Brasília estará dividida, neste domingo, dia 1°, entre dois grandes acontecimentos: a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado e o casamento da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Desde o de Marta Suplicy com Luis Favre, em 2003, não havia casamento no mundinho político mais alardeado do que o de Kátia Abreu com o engenheiro Moisés Gomes. A expectativa na semana passada era de uma catedral de Brasília estourando de gente. Nas eleições das duas casas legislativas, o destaque foi a campanha do deputado Eduardo Cunha. Os eleitores são só 513, mas ele esbanjou jatinho. e visitou estado por estado. Somadas, as pompas do casamento de Kátia Abreu e a campanha de Cunha comprovam que caminhamos mesmo para a Mãe de Todas as Crises. Como se sabe desde o Titanic, o que prenuncia a catástrofe não é a proximidade do iceberg, mas a valsa que a orquestra insiste em tocar no salão.
Assim como ao Oscar de melhor filme se opõe o Framboesa de Ouro para o pior, e ao Prêmio Nobel o Ig Nobel, o Carnaval carioca tem seu jeito de destacar os melhores e os piores. Os melhores são honrados como enredo de escola de samba. Neste ano a Vila Isabel vai homenagear o maestro Isaac Karabtchevsky. Os piores viram máscaras no Carnaval de rua. Não que as máscaras estejam reservadas só a eles. Contemplam também heróis do esporte e astros das novelas. Mas, como são feitas para surpreender, e se possível assustar, os vilões são mais eficazes. Em anos recentes, fizeram sucesso a de Saddam Hussein e a de Osama bin Laden. Neste ano os produtores de máscaras investem forte na da presidente da Petrobras, Graça Foster.
Kátia Abreu e Graça Foster são amigas da presidente Dilma Rousseff. Não a títulos iguais. Graça é uma antiga e, com toda a certeza, querida amiga. Kátia Abreu, de opositora, virou aliada recente, o que faz suspeitar de certo açodamento nas proclamações de amizade. Não há nenhuma dúvida, no entanto, de que Kátia Abreu, na iminência do casamento, se comportou como amigona. Primeiro, convidou Dilma para madrinha. Depois, mais amigona ainda, a desconvidou, poupando-a de figurar como a estrela da festança do agronegócio. Já Dilma, com relação a Graça, não se tem comportado com igual magnanimidade. A insistência em mantê-la no cargo passou do limite. Em vez de conforto, é desconforto que oferece à amiga, cada vez mais desencontrada em seu labirinto. Ter virado máscara de Carnaval é o espinho, talvez derradeiro, em seu suplicio.
Avanços no front da Mãe de Todas as Crises: o colunista Elio Gaspari prevê o esfacelamento do sistema político brasileiro, à semelhança do que ocorreu na operação Mãos Limpas, na Itália; o senador José Serra, segundo Ilimar Franco, de O Globo, prevê em conversas reservadas que Dilma não chegará ao fim do mandato; na internet, sempre ela, circulam notícias de planos de evacuação de São Paulo por causa da crise de água. (Evacuação para onde?!)
Morreu no domingo 25 de janeiro, aos 80 anos, o médico Aloysio Campos da Paz Júnior. Nascido no Rio, ele chegou a Brasília dezoito dias depois da inauguração da nova capital. Tinha 25 anos e vinha Brasília. Segundo escreveu num livro de memórias, no dia seguinte subiu na boleia de um caminhão, o único transporte disponível, e pediu que o levassem ao hospital. O motorista parou diante de uma picada e disse-lhe: "Vai por aí que você chega lá". O hospital era um barracão azul com uma estrela vermelha pintada na porta. Atrás de uma cerca, havia outra instituição médica — o Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek. Décadas depois, Campos da Paz transformaria esse "Sarinha" na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação — referência mundial e caso único, no Brasil, de excelência num hospital público e gratuito. A construção de sua utopia custou-lhe uma enormidade de trabalho, de imaginação criadora e de jogo de cintura com os poderosos do momento, mas ele morreu com a convicção de que a obra estava consolidada. Falta a utopia que morava dentro da utopia: a de que o Sarah contaminasse outras instituições públicas de saúde, puxando-as para o mesmo patamar. Se isso ocorrer um dia, o país embarcará na Mãe de Todos os Sonhos.
Assim como ao Oscar de melhor filme se opõe o Framboesa de Ouro para o pior, e ao Prêmio Nobel o Ig Nobel, o Carnaval carioca tem seu jeito de destacar os melhores e os piores. Os melhores são honrados como enredo de escola de samba. Neste ano a Vila Isabel vai homenagear o maestro Isaac Karabtchevsky. Os piores viram máscaras no Carnaval de rua. Não que as máscaras estejam reservadas só a eles. Contemplam também heróis do esporte e astros das novelas. Mas, como são feitas para surpreender, e se possível assustar, os vilões são mais eficazes. Em anos recentes, fizeram sucesso a de Saddam Hussein e a de Osama bin Laden. Neste ano os produtores de máscaras investem forte na da presidente da Petrobras, Graça Foster.
Kátia Abreu e Graça Foster são amigas da presidente Dilma Rousseff. Não a títulos iguais. Graça é uma antiga e, com toda a certeza, querida amiga. Kátia Abreu, de opositora, virou aliada recente, o que faz suspeitar de certo açodamento nas proclamações de amizade. Não há nenhuma dúvida, no entanto, de que Kátia Abreu, na iminência do casamento, se comportou como amigona. Primeiro, convidou Dilma para madrinha. Depois, mais amigona ainda, a desconvidou, poupando-a de figurar como a estrela da festança do agronegócio. Já Dilma, com relação a Graça, não se tem comportado com igual magnanimidade. A insistência em mantê-la no cargo passou do limite. Em vez de conforto, é desconforto que oferece à amiga, cada vez mais desencontrada em seu labirinto. Ter virado máscara de Carnaval é o espinho, talvez derradeiro, em seu suplicio.
Avanços no front da Mãe de Todas as Crises: o colunista Elio Gaspari prevê o esfacelamento do sistema político brasileiro, à semelhança do que ocorreu na operação Mãos Limpas, na Itália; o senador José Serra, segundo Ilimar Franco, de O Globo, prevê em conversas reservadas que Dilma não chegará ao fim do mandato; na internet, sempre ela, circulam notícias de planos de evacuação de São Paulo por causa da crise de água. (Evacuação para onde?!)
Morreu no domingo 25 de janeiro, aos 80 anos, o médico Aloysio Campos da Paz Júnior. Nascido no Rio, ele chegou a Brasília dezoito dias depois da inauguração da nova capital. Tinha 25 anos e vinha Brasília. Segundo escreveu num livro de memórias, no dia seguinte subiu na boleia de um caminhão, o único transporte disponível, e pediu que o levassem ao hospital. O motorista parou diante de uma picada e disse-lhe: "Vai por aí que você chega lá". O hospital era um barracão azul com uma estrela vermelha pintada na porta. Atrás de uma cerca, havia outra instituição médica — o Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek. Décadas depois, Campos da Paz transformaria esse "Sarinha" na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação — referência mundial e caso único, no Brasil, de excelência num hospital público e gratuito. A construção de sua utopia custou-lhe uma enormidade de trabalho, de imaginação criadora e de jogo de cintura com os poderosos do momento, mas ele morreu com a convicção de que a obra estava consolidada. Falta a utopia que morava dentro da utopia: a de que o Sarah contaminasse outras instituições públicas de saúde, puxando-as para o mesmo patamar. Se isso ocorrer um dia, o país embarcará na Mãe de Todos os Sonhos.
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