Acumulam-se sinais de que, após dois longos anos, a recessão que assola o país esteja próxima do fim. Com o impulso de fatores externos e domésticos, a confiança de empresários e consumidores ganha corpo e prenuncia tempos melhores adiante.
A julgar pelo índice mensal de atividade econômica do Banco Central, que caiu 0,51% em maio, o segundo trimestre foi encerrado ainda em retração -mais suave, entretanto, que a observada ao longo do ano passado. Espera-se agora um ligeiro crescimento do Produto Interno Bruto nesta segunda metade do ano.
Como é usual nos momentos de transição, há considerável discrepância de desempenho entre setores e atividades, o que dificulta uma leitura precisa.
Em segmentos mais afetados pela queda do emprego e da renda, como o varejo, a saída do fundo do poço tende a demorar mais. Não por acaso, as vendas do comércio ainda não pararam de cair.
Números mais promissores começam a aparecer na indústria, onde o aumento da confiança é mais pronunciado. Indicadores preliminares -extração de petróleo, consumo de energia, importações de máquinas e equipamentos- apontam para alta na produção total de junho, reforçando a recuperação iniciada em março.
A queda da inflação, ademais, deve se acentuar nos próximos meses e permitir o começo de um ciclo de cortes nas taxas de juros antes do final do ano. A queda das cotações do dólar nos últimos meses barateia os produtos importados, enquanto o desemprego freia os preços dos serviços.
Contribui também para o aumento do otimismo o cenário global menos hostil às economias emergentes. Elevação dos preços de matérias-primas e postergação da alta dos juros americanos favorecem a entrada de recursos em países que ainda pagam taxas altas, como é o caso do Brasil.
Não é possível por ora antever o momento e a intensidade da retomada. Os humores empresariais, decisivos para a volta dos investimentos, estarão atrelados ao avanço da agenda de ajuste econômico.
Expectativas favoráveis hoje desanuviam o ambiente, mas resultados mais concretos serão cobrados após o desfecho do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e das eleições municipais.
Levará tempo, de todo modo, até que empresas e famílias consigam se reerguer. Emprego e renda só mostrarão reação visível, na melhor das hipóteses, em 2017. O caminho será longo e acidentado.
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