FOLHA DE SP - 20/08
A aliança do PSDB com o governo de Michel Temer é um tanto esquisita. O partido pretende ter candidato à Presidência da República nas eleições de 2018 e sabe que, provavelmente, estará daqui a dois anos em lado oposto do grupo político do presidente interino.
Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, são hoje a aposta eleitoral do núcleo palaciano, sobretudo se forem bem sucedidos na missão de resgatar do buraco a economia do país.
O PSDB ficou de "mimimi" nas duas últimas semanas. Cobrou maior participação no governo, mais empenho do Planalto na aprovação de medidas econômicas e criticou os recuos (o governo jura que não são recuos) em discussões no Congresso, entre elas a que trata da renegociação da dívida dos Estados.
E Temer, o que fez? Limitou-se a oferecer um jantar no Jaburu à cúpula tucana e prometer uma tal agenda "ousada e corajosa", segundo palavras de Aécio Neves (PSDB-MG).
A principal novidade foi o gesto simbólico de incluir o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), em reuniões sobre temas econômicos.
"O presidente não tem a possibilidade de errar de agora em diante", declarou Aécio, com ar de quem quer mostrar firmeza, mas ciente de que não está dizendo nada relevante.
Seria bem mais honesto se os dois lados abandonassem o jogo de cena. Temer quer o PSDB na base governista porque precisa dos seus votos no Congresso. O PMDB não conta, ao menos por ora, com os tucanos numa chapa presidencial em 2018.
Os tucanos, por sua vez, preenchem o cardápio da política em Brasília com cobranças ao Planalto, mas no fundo só pensam em mirar o apetite eleitoral de Temer e Meirelles.
Se até o instável presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), emite sinais de paz e amor ao governo de Michel Temer, certamente não será o PSDB o protagonista de um rompimento.
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