fato, a Universidade Ohio fez um estudo com esqueletos e comprovou: o ser humano tem hoje altura média de 1,76 metro, contra 1,71 metro há mil anos! Cresce, portanto, meio centímetro por século, com toda a tecnologia, a medicina e os recursos somados. Ou seja, nada.
É assim com a cabeça da meninada. Da mesma forma que a altura é resultado de disponibilidade de comida, o cérebro dos pequenos se adapta às técnicas e às tecnologias disponíveis. Nada tem a ver com aumento de capacidade intelectual. Certamente o ser humano é tão esperto ou modorrento quanto o foi no ano 1000 e não tem lógica achar os alunos de hoje mais capazes.
O nosso pequeno fez dois anos nestes dias, e encomendei a ele que aprenda 300 palavras nesta semana, pois ele está fixado em duas: "eshte!" -assim, com ponto de exclamação, e "papai", termo que ele usa para se referir a mim... -e ao jardineiro e também ao motorista.
Numa escola pública do interior sugeri um projeto que está em lento desenvolvimento: o de descobrir que mudanças de cognição (pensando nos ciclos do Vigótski, que desenhou isso) ocorrem quando alteramos a ordem da alfabetização.
Alunos têm aprendido a linguagem escrita em dois mundos paralelamente. Começam a brincar com o teclado, que segue um raciocínio de QWERT (do teclado) e não de ABCDE. Aprendem a linguagem com o dedinho estendido, em vez de curvá-lo em torno de um lápis.
Mas o que aconteceria se uma criança de quatro anos aprendesse a ler e escrever apenas digitalmente, para, depois, reforçar esse conhecimento com caligrafia manual? Não há estudo algum no mundo sobre isso, o que é curioso.
Há experiências de aprendizado paralelo digital-manual, mas ninguém sabe que sinapses se formariam, durante essa fase indelével dos circuitos mentais, em termos de cognição. Será que a forma de perceber o mundo seria alterada se a alfabetização inicial fosse feita apenas com estímulos digitais?
É possível que esse processo desemboque em uma maneira diferente de apreender sequências. O digital estimula mais cedo e se veste de moderno, mas isso é progresso? Ou apenas atraso no lúdico?
Ninguém sabe, ninguém experimenta, e a discussão de "vovô viu a uva" continua em voga. Por isso são os avós que se espantam com a esperteza da meninada. Exatamente como há mil anos.

EDITORIAL ZERO HORA - Manobra pró-mensaleiros



Manobra pró-mensaleiros
EDITORIAL
ZERO HORA - 07/11/11 

A vigilância da imprensa expôs a articulação de mais uma tentativa de beneficiar políticos envolvidos no escândalo do chamado mensalão, transformados em réus em processo no Supremo Tribunal Federal. Não há argumento razoável capaz de fazer prosperar a manobra mais recente, que tenta anistiar parlamentares cassados pela Câmara dos Deputados por indícios de participação no esquema denunciado em 2005. A artimanha foi descoberta por jornalistas e denunciada na última sexta-feira. A pauta da Comissão de Constituição e Justiça da própria Câmara, a ser apreciada na quarta-feira, continha a proposta de anistia a três deputados. Todos eles, José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro Corrêa (PP-PE), foram cassados em plenário por oito anos no final de 2005.
O assunto foi incluído na pauta sutilmente, como se tratasse de algo banal, que não despertaria atenções. A manobra envolve, como protagonista, um dos personagens do escândalo de 2005, o deputado João Paulo Cunha, réu do mensalão e atual presidente da referida comissão. É no mínimo incômodo para o Legislativo que uma comissão encarregada de tratar de questões legais seja liderada por um parlamentar processado pela mais alta corte do país. Tal constrangimento é agravado pelo fato de que o deputado permitiu a inclusão em pauta de assunto diretamente ligado ao caso que provocou seu indiciamento. É improvável que, em tais circunstâncias, uma comissão possa atuar com isenção, e que a tal anistia possa ser vista com naturalidade.
Com o flagrante da pauta sorrateira, Cunha apressou-se em dizer que desconhecia o assunto e que a comissão iria reavaliar a discussão da matéria. Ficou claro que o presidente da CCJ foi surpreendido pela imprensa, quando da descoberta do conteúdo da agenda. Ou alguém acredita que o parlamentar ignora a pauta da comissão que lidera? Registre-se que essa não foi a primeira tentativa de livrar os parlamentares da cassação por oito anos, para que possam se habilitar a participar como candidatos ao pleito de 2012. Não só os três cassados, mas todos os 36 denunciados por participação no esquema descoberto em 2005, que garantiria mesadas a políticos da base de apoio do governo, devem agora se submeter ao julgamento da Justiça.
Ao articular a anistia, às vésperas do desfecho do processo no Supremo, que deve ocorrer no próximo ano, os autores da ideia afrontaram indiretamente o Judiciário. É certo que há diferenças, até para que se respeite a independência dos poderes, entre processos políticos, como a cassação pelo Congresso, e jurídicos, como o conduzido pelo STF. A Câmara, no entanto, já submeteu os deputados a julgamento, com amplas possibilidades de defesa. Resta agora aguardar, com serenidade, a decisão soberana do STF.

