Em tempos de crise em ambos os lados da fronteira, Brasil e Argentina têm a chance única de usar o comércio bilateral como propulsor para a retomada do crescimento econômico. As dificuldades enfrentadas pelos dois países criam a possibilidade de maior aproximação para que suas economias possam ser aquecidas por meio do incremento das trocas comerciais. Uma medida urgente a ser adotada é a construção bilateral de uma cadeia produtiva compartilhada, o que certamente proporcionará uma oxigenação nos parques industriais brasileiro e argentino.
Essa produção compartilhada foi a estratégia encontrada por países asiáticos - todos eles participam da criação e confecção de um produto em suas diversas fases - para estimular o desenvolvimento econômico. O crescimento em outras regiões do mundo também se deu pela integração entre os vizinhos, caso da América do Norte e da Europa. Brasil e Argentina têm tudo para incrementar o comércio bilateral, principalmente depois da saída de cena de governos que não tinham uma visão econômica global, presos em suas posições políticas e ideológicas.
As duas nações sul-americanas precisam crescer com celeridade, formar um grande mercado ávido para consumir, e o comércio bilateral pode ser a chave para a retomada do desenvolvimento. Muitos apostam que o troca comercial entre elas seja a maneira mais fácil para a volta do crescimento, que também terá reflexos no aumento da produtividade. Atualmente, mais de 70% do comércio global é feito por meio de bens intermediários que são exportados para serem finalizados em outros países. Esse índice é muito menor na América do Sul e, com produção compartilhada, Brasil e Argentina têm muito a ganhar.
Mas para que esse impulso econômico vire realidade, a questão política não pode ser colocada de lado. As autoridades de ambos os países têm de quebrar protecionismos que barram a livre circulação de mercadorias. Setores que se beneficiam de fronteiras fechadas tudo farão para impedir essa produção compartilhada, que só existirá com a queda das barreiras alfandegárias. O momento é oportuno para a implementação da nova estratégia, pois as duas maiores economias da América do Sul não podem ficar de costas uma para a outra.
Alguns movimentos para uma maior aproximação entre Brasil e Argentina já foram dados, como o acordo automotivo renovado quando da visita do ministro das Relações Exterior, José Serra, ao país vizinho. O projeto que diminui a burocracia nas aduanas (Certificado de Origem Digital) também foi desengavetado, outro passo importante para o incremento das trocas comerciais bilaterais. A oportunidade de os dois gigantes sul-americanos se aproximarem ainda mais não pode ser jogada fora, para o bem dos dois povos.
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