FOLHA DE SP - 03/11
BRASÍLIA - Depois de quatro dias de descanso, a reeleita Dilma Rousseff volta à vida real a partir de hoje. Sua equipe torce para que ela retorne ao batente num clima tipo "Sorria, você estava na Bahia", mais alto astral e bem menos estressada.
Amigos mais próximos da presidente estavam preocupados com o nível de estresse da petista depois da eleição. Para quem acabava de ganhar mais quatro anos de mandato, deveria estar só alegria --só que estava tão irritada como sempre.
Motivos ela tem de sobra. A Dilma da campanha é a Dilma original. A que detesta juros em alta, acha rudimentar esta coisa de cortar gastos para acalmar o mercado, não gosta de banqueiros e adoraria governar sem depender do Congresso.
A Dilma reeleita já foi voltando ao mundo real com juros em alta, rombo nas contas públicas a exigir um ajuste fiscal, derrota no Congresso e clima de tocaia em sua base aliada sedenta por espaço no governo.
Em seu primeiro mandato, a petista já travou esta luta interna entre a Dilma dos seus sonhos e a Dilma acossada pela realidade. Batalha que lhe garantiu a reeleição apertada, mas fragilizou a economia na entrada de seu segundo mandato.
O desemprego baixo, a renda do trabalho em alta e a expansão de programas sociais foram vitais para a vitória nas urnas, mas tudo isso foi obtido e mantido até aqui à custa de inflação alta, buraco nas contas públicas e crescimento fraco.
A Dilma original adoraria manter a equação que a reelegeu, mas seu lado pragmático sugere adotar um receituário que não é muito a sua cara para reverter o cenário adverso. Isto caso não queira pôr a perder tudo aquilo que ajudou a reelegê-la.
Qual Dilma irá prevalecer a partir de agora e em que grau saberemos em breve. Depois da semana de descanso, a presidente precisa agir rápido, mesmo que seja por meio de medidas graduais, para não começar seu segundo governo com cara de envelhecido antes da hora.
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