CORREIO BRAZILIENSE - 15/11
A dimensão tomada pelo escândalo da Petrobras exige respostas rápidas e radicais do governo. É preciso dar total amparo às investigações em curso e garantir que sigam até o fim. Mas uma intervenção imediata, com a troca de toda a diretoria, sem prejulgamento, simultaneamente à nomeação de técnicos capacitados e acima de qualquer suspeita poderia ser bem-sucedida tentativa de recomeço. Ou se dissipam já as pesadas nuvens que pairam sobre a empresa, ou a própria desconfiança causará danos ainda mais significativos ao patrimônio nacional (e aos acionistas).
Na sétima fase, a Operação Lava-Jato abalou ontem as consciências civilizadas do Brasil e do mundo como se o escândalo nascesse ali, como se o descoberto antes fosse café pequeno. Nesse diapasão, o que esperar do amanhã? Essa expectativa desserve ao país. E apenas interessa a especuladores. A companhia cuja história orgulha os brasileiros e alcançou o respeito da comunidade internacional não pode sucumbir nos subterrâneos da corrupção sem trégua que campeia na máquina pública. O único capítulo final admissível é a transformação do episódio numa oportunidade ímpar para virar a página borrada da vida nacional.
Como convinha, os mandados de prisão, busca e apreensão emitidos ontem não pouparam corruptos nem corruptores. Figurões da estatal e grandes executivos da iniciativa privada viram-se, de repente, sob implacável cerco da Polícia Federal (PF). Centenas de milhões de reais foram bloqueados, e bens, apreendidos. Um delegado comemorou o feito nomeando a data como "dia do juízo final". Um procurador da República avaliou que o Brasil está ficando "mais republicano". De fato. Republicano mesmo o país será quando a impunidade se tornar exceção.
A Operação Lava-Jato investiga esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Rastrear cada centavo é imperioso. Identificar e punir todos os culpados, idem. Devolver ao erário os recursos desviados, igualmente. Mas é preciso ir além. Por maior que seja a Petrobras, salvá-la não é o suficiente. Não se toma de assalto uma empresa desse porte, espécie de joia da coroa do império, sem facilidades que não se pode permitir que contaminem o todo. A hora é de expurgar o mal pela raiz.
O Estado brasileiro pede socorro. Basta de desmandos, de incompetência, de corrupção, de desperdício. A presidente reeleita está convocada a resgatar a nação. Como liderança ungida pelas urnas, cabe a ela as providências cabíveis. Dilma Rousseff tem a desvantagem de ver o próprio governo imerso nesse mar de lama e a chance de novo mandato para reagir. Mas o próximo governo não pode esperar: foi antecipado pela crise. Que a mandatária corresponda à confiança a ela conferida pelos eleitores.
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