sexta-feira, julho 15, 2016

Investir na infraestrutura - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 15/07

O governo Michel Temer não pode medir esforços para retomar, o mais breve possível, os investimentos em infraestrutura. Aliado de peso em qualquer projeto de crescimento econômico, o aporte de recursos na infraestrutura do país é fundamental para que a economia nacional volte a crescer em patamares minimamente razoáveis. O país só voltará a conviver com a movimentação de máquinas e equipamentos para a recuperação e melhoria de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, usinas geradoras de energia e tantos outros setores vitais para a economia quando a confiança dos investidores for restabelecida.

O investimento em infraestrutura sempre esteve entre as prioridades dos últimos governos - como a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que nunca atingiu as metas alardeadas pela propaganda oficial -, mas os recursos aplicados não passaram dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB), quando a média mundial beira os 4%. Nas últimas duas décadas, o Brasil investiu, em média, 2,2% de seu PIB em infraestrutura. Para efeito de comparação, no mesmo período a China direcionou 8,5% e a Índia, 4,7%.

O compromisso com a reversão desse quadro foi explicitado pelo governo de Michel Temer, quando da criação de uma secretaria especialmente voltada para destravar os projetos de infraestrutura. Os desafios são enormes, pois o governo tem de trabalhar em cima de uma infraestrutura mais do que precária. Apenas 12% das rodovias brasileiras são pavimentadas, a maioria de má qualidade; a malha ferroviária é pequena e tem sérios problemas de logística; 50% da população não estão conectados à rede de esgoto; e 16% não contam com água tratada.

A mudança desse cenário desolador será uma tarefa bastante árdua, mas o país não pode se furtar a enfrentá-la. E tudo se complica ainda mais com a atual crise fiscal e política que atingiu o Brasil. Se no momento em que o país atravessava uma de suas melhores fases econômicas, quando a economia global apresentava crescimento vertiginoso, o percentual investido em infraestrutura não atingiu o nível desejado, agora tudo fica mais difícil.

A recuperação da confiança dos investidores é de primordial importância, pois o país não tem condições de resolver os graves gargalos do setor sem a colaboração de capital externo. Para que o programa de concessões em infraestrutura possa deslanchar - algo estimado em torno de R$ 200 bilhões -, será fundamental o restabelecimento da credibilidade do Brasil no mercado internacional. Só assim o Brasil retornará à rota do crescimento socioeconômico.


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