ZERO HORA - 13/12
É implacável como lição para todos, e não só para os diretamente envolvidos em casos de corrupção, a interpretação do procurador-geral da República para a sucessão de desmandos que atingem a Petrobras, com repercussão em todos os setores do país. Disse o senhor Rodrigo Janot que agentes públicos, empresários e políticos que participaram do esquema de corrupção da Petrobras roubaram o orgulho dos brasileiros. A análise é exemplar: ao transformar a principal empresa estatal num antro de ladroagem, os maus gestores e os aproveitadores mancharam a imagem do Brasil e abalaram o que restava de confiança dos cidadãos nos seus governantes e representantes parlamentares. À comoção pelas perdas com atos criminosos, soma-se um dos piores danos, com efeitos no sentimento de autoestima e na vida do cidadão comum.
O caso Petrobras oferece também outras conclusões inconvenientes para quem, no poder, deveria ter zelado pelo patrimônio público. Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff ironizou, repetidas vezes, um antigo procurador que não dava andamento às denúncias de corrupção, chamando-o de engavetador-geral da República. Sabe-se agora, por informações divulgadas pela imprensa, que o governo e o alto escalão da Petrobras teve, em inúmeras oportunidades, a chance e o dever de prestar atenção a alertas sobre desvios de conduta na empresa, que também foi vítima do descontrole e do aparelhamento político.
É óbvio que os avisos foram ignorados, ou a Petrobras teria sido salva dos saqueadores, na ação articulada por servidores com empreiteiras prestadoras de serviço e políticos que recebiam propinas. Foi assim que o governo engavetou, por omissão, muitas das sinalizações, emitidas das mais variadas formas, inclusive de dentro de Petrobras, sobre atitudes e operações no mínimo suspeitas. A presidente tem agora a oportunidade e a obrigação de ouvir as recomendações de Janot e tomar as providências cabíveis, a começar pela substituição imediata da atual diretoria da Petrobras, que não foi capaz de prevenir e conter o vazamento de recursos públicos para o bolso dos espertalhões.
O Executivo terá de fazer a sua parte, para que pelo menos tente acompanhar a mobilização da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça para o esclarecimento dos fatos. Se não adotar nenhuma providência, estará reprisando o que diz condenar em governos anteriores. A sangria do orgulho brasileiro precisa ser estancada.
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