O GLOBO - 06/01
"Ele não tem o traquejo para isso"
Fernando Henrique, sobre a hipótese de Joaquim Barbosa ser candidato a presidente
No final do ano passado, em conversa com um amigo a bordo de um avião que os conduzia ao Rio de Janeiro, Eduardo Campos, governador de Pernambuco e aspirante a candidato à Presidência da República pelo PSB, desabafou num momento de irritação: "Não aguento mais ouvir dos meus interlocutores: 'A Marina está de acordo?' Há momentos em que eu, simplesmente, não entendo o que ela fala. Não entendo mesmo"
A TÃO LOUVADA habilidade política de Eduardo será testada nos próximos meses pelo gênio difícil da ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Salvo uma inesperada ou uma repentina e incontornável desavença entre os dois, Marina fará parte da chapa de Eduardo na condição de vice. Mas a que preço?
MAL ANUNCIOU sua filiação ao PSB, enquanto não registra seu partido, a REDE, Marina se opôs a um acordo quase firmado por Eduardo com setores da área rural do Centro-Oeste, o que traria para seu lado uma parcela do DEM representada por Ronaldo Caiado (GO), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Bateu duro nos ruralistas, acusando-os de conservadores e de adversários do meio ambiente.
SUGERIU QUE eles não poderiam ter nenhuma afinidade com uma nova via política que se oferece como alternativa ao PT e ao PSDB. Ameaçou saltar fora do barco de Eduardo. Foi um corre, corre. Caiado enfureceu-se. Eduardo engoliu a seco. Em seguida, Marina levantou a questão das candidaturas aos governos estaduais. Na negociação com Eduardo tentou impor nomes da REDE que a acompanharam na adesão ao PSB.
A QUESTÃO NÃO foi resolvida. No Paraná, por exemplo, o PSB caminha para apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Marina é contra. Empenha- se para que o PSB apoie um nome inexpressivo, mas próximo da REDE. No geral, Marina se comporta como se fosse uma agente do PT infiltrada no PSB, dificultando o mais que pode qualquer aproximação entre o partido e o PSDB. Foi o que fez no caso de São Paulo - e ali ganhou a parada.
O PSB PAULISTA faz parte do governo Geraldo Alckmin, assim como fez dos governos do PSDB que o antecederam. E por sua maioria quer apoiar a reeleição de Alckmin. Em troca, poderá emplacar um dos seus nomes como candidato a vice-governador.
Eduardo parecia de acordo. Sonhava em dividir o palanque de Alckmin com Aécio. Aí, Marina disse não sob o argumento de que o PSB tem de se diferenciar do PSDB. Não pode enfrentá-lo na disputa pela Presidência da República conciliando com ele logo no principal estado do país. No primeiro turno, cada partido deve mostrar seu DNA. No segundo, predomina o embate puramente eleitoral, imagina Marina. Se dependesse dela, o candidato do PSB ao governo de São Paulo seria a deputada Luiza Erundina (PSB). Eduardo aceita a indicação. Foi ele que lançou Erundina como candidata a prefeita de São Paulo na última eleição. Erundina quer se eleger mais uma vez deputada federal.
O PT ESTÁ GRATO a Marina. É forte a chance de o partido eleger os governadores de Minas Gerais (Fernando Pimentel) e do Rio de Janeiro (Lindbergh Farias).
O eventual enfraquecimento de Alckmin fortalece a chance de o PT eleger Alexandre Padilha governador de São Paulo. Eduardo garante que num segundo turno, o PSB apoiará Alckmin. A se ver.
TUDO VALE A pena se a recompensa não for pequena, acha Eduardo. Até suportar Marina - desde que ela o recompense com parte dos votos que atraiu em 2010 quando candidata a presidente.
Marina foi a maior de suas conquistas até aqui.
A TÃO LOUVADA habilidade política de Eduardo será testada nos próximos meses pelo gênio difícil da ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Salvo uma inesperada ou uma repentina e incontornável desavença entre os dois, Marina fará parte da chapa de Eduardo na condição de vice. Mas a que preço?
MAL ANUNCIOU sua filiação ao PSB, enquanto não registra seu partido, a REDE, Marina se opôs a um acordo quase firmado por Eduardo com setores da área rural do Centro-Oeste, o que traria para seu lado uma parcela do DEM representada por Ronaldo Caiado (GO), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Bateu duro nos ruralistas, acusando-os de conservadores e de adversários do meio ambiente.
SUGERIU QUE eles não poderiam ter nenhuma afinidade com uma nova via política que se oferece como alternativa ao PT e ao PSDB. Ameaçou saltar fora do barco de Eduardo. Foi um corre, corre. Caiado enfureceu-se. Eduardo engoliu a seco. Em seguida, Marina levantou a questão das candidaturas aos governos estaduais. Na negociação com Eduardo tentou impor nomes da REDE que a acompanharam na adesão ao PSB.
A QUESTÃO NÃO foi resolvida. No Paraná, por exemplo, o PSB caminha para apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Marina é contra. Empenha- se para que o PSB apoie um nome inexpressivo, mas próximo da REDE. No geral, Marina se comporta como se fosse uma agente do PT infiltrada no PSB, dificultando o mais que pode qualquer aproximação entre o partido e o PSDB. Foi o que fez no caso de São Paulo - e ali ganhou a parada.
O PSB PAULISTA faz parte do governo Geraldo Alckmin, assim como fez dos governos do PSDB que o antecederam. E por sua maioria quer apoiar a reeleição de Alckmin. Em troca, poderá emplacar um dos seus nomes como candidato a vice-governador.
Eduardo parecia de acordo. Sonhava em dividir o palanque de Alckmin com Aécio. Aí, Marina disse não sob o argumento de que o PSB tem de se diferenciar do PSDB. Não pode enfrentá-lo na disputa pela Presidência da República conciliando com ele logo no principal estado do país. No primeiro turno, cada partido deve mostrar seu DNA. No segundo, predomina o embate puramente eleitoral, imagina Marina. Se dependesse dela, o candidato do PSB ao governo de São Paulo seria a deputada Luiza Erundina (PSB). Eduardo aceita a indicação. Foi ele que lançou Erundina como candidata a prefeita de São Paulo na última eleição. Erundina quer se eleger mais uma vez deputada federal.
O PT ESTÁ GRATO a Marina. É forte a chance de o partido eleger os governadores de Minas Gerais (Fernando Pimentel) e do Rio de Janeiro (Lindbergh Farias).
O eventual enfraquecimento de Alckmin fortalece a chance de o PT eleger Alexandre Padilha governador de São Paulo. Eduardo garante que num segundo turno, o PSB apoiará Alckmin. A se ver.
TUDO VALE A pena se a recompensa não for pequena, acha Eduardo. Até suportar Marina - desde que ela o recompense com parte dos votos que atraiu em 2010 quando candidata a presidente.
Marina foi a maior de suas conquistas até aqui.
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