O Estado de S.Paulo - 09/01
A ofensiva do PT contra o governador e provável candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, mostra que o partido não compartilha da tese de que a presidente Dilma Rousseff esteja virtualmente reeleita.
Dá sinal de que não considera de fato, como diz a todo instante, que a candidatura de Campos esteja destinada a se desmontar nas divergências com o grupo de Marina Silva, no pouco tempo de televisão e na dificuldade de montar bons palanques regionais.
Se não, por que nessa altura o PT publicaria um artigo em sua página no Facebook chamando o governador de tolo, traidor e oportunista por ter se beneficiado da aliança com o ex-presidente Lula da Silva para se projetar nacionalmente?
Um ataque aparentemente algo gratuito e evidentemente descolado da realidade. Eduardo Campos não é um tolo. Se na concepção do PT o é, fica a dúvida sobre a razão pela qual o partido insistiu tanto em que ele continuasse aliado ao governo federal com a promessa de que teria apoio dos petistas para concorrer a presidente em 2018.
Exatamente por não ser tolo é que recebeu a proposta com dois pés atrás e uma indagação: "Se ainda tem gente aguardando o cumprimento de acordos de 2002, vou confiar em acertos para 2018?".
No quesito traição não conviria o PT se estender, pois foi o partido quem rompeu o acerto feito com o PSB para a eleição para a prefeitura do Recife, lançando o nome de Humberto Costa (contrariamente ao que havia sido combinado entre Lula e Campos) e levando o governador a bancar uma candidatura própria.
Venceu, resolveu buscar caminho independente e o que isso tem de extraordinário? Foi se afastando da unidade de oposição debaixo do guarda-chuva do então MDB que o PT fez carreira e chegou à Presidência. Todas as forças políticas têm o mesmo direito, pois não?
O episódio da prefeitura do Recife remete à questão da projeção nacional e à acusação de oportunismo. O governador de Pernambuco só começou a construir um nome nacional a partir de seu distanciamento do PT. Portanto, se benefício houve, não foi devido à aliança, mas à ruptura.
Maranhão. Roseana Sarney, governadora, herdeira e figura de ponta da oligarquia maranhense que tantas fez em suas décadas de dominação em prol da deterioração do Estado de menor renda per capita e alguns dos piores indicadores sociais do País e agora ocupando as manchetes por causa da violência nos presídios, já encantou boa parte do Brasil.
Essas coisas são boas de lembrar a fim de que não se perca a memória do mau passo. No caso, não chegou a se concretizar, mas chegou a se delinear a partir de setembro de 2001, quando Roseana (à época governadora reeleita) apareceu com 12% nas pesquisas de intenção de votos para a eleição de 2002, subiu para 16% em novembro, 19% em dezembro, 21% em janeiro e em fevereiro emparelhou com Lula com 23% contra 26% do petista.
Pré-candidata do PFL, Roseana chegou a se posicionar como a possível estrela daquela eleição. Principalmente entre o eleitorado feminino, que chegou a lhe dar índice de 61%. Era vista na imprensa como "fenômeno" e apresentada na propaganda do partido como exemplo de competência e renovação dos quadros na política.
Ela foi obrigada a desistir da candidatura em abril, quando a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão na empresa Lunus Participações, na qual Roseana era sócia do marido, Jorge Murad. O dinheiro foi posteriormente devolvido, mas sua origem nunca explicada.
Casa de louça. Se uma Marina Silva como candidata a vice já incomoda muita gente, um Joaquim Barbosa incomodaria muito mais.
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