ESTADÃO - 20/11
É o pior dos mundos para as empresas e os países produtores de petróleo. A produção do óleo bruto supera a demanda, os estoques se acumulam e os preços desabam. Foi o que mostraram os relatórios mensais da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e as análises semanais do American Petroleum Institute (API) e da Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos.
De mais de US$ 100 o barril em meados do ano passado, os preços caíram para a faixa dos US$ 40/45. Na quarta-feira, a cotação para dezembro do tipo West Texas Intermediate (WTI), negociado na Nymex, era de US$ 40,75 o barril, e a do tipo Brent negociado para janeiro em Londres (ICE), de US$ 44,14.
Grandes produtores como Arábia Saudita e Rússia continuam operando a todo vapor, enquanto países que dependem dos preços do petróleo para não quebrar, como a Venezuela, ou para manter investimentos, como o México, buscam outras fontes de recursos.
Os estoques de 3 bilhões de barris oferecem aos mercados globais “um grau de conforto”, segundo a IEA. Projeções correntes indicam inverno ameno na Europa e nos Estados Unidos, grandes consumidores.
Isso significa demanda menor em 2016, estimada em 95,8 milhões de barris por dia (b/d), apenas 1,2 milhão de b/d acima da deste ano, de 94,6 milhões de b/d, que superou em 1,8 milhão de b/d a de 2014. Segundo a Opep, entre janeiro e setembro, a demanda cresceu 1,6 milhão de b/d e a oferta, 2,5 milhão de b/d. Os estoques nos países da OCDE aumentaram 205 milhões e nos demais produtores, 80 milhões de barris. A Administração de Informação de Energia estimou em 4,2 milhões de barris o crescimento semanal dos estoques norte-americanos, que chegaram a 487 milhões de barris.
Além da superoferta de petróleo, alguns grandes consumidores, como a China, reduziram o ritmo da atividade econômica e acumulam estoques. Também a Índia, cujo crescimento econômico é rápido, passou a estocar mais óleo.
No Brasil, a queda dos preços da commodity no mercado global não tem sido aproveitada pelos consumidores por causa da recessão, da desvalorização do real e da recomposição dos preços da Petrobrás, cujo represamento gerou enormes prejuízos para a estatal. Além disso, ampliou-se no País o uso do etanol, que só nos últimos dias perdia competitividade em relação à gasolina.
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