FOLHA DE SP - 19/10
Paremos para pensar: Paulo Roberto Costa só terá sua pena reduzida se o que disser for verdade
Faltando sete dias para que decidamos, com nosso voto na urna, quem governará o país, parece-me necessário nos lembrarmos de que nem sempre o nosso interesse pessoal imediato corresponde ao interesse da sociedade.
E que, por isso mesmo, muitas vezes, ao votarmos só pensando em nosso interesse próprio, votamos contra nós mesmos.
É exatamente desse equívoco que se valem os políticos espertos, que visam o poder pelo poder. A nós, cidadãos, cabe distinguir entre esse tipo de político e o outro, imbuído de espírito público, que deve merecer nosso voto.
Entendo que nem sempre é fácil perceber, no que dizem os candidatos, o que é sincero e o que corresponde a intenções honestas do que é mera embromação. Mas não é impossível, desde que avaliemos, com objetividade, as promessas que fazem, se o que prometem é factível, como têm atuado e quais são os seus aliados.
Dá trabalho, mas compensa, porque só assim se evita que mais vigaristas se tornem legisladores ou governantes.
Esse cuidado, infelizmente, não tem estado presente na escolha que os eleitores fazem dos candidatos. A prova disso está no que a imprensa tem divulgado e que, por incrível que pareça, ainda nos espanta.
Um jornal publicou recentemente a seguinte notícia: quase metade dos candidatos mais votados nestas eleições de agora estão sob investigação policial.
A reportagem informava que 40 dos 108 deputados federais mais votados e senadores eleitos para a próxima legislatura estão sendo investigados pela polícia ou pelo Ministério Público.
As acusações vão desde o desvio de recursos públicos e improbidade administrativa a crime de tortura e falsidade ideológica. Entre os suspeitos, estão ex-governadores, ex-ministros, parlamentares reeleitos e que foram eleitos pela primeira vez.
Todos eles, portanto, detentores de mandatos populares para fazer leis que pautarão a vida de todos nós. E isso, muito embora exista a Lei da Ficha Limpa, que pretende impedir a eleição desse tipo de políticos.
O que se pode esperar de pessoas como essas, transgressoras das leis e dos princípios éticos?
São personagens como esses que se valem da autoridade que lhes foi delegada para infiltrar-se nas empresas estatais e nos ministérios e usá-los em proveito próprio e dos partidos a que pertençam.
É o caso espantoso do que ocorreu na Petrobras e que, a cada dia, escandaliza mais a nação. Às revelações envolvendo figuras e partidos do governo, a presidente da República alegou não poder levar em conta acusações sem prova.
Por sua vez, o PT, principal implicado, tratou de qualificar as denúncias de calúnias.
Paremos para pensar. Essas acusações foram feitas por Paulo Roberto Costa, como delação premiada, que só terá sua pena reduzida se o que disser for verdade.
Se não for, ele não ganhará nada com isso, a não ser, para o resto da vida, o ódio daqueles que acusou injustamente. Para fazer isso, o cara, além de corrupto, teria que ser débil mental.
Sucede que, depois daquelas denúncias, foi divulgado um vídeo em que Paulo Roberto confirma o que foi divulgado antes, acrescentando que as propinas eram de 3% do valor dos contratos firmados entre as empreiteiras e a Petrobras, o que montava a muitos milhões de reais, dinheiro esse que era dividido entre PT, PMDB e PP.
O PT ficava com a maior parte (2%), que era entregue a João Vaccari Neto, tesoureiro do partido. Esse dinheiro, em 2010, financiou a campanha eleitoral do partido, cuja candidata à Presidência da República era Dilma Rousseff.
Sem mais poder negar a procedência das acusações, Dilma passou a afirmar que é graças a ela que a Polícia Federal tem combatido a corrupção, embora seja essa função da polícia que, para exercê-la, não necessita da permissão de ninguém.
Como se não bastasse, passou ela a pôr em dúvida a isenção da Justiça do Paraná, que apura os escândalos da Petrobras.
A Associação de Juízes Federais contestou a acusação de Dilma e a Procuradoria Geral da República, no Paraná, afirmou em nota oficial que a atuação da Polícia Federal e do Judiciário é "estritamente técnica, imparcial e apartidária".
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