CORREIO BRAZILIENSE - 13/07
As expectativas em torno da reunião de cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), esta semana, em Fortaleza, são de resultados bastante mais produtivos do que protocolares, o que, por si, é bom sinal. E o grupo demonstra ousadia. Vai anunciar oficialmente a criação de um banco de desenvolvimento e de um fundo de divisas com aportes iniciais totais de, respectivamente, US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões.
Mais: não se trata de blá-blá-blá. Certamente vai levar algum tempo até que as duas instituições passem pelo crivo dos parlamentos, tenham os acordos internacionais ratificados e virem realidade, mas as bases estão criadas depois de tão exaustivas quanto persistentes reuniões, num claro sinal da disposição conjunta de avançar. O prazo para começar a operar está previsto num horizonte de dois anos: nem tão curto que pareça irresponsável ou ilusório nem tão longo que passe a sensação de inalcançável.
Outro aceno importante a observar é que os estados membros se mostram abertos a outros países. Não por acaso, da capital cearense, os presidentes virão a Brasília, onde se encontrarão com colegas de países da América do Sul. Além disso, banco e fundo são lançados não para atender com exclusividade o Brics, mas como alternativa ao mundo em desenvolvimento, hoje dependente do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), historicamente comandados pelos Estados Unidos e pela Europa.
Aliás, outro acerto é fundar as instituições sem a pretensão de substituir as duas principais criações de Bretton Woods, grande acordo econômico mundial costurado no pós-Segunda Guerra pelos países aliados, vencedores do nazifascismo. Ou seja, quando o planeta insiste em seguir uma ordem ultrapassada, pré-globalização, o Brics oferece algo novo, sem a dimensão dos originais, mas também - ao menos teoricamente - sem a aspiração de concorrer com eles. Oxalá a anunciada intenção se confirme e as instituições surjam com viés global, livres de dirigismos ideológicos.
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são realidades sociais, políticas, econômicas e culturais diversas. Essa, a maior pedra apontada pelos céticos como obstáculo intransponível à união dos cinco países num objetivo comum. O argumento, sem dúvida, é respeitável. Mas, por essa mesma razão, a curta caminhada até aqui é êxito inconteste. Cada uma a seu modo, são potências mundiais, duas delas (Rússia e China), inclusive, com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
De resto, a União Europeia também se faz na soma de diferenças. E há lições a tirar de lá, como o esforço conjunto em prol dos menores e as associações com outros países. O Brics pode inspirar-se e ir além, transformando o potencial multiplicador das cinco economias no eixo de novo padrão de desenvolvimento, sobretudo, sustentável. E se o banco vem aí para financiar infraestrutura, é bom cuidar de priorizar igualmente - senão principalmente - a educação.
Mais: não se trata de blá-blá-blá. Certamente vai levar algum tempo até que as duas instituições passem pelo crivo dos parlamentos, tenham os acordos internacionais ratificados e virem realidade, mas as bases estão criadas depois de tão exaustivas quanto persistentes reuniões, num claro sinal da disposição conjunta de avançar. O prazo para começar a operar está previsto num horizonte de dois anos: nem tão curto que pareça irresponsável ou ilusório nem tão longo que passe a sensação de inalcançável.
Outro aceno importante a observar é que os estados membros se mostram abertos a outros países. Não por acaso, da capital cearense, os presidentes virão a Brasília, onde se encontrarão com colegas de países da América do Sul. Além disso, banco e fundo são lançados não para atender com exclusividade o Brics, mas como alternativa ao mundo em desenvolvimento, hoje dependente do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), historicamente comandados pelos Estados Unidos e pela Europa.
Aliás, outro acerto é fundar as instituições sem a pretensão de substituir as duas principais criações de Bretton Woods, grande acordo econômico mundial costurado no pós-Segunda Guerra pelos países aliados, vencedores do nazifascismo. Ou seja, quando o planeta insiste em seguir uma ordem ultrapassada, pré-globalização, o Brics oferece algo novo, sem a dimensão dos originais, mas também - ao menos teoricamente - sem a aspiração de concorrer com eles. Oxalá a anunciada intenção se confirme e as instituições surjam com viés global, livres de dirigismos ideológicos.
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são realidades sociais, políticas, econômicas e culturais diversas. Essa, a maior pedra apontada pelos céticos como obstáculo intransponível à união dos cinco países num objetivo comum. O argumento, sem dúvida, é respeitável. Mas, por essa mesma razão, a curta caminhada até aqui é êxito inconteste. Cada uma a seu modo, são potências mundiais, duas delas (Rússia e China), inclusive, com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
De resto, a União Europeia também se faz na soma de diferenças. E há lições a tirar de lá, como o esforço conjunto em prol dos menores e as associações com outros países. O Brics pode inspirar-se e ir além, transformando o potencial multiplicador das cinco economias no eixo de novo padrão de desenvolvimento, sobretudo, sustentável. E se o banco vem aí para financiar infraestrutura, é bom cuidar de priorizar igualmente - senão principalmente - a educação.
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