FOLHA DE SP - 03/11
SÃO PAULO - Um período de vigoroso crescimento da renda na América do Sul dá sinais de estar se encerrando. Ele foi impulsionado, em especial desde o início da década passada, por um impressionante aumento nos preços dos produtos básicos, as chamadas commodities, que os países da região exportam.
O índice agregado dos preços internacionais dessas mercadorias agrícolas e minerais triplicou entre o início de 2001 e o começo de 2012, com um breve soluço em 2009 devido à crise global. Se for tirado da conta o petróleo, o indicador duplicou.
Para cada US$ 100 faturados na venda de uma tonelada desses produtos, obtinham-se US$ 200 passados 11 anos. Um fluxo de renda gigantesco, sem paralelo na história, originou-se do exterior e beneficiou nações especializadas na produção dessas mercadorias, caso de todas na América do Sul.
O dinheiro que veio de fora serviu como propulsor e sustentáculo de uma série de avanços sociais e econômicos registrados nos países sul-americanos no período --da queda do endividamento e da inflação à explosão do crédito, da recomposição do gasto público à diminuição do desemprego e da desigualdade.
A cotação das commodities, contudo, começou a cair discretamente há pouco mais de dois anos. O movimento vem se acentuando ao longo de 2014 e não parece que vai dar trégua tão cedo. Até setembro, o índice calculado pelo FMI havia recuado para os níveis do início de 2008.
O crescimento do PIB sul-americano, que de 2001 a 2013 registrou a média anual de 3,8%, terá desaceleração brusca no biênio 2014-15, para cerca de 1%, de acordo com as projeções mais recentes. Significa a estagnação da renda per capita.
Ao tornar-se escasso o maná que vinha do exterior, vão crescer mais e enfrentar menos tribulações sociais e políticas as nações que saíram mais produtivas desse longo ciclo de bonança. Terá sido o caso do Brasil?
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