Advogado de Cunha previu derrota onde ele achou que teria salvação. Nunca o cargo de presidente da Câmara foi tão disputado: 14 deputados pleiteiam a vaga de Eduardo Cunha. E, o que é mais curioso, para um mandato de apenas seis meses e 15 dias.
Contam-se nos dedos de uma só mão, mesmo assim com ampla folga, os candidatos que não são ligados, de uma forma ou de outra, ao indigitado deputado ou que dele nunca dependeram de nenhum favor, ao longo dos seus consecutivos mandatos. Neste último caso, então, o melhor é nem tentar contar, pois dificilmente encontraremos um dedo sequer de uma só mão.
Foram 12 anos e seis meses, até que o Supremo suspendesse seu mandato de deputado, do “Império Cunha”, cujos tentáculos abraçaram a todos os partidos, indistintamente.
Portanto, numa Casa totalmente contaminada por essa influência danosa, dificilmente brotará um presidente sem impurezas. Eis aí a grande questão da eleição da próxima semana.
Esperteza
Não foi a família, como dizem os aliados, o fator determinante para Cunha marcar a renúncia para quinta-feira. Foi um de seus advogados, que traçou para ele o pior dos cenários na Comissão de Constituição e Justiça, após o parecer do relator do recurso.
Cunha, que é conhecido por ser desconfiado, confidenciou a um assessor que, diferentemente dos deputados que pressionavam, o advogado não estava de olho na sua cadeira.
Previu a derrota onde ele achava que teria alguma salvação.
Golpe do baú
Cunha estava negociando com a Câmara primeiro os votos, depois a renúncia.
Os deputados, espertamente, inverteram a ordem.
Primeiro a renúncia, depois os votos. Falta saber se vão entregar.
Regra de dois
Quando admitiu a Temer que queria renunciar, Cunha disse que achava que “teria jogo” na Segunda Turma do STF, onde seu destino está judicialmente selado.
Disse que contava com a garantia de pelo menos dois dos cinco ministros que fazem parte do grupo.
Descoberta
Fora as contas no exterior e todo o passivo no crime, que não admite, Cunha acha que só errou em um ponto: a briga com Rodrigo Janot.
Na mira
Quem acompanha a vida de Cunha, o que não é meu caso, pois tenho outras ocupações, todas republicanas, como a de seguir os passos de Mariana Ximenes e Carolina Dieckmann, revela que suas relações com o doleiro Funaro são iguais às que tinha com Baiano, que o delatou. Agora, só falta esse um.
A casa tem dona
Um assessor próximo a Temer conta que um dos motivos que o levaram a trazer logo Marcela e Michelzinho de mudança para Brasília foi o fato de que o Jaburu tem sido devassado por políticos que, todas as noites, apareciam por lá, alguns sem avisar, para jantar com o presidente interino ou simplesmente bater papo. Com a chegada da primeira-dama, os “folgados” não terão a mesma desenvoltura.
Blefador
Uma autoridade do governo que participa das reuniões para fechar uma proposta de reforma da Previdência ironiza as centrais sindicais: elas vivem do conflito e só falam para elas mesmas.
— Uma coisa é o que o Paulinho da Força fala para os jornais, outra coisa é o que ele fala dentro dos encontros para tratar da reforma — diz a autoridade.
Vou pra PA, tchau!
A presidente afastada, Dilma Rousseff, já tomou pelo menos uma decisão, caso o desfecho do impeachment não lhe seja favorável.
Volta com mala e cuia, no dia seguinte, para Porto Alegre, onde pretende levar a vida normalmente.
O PT e os movimentos sociais contrários a Temer pretendem fazer um bota-fora de arromba, cuja organização não foi divulgada por motivos óbvios: enquanto há votos, há esperanças.
Estrangeira
Por falar em Dilma, na Olimpíada, para não confundir os protocolos de segurança e os cerimoniais locais, ela terá o mesmo tratamento vip dos chefes de Estado estrangeiros.
Só falta o Itamaraty marcar um encontro bilateral dela com Michel Temer.
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