FOLHA DE SP - 12/08
Na quarta-feira (10), um carro da Força Nacional errou o caminho na Linha Amarela e entrou numa comunidade controlada por traficantes. Estes atacaram e feriram dois soldados, um deles talvez mortalmente. Um aplicativo mandou os soldados entrar por onde não deviam. A Força Nacional recomenda a seus soldados que se guiem por mapas.
O caso lembra o romance "Fogueira das Vaidades", de Tom Wolfe, de 1987, em que Sherman McCoy, um potentado de Wall Street, vai receber sua namorada no aeroporto de Nova York. Na volta, pega uma saída errada na autoestrada e se vê numa zona do Bronx também controlada por traficantes. Ele e a mulher são acossados por dois jovens negros. Tentando escapar, McCoy atropela e mata um deles. Seu mundo começa a desabar.
Nessa época, eu vivia indo a Nova York a trabalho e sabia que deveria ficar longe do Bronx. O que era fácil, porque não tinha nada a fazer lá. Mas havia lugares que me interessavam, como o East Village entre a Primeira Avenida e o rio — as avenidas chamadas A, B, C e D —, das quais fui aconselhado a manter distância, se quisesse continuar vivo. E, poucos anos antes, Jules Feiffer escrevera uma peça de teatro, "Pequenos Assassinatos", sobre os franco-atiradores nas ruas de Manhattan.
Mas Nova York superou tudo isso. O Bronx, hoje, é família. O East Village está cheio de botequins espertos. E Jules Feiffer pode andar sossegado pelas ruas — embora eu não creia que ele passeie pelo Central Park de madrugada.
Por tudo isso, os jornais americanos têm seus parâmetros com que avaliar a violência. O "New York Times", por exemplo, está encantado com o Rio: "É a cidade perigosa com a maior sensação de segurança que você verá na vida". E o "Chicago Tribune": "Em matéria de segurança na Rio-2016, o verdadeiro crime foi a histeria da mídia".
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