VINICIUS MOTA - Os bebês da USP


Os bebês da USP
VINICIUS MOTA
FOLHA DE SP - 07/11/11 

SÃO PAULO - A implantação da USP, em 1934, foi um dos maiores acertos da oligarquia paulista. Era um projeto elitista, no sentido modernizador, que agregou núcleos universitários já existentes (direito, medicina e engenharia) em torno de um novíssimo centro nervoso, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Ali, em razão das missões estrangeiras que moldaram professores nativos, deu-se um salto intelectual. A profissionalização de pesquisadores, a adoção de metodologias exaustivas e o mergulho sistemático na tradição filosófica do Ocidente espantaram o diletantismo bacharelesco.

Na FFCL, jovens da classe ascendente -muitos oriundos de famílias imigrantes- fizeram-se intelectuais capazes de influir no destino da nação. A escola formou quadros que tomaram posições em governos. Formou Fernando Henrique Cardoso, mais tarde presidente da República.

É triste testemunhar a decadência sem elegância a que se entrega a faculdade de filosofia, rebatizada de FFLCH. Deixa-se permear por grupelhos semialfabetizados e violentos que impõem a sua agenda sem encontrar resistência à altura. Encanta-se por um bordão do passado, mera forma sem conteúdo, quando clama pela saída da PM do campus.

A polícia representa a tirania? Ou a força legítima que mantém a ordem na democracia? Defendem-se privilégios no campus. Por que razão mágica alguém pego com maconha ali não deveria ser levado à delegacia?

Está livre para o uso de drogas a Cidade Universitária? Significa liberá-la para o tráfico, sem o qual não há consumo -e o tráfico não existe sem crimes conexos, como homicídios.
Instauraremos também a impunidade no campus? Quem destruiu a reitoria pode continuar estudando e trabalhando livremente na USP?

Chega de paternalismo na faculdade de filosofia. Chega de tratar depredadores como bebês inimputáveis. Chega de defender privilégios no campus.

JOSÉ DE SOUZA MARTINS - A ceia dos ausentes


A ceia dos ausentes
JOSÉ DE SOUZA MARTINS 
O Estado de S.Paulo - 07/11/11

São de Galileo Emendábili (1898-1974) dois comoventes conjuntos escultóricos alusivos à morte, para dois túmulos: um, no Cemitério da Consolação, e outro, no Cemitério São Paulo. São representações do lugar social da mãe de família na vida e na simbolização da dor da separação trazida por sua morte, a mãe que não perece, a mãe como centro e referência dos que vivem ao seu redor e ao redor de sua memória.

