CORREIO BRAZILIENSE - 12/02
O país está mais perto do que parece de enfrentar um racionamento de energia, ainda perfeitamente evitável. Mesmo que deem certo as preces oficiais para que chova torrencialmente nos lugares certos durante os próximos 40 dias, o custo da seca será alto, com impacto na inflação ou nas contas públicas, caso nada seja feito para conter o consumo.
Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de armazenamento, estão nos níveis mais baixos desde 2001. Foi naquele ano que não funcionaram as apostas do governo Fernando Henrique Cardoso no regime de chuvas, e o racionamento tornou-se inevitável. Segundo o ONS, o volume de água armazenado até domingo (9/2) nas duas regiões era de apenas 37,6% da capacidade, excepcionalmente baixo para esta época do ano.
A esse quadro preocupante de queda da geração, soma-se o aumento do consumo, que vem sendo inflado pelas políticas de crédito facilitado e de desonerações tributárias. As ondas de calor que se prolongam em quase todo o país estimulam o gasto da eletricidade que move ventiladores, aparelhos de ar condicionado e refrigeradores.
Assim, nem o baixo nível da atividade industrial ajudou. A saída, mais uma vez, foi acionar e não desligar tão cedo as usinas termelétricas. Boa parte delas, saldo do racionamento de 2001, foram instaladas para suprir apenas emergencialmente as deficiências do sistema. Algumas são poluidoras e praticamente todas geram energia mais cara. A diferença será paga, como sempre, pela sociedade.
Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que o impacto médio desse custo sobre as contas de luz deverá ser 4,6% este ano, além do gasto que será empurrado para o Tesouro Nacional. A Anatel prevê despesas de R$ 17,9 bilhões com o fundo que cobre os dispêndios do setor elétrico, que inclui o desconto de 20% nas tarifas decretado pelo governo em 2013.
Desse total, R$ 12,3 bilhões serão cobertos com receitas vindas de pagamentos de cotas pelas empresas para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Elas terão a ajuda no valor de R$ 9 bilhões do Tesouro, já previstos no Orçamento da União. Sobram R$ 5,6 bilhões a serem cobertos diretamente pelos consumidores.
A esta altura, será perda de tempo discutir os erros de planejamento, a demora em definir os marcos do setor e a imposição de perdas às geradoras provocadas pela antecipação da renovação das concessões. Mais urgente e mais proveitoso para o país será reconhecer o tamanho do problema e ouvir os especialistas que sugerem ser este o momento de o governo assumir o papel de liderança e convocar a adesão da sociedade a um programa de racionalização do consumo.
Nunca é desdouro agir com responsabilidade e transparência. A escassez de chuvas é realidade percebida por todos, não há razão para negá-la. Uma campanha honesta de conservação de energia poderia economizar R$ 8 bilhões ou mais a serem gastos com as termelétricas, segundo especialistas ouvidos pelo Correio. Por que não fazê-la?
Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de armazenamento, estão nos níveis mais baixos desde 2001. Foi naquele ano que não funcionaram as apostas do governo Fernando Henrique Cardoso no regime de chuvas, e o racionamento tornou-se inevitável. Segundo o ONS, o volume de água armazenado até domingo (9/2) nas duas regiões era de apenas 37,6% da capacidade, excepcionalmente baixo para esta época do ano.
A esse quadro preocupante de queda da geração, soma-se o aumento do consumo, que vem sendo inflado pelas políticas de crédito facilitado e de desonerações tributárias. As ondas de calor que se prolongam em quase todo o país estimulam o gasto da eletricidade que move ventiladores, aparelhos de ar condicionado e refrigeradores.
Assim, nem o baixo nível da atividade industrial ajudou. A saída, mais uma vez, foi acionar e não desligar tão cedo as usinas termelétricas. Boa parte delas, saldo do racionamento de 2001, foram instaladas para suprir apenas emergencialmente as deficiências do sistema. Algumas são poluidoras e praticamente todas geram energia mais cara. A diferença será paga, como sempre, pela sociedade.
Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que o impacto médio desse custo sobre as contas de luz deverá ser 4,6% este ano, além do gasto que será empurrado para o Tesouro Nacional. A Anatel prevê despesas de R$ 17,9 bilhões com o fundo que cobre os dispêndios do setor elétrico, que inclui o desconto de 20% nas tarifas decretado pelo governo em 2013.
Desse total, R$ 12,3 bilhões serão cobertos com receitas vindas de pagamentos de cotas pelas empresas para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Elas terão a ajuda no valor de R$ 9 bilhões do Tesouro, já previstos no Orçamento da União. Sobram R$ 5,6 bilhões a serem cobertos diretamente pelos consumidores.
A esta altura, será perda de tempo discutir os erros de planejamento, a demora em definir os marcos do setor e a imposição de perdas às geradoras provocadas pela antecipação da renovação das concessões. Mais urgente e mais proveitoso para o país será reconhecer o tamanho do problema e ouvir os especialistas que sugerem ser este o momento de o governo assumir o papel de liderança e convocar a adesão da sociedade a um programa de racionalização do consumo.
Nunca é desdouro agir com responsabilidade e transparência. A escassez de chuvas é realidade percebida por todos, não há razão para negá-la. Uma campanha honesta de conservação de energia poderia economizar R$ 8 bilhões ou mais a serem gastos com as termelétricas, segundo especialistas ouvidos pelo Correio. Por que não fazê-la?
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