Mais do mesmo. Foi o que se viu em São Paulo 1 x 1 Palmeiras, em Corinthians 1 x 0 CSA e até nos 2 a 1 do Grêmio sobre o Vasco. Inclusive as decisões, entre polêmicas e bizarras, dos árbitros com uso do VAR. E na volta do futebol brasileiro, do campeonato nacional, a única novidade foi o Flamengo de Jorge de Jesus, que, faminto, fez 6 a 1 sobre o Goiás.
Antes que alguém desmereça o time goiano, independentemente de estar longe dos mais caros e fortes da Série A, havia sofrido somente oito gols nos oito jogos que disputou antes da parada para a disputa da Copa América, já que o confronto na casa do Corinthians foi adiado. Em apenas 90 minutos, os esmeraldinos levaram mais meia dúzia de tentos.
Com um elenco de (R$) milhões e muito talento, os rubro-negros mostraram algo que a torcida nem se lembra quando havia visto pela última vez. Um comportamento incomum entre a maioria dos times do país. Aquele apetite de quem faz um gol e quer outro, e mais outro, e outro... Foi assim que o Goiás viveu até o instante final tentando evitar o famoso placar de 7 a 1.
Linhas altas, ou seja, marcação lá no campo ofensivo, pressão no adversário quando este tem a bola, para que ela seja imediatamente recuperada, intensidade o tempo todo, comportamento com o qual não estamos habituados por aqui. Resultado: o Flamengo finalizou 28 vezes, 17 delas na direção do gol, pelos números do Footstats.
Claro, ao avançar seus homens, o time de Jorge Jesus deixou inevitáveis espaços entre sua linha defensiva e o goleiro Diego Alves, que em determinados lances precisou sair da área para interceptar o ataque do Goiás. Nada anormal sendo apenas o segundo cotejo sob comando do português, o primeiro no Rio de Janeiro e em gramado natural.
Não sabemos onde vai parar esse Flamengo de Jesus, mas é um alento ver uma equipe recheada de bons jogadores tirando deles o que se espera: futebol, com fome de gols, desejo pela bola, por atacar, o que a torcida e quem admira o esporte gosta de ver. O fato de a única inovação vir de além-mar é mais um motivo para preocupar os questionados treinadores brasileiros.
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Neymar disse no sábado que sua melhor lembrança pós-jogo é a virada do Barcelona sobre o PSG pela Liga dos Campeões, quando defendia o time catalão e uma goleada por 6 a 1 classificou a equipe, após perder por 4 a 0 na França. A resposta pode ter sido sincera, mas no contexto atual, soa como provocação. E assim foi recebida.
O brasileiro é esperado nesta segunda-feira em Paris, uma semana depois da data estipulada pelo clube para sua reapresentação. O atleta contesta. Fato é que o clima não poderia ser pior. Difícil saber o que Neymar pretende com isso, sendo que seu contrato em vigor tem mais três anos e tendo custado €222 milhões ao Paris Saint-Germain. Que estratégia é essa?
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Uma semana depois de encerrada a Copa América, outro camisa 10, mesmo sem erguer o troféu, está em alta com sua gente. Lionel Messi foi "Maradonizado" durante o certame de seleções, fez graves acusações à Conmebol, mas ganhou incontáveis pontos na Argentina.
A nova postura do craque, questionador, líder, parece ter preenchido uma lacuna. A coluna ouviu jornalistas argentinos para entender o que eles dizem sobre o camisa 10 depois do certame disputado no Brasil.
"Era o Messi que estávamos esperando", resume Nadir Ghazal, do site La Página Millonaria, dedicado ao River Plate.
"Era necessário expor a Conmebol e sua má utilização do VAR. Messi pagou uma dívida com ou povo argentino, se posicionou como um líder, mostrou ainda mais vontade, cantou ou hino, destaca Nicolas Montalá, que escreve no site Racing de Alma.
"Na imprensa muitos gostaram das declarações de Messi. Eu estimo que ele se aproximou da personalidade de Maradona, mas muito pouco", avalia Nacho Peralta, da ESPN e Radio Punto AM 1400.
"Um novo Messi foi grande personagem, sendo o que pedia cada argentino. Ele aproximou-se do pensamento do cidadão comum, que muitas vezes o questionou. Lembrou Maradona ao colocar equipe em seu ombro como capitão e dizer as coisas de frente. Mesmo sem o título, houve satisfação com o desempenho da equipe, que melhorou na competição. Mas o que mais devemos destacar é a atitude de Messi", diz Alejandro Marinelli, das rádios FM UTN 94,3 de Córdoba e AM 740 de Buenos Aires.
"A ‘dieguización’ de Messi foi bem recebida, em geral, por imprensa e torcedores. Ele cantou o hino e isso acabou celebrado como um gol. Questionou a Conmebol, algo comemorado como um título. Acredito que essas atitudes não só o aproximam de Maradona, como do argentino comum, como nós. E gostamos disso.", ressalta Juan Claudio Castro, TyC.
"Ele falou em nome da equipe e do país que representa e não se escondeu. Este Messi representa um capitão real. Ele assumiu a liderança e ganhou uma grande parte da imprensa que reivindicava isso. Mas Maradona e Messi, na equipe nacional, ainda não são muito comparáveis. Maradona venceu uma Copa do Mundo quase perfeita. Mas o relacionamento mudou muito. Este é um Messi para os argentinos, para os fãs. Que fala por todos ou quase todos., rebelde, desafiando todo mundo, falando sem pensar nas conseqüências, quebrando as regras. Ele é mais argentino que o jogador do Barcelona", analisou Juan Vallego, Radio Impacto Cordoba.
"Sem dúvida vimos outro Lionel Messi, sem muito brilhantismo no futebol, mas com personalidade para liderar uma seleção de vários jovens, suas declarações foram precisas e fizeram o povo argentino se identificar com a alegação", disse o jornalista Vasco Gorrochategui.
"O torcedor argentino é sensacionalista, gosta de gestos que não têm nada a ver com o jogo, mas funcionam na frente das câmeras de televisão. Messi nesta Copa América teve gestos que muitos reivindicaram durante anos, como cantar o hino, lutar na quadra com outros jogadores ou declarar em coletiva de imprensa contra quem domina o futebol. Tudo isso era o que Maradona fazia e desta vez ele fez", resume Cristian Del Carril, da rádio A Todo Ciclón."
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