Na escultura do Cemitério São Paulo, o pai está sentado à cabeceira de uma mesa, propositalmente longa para convidar quem vê a obra a compreender o vazio da morte na ausência de comensais, os filhos que não nasceram, a solidão dos que ficaram. Há no gesto de suas mãos semi-abertas em direção ao comprido da mesa a atitude patriarcal com que tem início simbolicamente a refeição na presença invisível e imaginária de uma protagonista ausente. É o que dá sentido ao ritual de renovação cíclica da vida, alimentada pela memória. Gesto de partilha, da comunhão cotidiana em família. Sobre a mesa há um pão que nos fala da ceia da família como eucaristia e sacramento. À direita do pai, um menino reclina a cabeça em desamparo sobre os braços na mesa apoiados, num gesto de resignada espera na solidão daquela hora litúrgica.

A ceia dos ausentes, de Galileo Emendábili, não se destina a saciar os famintos, mas a anunciar a fome de presença dos que se foram antes do tempo, sem dizer adeus. Nela, o artista não nos fala propriamente dos mortos, mas da vida no débito cotidiano da saudade dos que partiram. Emendábili preferiu não falar da morte como o êxtase do último suspiro, da ruptura que há em tantos monumentos funerários. Antes, preferiu representar a morte como ausência cotidiana dos que amamos, a ausência como carecimento do que nos faz inteiros e humanos.

Já na obra do Cemitério da Consolação, Emendábili nos põe diante de uma representação da morte que completa a obra anterior, mas dela difere. Ali, um pai de família ampara uma menininha com a mão direita e com a esquerda, à altura do coração, faz um gesto de despedida. A menina, de mãos juntas, pede a bênção à mulher que se distancia. Num outro bloco, que sugere lonjura, de mármore travertino, em alto relevo, uma mulher jovem, os cabelos soprados pelo vento, faz um gesto de adeus com a mão direita. Ela está no meio do caminho entre os seus, de um lado, e uma madona dourada com o menino, que no mesmo bloco se situa no lado oposto da trajetória. A direção do vento no cabelo da jovem mulher indica que o alento dos mortos vem dos que ficam. Na fina sensibilidade dessa composição o artista representa a travessia como ato de amor.

Nas representações funerárias da arte de Emendábili não há ruptura. Antes, morte e vida se completam numa bela e imensa ternura, a arte proposta como liturgia da esperança.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Empresa investe R$ 700 mi para explorar mina
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 07/11/11

A Susa Mineração, empresa formada pela indiana Zamin Ferrous e pelas brasileiras DP Projetos e Idepp, investirá R$ 700 milhões nos próximos três anos para explorar minério de ferro em Cruzeta (RN).

O aporte, cujo maior volume virá do investidor indiano, será destinado a projetos na mina, de logística e de ampliação do porto de Natal.

A intenção da empresa é construir um mineroduto de 230 km para escoar a produção. No porto, uma parceria público-privada deve garantir a construção de um píer novo para atracação.

A empresa também espera que a profundidade do mar seja ampliada de 10 metros para 17 metros para poder enviar seus produtos em barcos com capacidade para 75 mil toneladas. O trabalho de dragagem é realizado pelo governo federal. Por enquanto, apenas barcos para 35 mil toneladas podem atracar em Natal.

Em setembro, ocorreu o primeiro embarque. Foram exportadas 32 mil toneladas para a China.

"Mais três embarques sairão neste ano", diz o diretor da Susa e sócio da DP Projetos, José Fonseca de Oliveira.

A empresa projeta produzir até 5 milhões de toneladas por ano a partir de 2013.

"Mas isso está condicionado aos trabalhos de dragagem e logística. Por enquanto, estamos transportando por rodovia, mas isso não será possível quando aumentarmos a produção."

A mina tem 150 milhões de toneladas de minério de ferro, segundo estudos.

