Faltam nomes fortes que proponham uma agenda econômica calcada na realidade
Há um engarrafamento de pré-candidatos no campo liberal conservador. Tentam trafegar nessa avenida nada menos do que Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Rodrigo Maia, além do próprio presidente Michel Temer. Por fora ainda corre Flávio Rocha, das Lojas Riachuelo. Como tudo o que não é vedado pelas leis da física pode acontecer, Luciano Huck ainda poderia mudar de ideia e concorrer.
Tal congestionamento contrasta com a virtual ausência de nomes fortes no campo que eu chamaria de genuinamente liberal, isto é, que proponha uma agenda econômica calcada na realidade e defenda uma pauta progressista nas questões sociais.
Pense num candidato que aceite o beabá da cartilha econômica —ideias bem básicas como a de que não se pode, por muito tempo, gastar mais do que se arrecada— e leve a sério a liberdade, sem medo de defender propostas impopulares como legalização das drogas, descriminalização do aborto, da eutanásia, abolição de delitos como desacato, apologia etc. Ou, pela negativa, alguém que não queira censurar museus, nem endurecer o direito penal e nem se perca em fazer agrados a igrejas.
Se quisermos uma imagem menos abstrata, esse postulante representaria em alguma medida o reverso do que foi a administração de Dilma Rousseff que, por ignorar lições elementares da economia, quebrou o país, e, por covardia política, se mostrou incapaz de avançar significativamente em bandeiras sociais clássicas da esquerda.
Não sou ingênuo a ponto de acreditar que um candidato com essas características teria grandes chances. O Brasil ainda é um país conservador e, pior, que se deixa facilmente seduzir por populistas. Creio, porém, que um concorrente “mainstream” que se apresentasse e agisse como um liberal de verdade contribuiria para melhorar a qualidade do debate eleitoral. Mas, ao que tudo indica, não teremos esse candidato.
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