Construir muro para barrar os migrantes que ingressam clandestinamente nos Estados Unidos por meio da fronteira mexicana. Expulsar e impedir os islâmicos, considerados "animais", de entrarem em território norte-americano. Acolher o apoio da reacionária organização Ku Klux Klan, notória por exacerbar o ódio e promover a barbárie contra os afro-americanos. Essas são algumas das muitas declarações e episódios polêmicos que marcam a escalada do candidato republicano, Donald Trump, para tentar suceder o presidente Barack Obama no comando dos Estados Unidos.
O bilionário vem colecionando gafes que o tornaram persona non grata por vários caciques do partido. Embora tenha derrotado todos os opositores nas prévias até a nomeação como representante da oposição na corrida contra Hillary Clinton rumo à Casa Branca, ele mais divide do que agrega os líderes do partido. O megaempresário segue criando inimizades. Caciques da legenda cogitam intervir na campanha, preocupados com os estragos que Trump vem amalgamando ao longo da disputa.
A discórdia semeada pelo candidato ganha espaço. E não à toa. Há poucos dias, ele negou apoio a Paul Ryan, presidente da Câmara, e a John McCain, senador e ex-candidato à Presidência, que buscam a reeleição. Para aprofundar a antipatia que inspira, Trump criticou os pais de um capitão muçulmano morto na Guerra do Iraque, em 2004, quando tentava salvar seus comandados. Na visão dos republicanos, ele deveria manifestar solidariedade à família do militar.
O comportamento reprovável do bilionário vem constrangendo o partido ante os eleitores. O deputado Richard Hanna foi o primeiro a anunciar apoio à candidatura da democrata Hillary Clinton. A decisão poderá aprofundar ainda mais o racha que Trump vem provocando entre os republicanos, que veem a possibilidade de vitória escoar como água entre os dedos.
Diante de uma improvável mudança radical de comportamento que levasse o bilionário à vitória, considerando que nem ele nem Hillary conquistaram mentes e corações dos norte-americanos, o medo de uma administração desastrada não fica restrita aos principais partidos dos Estados Unidos. O temor se estenderia à maioria das nações, tamanha a imprevisibilidade que Trump inspira.
À frente do maior país e da mais forte economia mundial, o que ele não faria com tamanho poder. Se Trump não consegue unir as forças do próprio partido e protagoniza conflitos com os parlamentares, à frente da Casa Branca sua gestão seria desastrosa. O conflito entre Executivo e Congresso poderá mergulhar a mais importante nação do mundo em profundo abismo, com repercursões inimagináveis em todos os países.
Hoje, quando Obama anuncia que dará conhecimento aos candidatos dos segredos de Estado, como determina a legislação, a insegurança é ainda maior. O que Trump não poderá usar para comprometer ainda mais as relações intrapartidárias e as dos Estados Unidos com as nações amigas dos norte-americanos, considerando seus rompantes e verborragia que agridem a todos sem distinção?
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