ANTES DO NATAL
Com investimentos de aproximadamente R$ 300 milhões, a BR Malls se prepara para inaugurar, no fim deste mês, o Mooca Plaza Shopping, em São Paulo.

O empreendimento será o primeiro de grande porte no entorno e o 44° projeto da companhia.

O objetivo, segundo a empresa, é aproveitar o crescimento imobiliário registrado na região nos últimos anos.

Segundo a BR Malls, todas as 230 lojas do shopping já foram alugadas. Serão seis âncoras e oito lojas com tamanho maior que a média das unidades do projeto.

Grupo projeta três hotéis em uma mesma praia de Alagoas
O grupo Ponta Verde construirá três hotéis na praia do Francês, em Alagoas. O primeiro, que terá 94 apartamentos e receberá investimento de R$ 20 milhões, será inaugurado em julho do próximo ano.

"Escolhemos a praia do Francês por ficar a apenas 20 quilômetros de Maceió e já receber muitos turistas", afirma o presidente do grupo, Mauro Vasconcelos.

Com o novo hotel, serão criados 500 empregos, entre vagas diretas e indiretas. A companhia já comprou os terrenos dos outros dois empreendimentos.

As obras de um deles, que terá 195 apartamentos e investimento de R$ 35 milhões, começarão no segundo semestre de 2012, com duração de dois anos.

A praia do Francês é tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O grupo também é proprietário do hotel Ponta Verde, de Maceió.

TREINAMENTO TERCEIRIZADO
O número de empresas que terceirizam o treinamento de seus funcionários cresceu. Hoje projetos para capacitar empregados duram até dois anos e exigem investimentos que variam de R$ 300 mil a R$ 2 milhões.

Com a maior demanda, a empresa LAB SSJ, consultoria especializada em capacitação, passou a atuar na Europa, nos Estados Unidos e em outros países da América Latina.

"A expansão do serviço atendeu aos pedidos de alguns de nossos clientes", afirma Alexandre Santille, sócio da companhia.

Com 90 projetos em andamento, a empresa espera um incremento de 66,6% no faturamento deste ano. Entre seus clientes, há empresas de setores como aviação, mineração e telefonia.

EMBARQUE DOBRADO
A Abiquif (Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica) pretende duplicar as exportações do setor nos próximos quatro anos e diminuir o deficit comercial, que atingiu US$ 5,3 bilhões em 2010.

A entidade quer alcançar o volume de US$ 4 bilhões em exportações. "O país é grande demandante de remédios. Não acredito que consiga reverter o deficit", diz José Correia da Silva, presidente da Abiquif.

Com a Apex, a associação investirá US$ 6 milhões em pesquisas sobre consumo de remédios no exterior.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

CLAUDIO HUMBERTO

“É uma questão relevante, que precisa ser bem olhada”
Ex-ministra Marina Silva mexendo num vespeiro: a divisão do Estado do Pará

SÓ PARA VIPS
Além de Lula, cujo plano de saúde paga o tratamento contra o câncer no Sírio-Libanês, a Câmara gasta R$ 1,1 milhão para usar serviços do hospital; o Senado, R$ 2 milhões. Sem licitação. Eles merecem.

PODER SEM PUDOR

O ‘DONO DO MENSALÃO’

Maria Christina Mendes Caldeira, que foi casada com o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), mostrou, na prática, que ex-mulher é mesmo para sempre. Certa vez, ao ser abordada na entrada do Senado por uma vendedora de velas ornamentais, ela não deixou por menos, referindo-se àquele que renunciara para não ser cassado:

– Venda para o meu ex-marido, que é dono do mensalão...

ASSESSOR DE LUPI EMPREGOU A MULHER EM ONG
A anarquia gerencial no Ministério do Trabalho atingiu níveis que impressionam. O Palácio do Planalto recebeu a denúncia de que o coordenador-geral de Contratos e Convênios, Manoel Eugênio Guimarães de Oliveira, um dos mais próximos assessores do ministro Carlos Lupi, empregou a mulher, Irany Ferreira de Oliveira, na ONG Confederação Nacional de Evangélicos (Conae), com a qual celebrou convênio milionário para qualificação de mão de obra.

