Tal qual a curva de covid-19, a de fritura de auxiliares de Jair Bolsonaro em relação ao tempo que ocupam os cargos só cresce. O ministro da Saúde, Nelson Teich, superou Regina Duarte. Menos de um mês depois de ter sido nomeado para o lugar de Luiz Henrique Mandetta em plena pandemia, o oncologista já é alvo da máquina de moer reputações do bolsonarismo.
Da mesma forma que a secretária nacional de Cultura, no entanto, Teich não poderá dizer que foi surpreendido pelo método, ou que não esperava que isso fosse acontecer com ele: um ano e quatro meses depois de empossado Bolsonaro, já são inúmeros os exemplos de que aliados só o são enquanto prestam vassalagem incondicional ao capitão. Caso contrário todos, de generais a Sérgio Moro, estão suscetíveis a se tornar saco de pancadas.
A razão pela qual Teich foi colocado no paredão das redes sociais bolsonaristas, cada vez mais delinquentes, é o de que, como médico, nunca poderia coadunar totalmente com a maneira irresponsável com que o presidente conduz o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
O ministro da Saúde pagou um mico público ao demonstrar surpresa com o decreto de seu chefe tornando cabeleireiros, barbearias e academias de ginástica atividades essenciais, e portanto passíveis de serem reabertos em todo o País. Assim como os governadores, não escondeu certa estupefação (há que se dizer que sua expressão sempre afeta certa estupefação, aliás). O fato de ter deixado claro que, por ele, mais essa loucura seria revista, já foi o suficiente para pendurá-lo no pelourinho digital.
Este é um método suicida, além de absolutamente autoritário, de se conduzir um governo. Mas Teich sabia exatamente em que vespeiro estava se metendo quando aceitou substituir um ministro que vinha lidando com a covid-19 de forma técnica e que foi submetido às provações que ele viu Mandetta ser. Agora, como se diz nas redes sociais, só resta constatar: ele que lute.
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