ZERO HORA - 05/08
Pela primeira vez na história, o número de eleitores brasileiros com nível universitário supera o contingente de votantes analfabetos. O fenômeno, divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica uma mudança significativa no perfil do eleitorado brasileiro. A perspectiva é de que os cidadãos se mostrem melhor informados e, por isso, mais exigentes na escolha de governantes e representantes parlamentares em outubro. Os analfabetos têm os mesmos direitos que os letrados, conforme determina a Constituição, mas certamente têm menos acesso a informações e às modernas formas de comunicação que se baseiam predominantemente na linguagem escrita.
Mesmo com a mudança detectada no perfil dos habilitados a votar, não deixa de ser preocupante que o país conte apenas com 8 milhões de graduados. E que, apesar dos avanços na educação, continue com 7,4 milhões de eleitores sem condições de ler ou escrever. Ainda assim, um aspecto incontestável é que aumentou a participação de todas as faixas de votantes com escolaridade considerada alta, ao mesmo tempo em que houve redução em todos os segmentos de menor escolaridade. No caso do eleitorado com nível universitário, o acréscimo foi de 54,6% desde a última eleição geral, o maior em todas as faixas. A notável expansão no número de brasileiros com ensino superior tem um impacto importante no grau de conscientização dos eleitores, que os candidatos precisam levar em conta.
As estatísticas demonstram também que, mesmo depois de terem liderado as mobilizações de rua em 2013, os jovens eleitores se mostram pouco dispostos a canalizar suas reivindicações por meio do voto. O contingente de habilitados a votar com menos de 18 anos foi o que mais se reduziu de 2010 para 2014. Isso significa que os inconformados com a falta de atenção à agenda dos protestos intensificados em junho do ano passado não acreditam que os políticos possam se encarregar de contemplá-la. Esse aspecto também serve de recado para quem está em campanha por todo o país.
Historicamente, muito do inconformismo de parcela dos brasileiros com a qualidade da política e dos políticos no país tem sido atribuído ao baixo nível educacional da população, de maneira geral. A perspectiva de reversão desse quadro, de forma acelerada, gera uma expectativa favorável sob o ponto de vista de maior qualificação dos eleitores, que desafia candidatos a cargos eletivos.
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