CORREIO BRAZILIENSE - 24/07
Vinte e quatro anos depois da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é de perguntar-se o que tem feito o Estado para cumpri-lo. Afinal, onde estão as "políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência"? Onde estão o "direito a proteção à vida e à saúde"? Fracassadas essas etapas, onde estão os alojamentos de ressocialização "em condições adequadas de higiene e salubridade", com acesso a escolarização, profissionalização e atividades culturais, esportivas e de lazer?
Como tantas outras no país, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, é uma ficção. Embora das mais avançadas do planeta relacionadas à juventude, foi posta pelas autoridades no rol das legislações que não pegaram - um direito, na prática, inexistente. Seja por omissão, seja por má vontade, é solenemente ignorada, quando não invocada de maneira errônea, com o propósito único de desmoralizá-la. É o caso do policial que, diante de infração grave cometida por um menor, alega nada poder fazer, por se tratar de "protegido do ECA". Faz de conta que, embora penalmente inimputável, o jovem está, sim, sujeito a medidas socioeducativas.
A questão é que, mais uma vez, o Estado é omisso. Sem condições de cumprir a lei, por não dispor de ambientes em número e condições adequados para atender às exigências ali implícitas, abusa da esfarrapada e conveniente desculpa. Num círculo vicioso, o ECA vai caindo no descrédito, criticado inclusive pela sociedade, que, descrente, em vez de cobrar sua plena implantação, contribui para manter o status quo, com famílias desestruturadas, sistema educacional fracassado, estabelecimentos de reeducação ineficazes.
No Distrito Federal, o pesadelo de quase quatro décadas denominado Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado) foi demolido apenas quatro meses atrás. Mas, como um fantasma, sustentado no macabro histórico de 30 adolescentes e dois servidores mortos em suas dependências, segue ameaçador. É que, apesar do pouco tempo de vida, seus sucessores - unidades de internação distribuídas entre o Plano Piloto e outras regiões administrativas - já apresentam os velhos problemas de sempre, com superlotação, fugas, estrutura inadequada e corpo de funcionários aquém das necessidades.
Em outras palavras, o Caje mudou de endereço. Módulos sem ventilação, quartos sem saída de emergência, ausência de hidrantes, falta de acesso a viaturas e superlotação são problemas apontados pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo. A Secretaria da Criança nega que as unidades estejam superlotadas e que faltem funcionários. Mas informa contar com a Vara da Infância e da Juventude no quesito lotação e admite precisar de reforço de pessoal para atividades suplementares e educacionais. O fato é que, no curto tempo de vida, as unidades de internação registram fugas e planos de evasão abortados. Daí para rebeliões e mortes pode ser um pulo.
Como tantas outras no país, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, é uma ficção. Embora das mais avançadas do planeta relacionadas à juventude, foi posta pelas autoridades no rol das legislações que não pegaram - um direito, na prática, inexistente. Seja por omissão, seja por má vontade, é solenemente ignorada, quando não invocada de maneira errônea, com o propósito único de desmoralizá-la. É o caso do policial que, diante de infração grave cometida por um menor, alega nada poder fazer, por se tratar de "protegido do ECA". Faz de conta que, embora penalmente inimputável, o jovem está, sim, sujeito a medidas socioeducativas.
A questão é que, mais uma vez, o Estado é omisso. Sem condições de cumprir a lei, por não dispor de ambientes em número e condições adequados para atender às exigências ali implícitas, abusa da esfarrapada e conveniente desculpa. Num círculo vicioso, o ECA vai caindo no descrédito, criticado inclusive pela sociedade, que, descrente, em vez de cobrar sua plena implantação, contribui para manter o status quo, com famílias desestruturadas, sistema educacional fracassado, estabelecimentos de reeducação ineficazes.
No Distrito Federal, o pesadelo de quase quatro décadas denominado Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado) foi demolido apenas quatro meses atrás. Mas, como um fantasma, sustentado no macabro histórico de 30 adolescentes e dois servidores mortos em suas dependências, segue ameaçador. É que, apesar do pouco tempo de vida, seus sucessores - unidades de internação distribuídas entre o Plano Piloto e outras regiões administrativas - já apresentam os velhos problemas de sempre, com superlotação, fugas, estrutura inadequada e corpo de funcionários aquém das necessidades.
Em outras palavras, o Caje mudou de endereço. Módulos sem ventilação, quartos sem saída de emergência, ausência de hidrantes, falta de acesso a viaturas e superlotação são problemas apontados pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo. A Secretaria da Criança nega que as unidades estejam superlotadas e que faltem funcionários. Mas informa contar com a Vara da Infância e da Juventude no quesito lotação e admite precisar de reforço de pessoal para atividades suplementares e educacionais. O fato é que, no curto tempo de vida, as unidades de internação registram fugas e planos de evasão abortados. Daí para rebeliões e mortes pode ser um pulo.
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