AGORA É COM A PF
A ONG Conae foi denunciada à Polícia Federal por uma testemunha, Geraldo Nascimento, pelo uso de notas frias em prestações de contas.

ONGS PEDETISTAS
Geraldo Nascimento, em acordo de delação premiada, acusou outra ONG ligada ao PDT e a Carlos Lupi: a Fundação Oscar Rudge, do Rio.

O PIRÃO PRIMEIRO
O Brasil é um dos dez piores países do mundo para fazer negócios, segundo o Banco Mundial. Mas depende do tipo de negócios, claro.

HASTA LA VISTA
Cuba, finalmente, permitirá a compra e venda de propriedades. O boom imobiliário, já fortalecido por brasileiros, vai crescer muito em Miami.

GARFADA DA RECEITA DEIXA O SERPRO EM APUROS
O último relatório da Controladoria-Geral da União sobre as contas do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) aponta “usurpação contábil” nas contas. Muito por conta da repactuação para baixo, em 2009, de valores de contratos com a Receita Federal, maior cliente. Um dado alarmante foi descoberto: as despesas chegaram a R$ 261,4 milhões, grande parte como pagamento de ações judiciais.

NO VERMELHO
A CGU constatou ainda que o Serpro acumulou prejuízo de R$ 174 milhões, em 2010. E viu piorar o quadro econômico e financeiro.

GOLPE DIGITAL
Servidores revelam que o prejuízo não vêm à tona há anos, porque a Serpro sempre usou suas reservas de caixa para fechar o balanço.

SALDÃO
Revoltados, servidores dizem que o Serpro priorizou descontos para clientes e não cuidou da infraestrutura, nem qualificou profissionais.

BALAS PERDIDAS
Não vai bem a relação do governador Sérgio Cabral, do Rio, com o seu secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Andam mandando indiretas um para o outro. Antes, reservadamente; agora, publicamente.

AINDA MAIS RICO
A família de Bruno Maranhão vai botar a mão em R$ 45 milhões, pela venda do último grande terreno à beira-mar em Boa Viagem, Recife, onde caiu o avião da empresa NoAr, em julho. Ele é aquele porralouca do “MLST” que liderou a invasão e depredação da Câmara, em 2006.

ESTRADA LIVRE
Agência Nacional de Transportes Terrestres cogita diminuir sua própria estrutura de fiscalização. Para reduzir custos, a ANTT fará convênios para que órgãos estaduais atuem em seu lugar.

CREDÍVIDA
Condenado pelo Tribunal de Contas da União a devolver R$ 120 mil por irregularidades, o ex-prefeito de Pindoretama (CE) José Barbosa (PPS), poderá parcelar o débito em 24 prestações. Se a moda pega...

HISTÓRIAS DE ‘CORONÉIS’
Será lançado em dezembro o livro No Tempo dos Coronéis, de J. Ciro Saraiva, sobre fatos curiosos da política cearense, desde a cassação do deputado Aniceto Rocha – por ter deixado uma cueca na praia de Curiú – às 15 mil nomeações que elegeu Gonzaga Mota governador.

CIUMEIRA
Cresce a ciumeira do PT com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pela demonstração de força, emplacando a mãe, Ana Arraes, no Tribunal de Contas da União. Petistas acham que serão traídos pelo casamento do PSB de Campos com o PSD de Gilberto Kassab.

OUTRO LADO DO BALCÃO
Ex-vice-presidente da TAM, Paulo Castelo Branco pulou o balcão para vender passagens e pacotes turísticos. Seu plano é criar uma empresa que pretende ser maior que a maior do setor.

PENSANDO BEM...
...Lula inventou a presidência por controle remoto.