CORREIO BRAZILIENSE - 10/01
De tempos em tempos, situações que escapam ao controle do marketing político jogam na casa dos brasileiros o estado de emergência do sistema carcerário do país. A crise, mesmo esquecida ao fim de cada ciclo, envolve matemática complexa: a absoluta falta de controle das autoridades sobre as unidades prisionais é inversamente proporcional ao aumento da população que cumpre pena - já somos o quarto país do mundo no quesito. O saldo não poderia ser diferente. Sem uma política que fuja do cosmético, as masmorras medievais pulsam.
O primeiro aviso de que uma granada estava prestes a explodir no setor veio na década de 1970, com as organizações criminosas formadas no cárcere, a mais notória delas a Comando Vermelho. A sucessão de rebeliões e a articulação entre presos de diferentes presídios impulsionaram o aumento do tráfico de drogas, especialmente no Rio, a partir da década de 1980, e conseguiu a proeza de parar a maior cidade do país, em 2006. Na ocasião, a onda de violência em São Paulo contou mais de 100 ataques criminosos e forçou, em plena democracia, a decretação de um toque de recolher.
Desde os atentados na capital paulista, a sucessão de absurdos não para. Ataques articulados de dentro dos presídios foram registrados em Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso do Sul. A coisa se alastra a tal ponto, e com tal velocidade, que não poupa coloração partidária. Não importa a bandeira política, todos se enrolaram, em algum momento, diante da situação. Vale lembrar que o Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi apontado como o pior do país. Ou seja, o Maranhão de hoje será o RS amanhã - ou Rondônia, com a famigerada penitenciária de Urso Branco. Candidatos não faltam.
Dentro do caldeirão, sobram culpados. Executivo, Legislativo, Judiciário. Todos os Poderes falham no combate à crise no sistema carcerário. Que ninguém se engane com os números. A maquiagem é de praxe e institucionalizada nas secretarias de Segurança Pública estaduais país afora. O Brasil real é muito pior do que o sugerido pela estatística. A barbárie no Maranhão é replicada por todo o país. A crise obedece a uma lógica de latência de décadas, em que, a cada pulso, maior é a consternação com o cenário de terror. Temos uma política carcerária mínima para dar conta de um problema imenso. É o mesmo que exigir de um rato que equilibre o elefante sobre os ombros.
O primeiro aviso de que uma granada estava prestes a explodir no setor veio na década de 1970, com as organizações criminosas formadas no cárcere, a mais notória delas a Comando Vermelho. A sucessão de rebeliões e a articulação entre presos de diferentes presídios impulsionaram o aumento do tráfico de drogas, especialmente no Rio, a partir da década de 1980, e conseguiu a proeza de parar a maior cidade do país, em 2006. Na ocasião, a onda de violência em São Paulo contou mais de 100 ataques criminosos e forçou, em plena democracia, a decretação de um toque de recolher.
Desde os atentados na capital paulista, a sucessão de absurdos não para. Ataques articulados de dentro dos presídios foram registrados em Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso do Sul. A coisa se alastra a tal ponto, e com tal velocidade, que não poupa coloração partidária. Não importa a bandeira política, todos se enrolaram, em algum momento, diante da situação. Vale lembrar que o Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi apontado como o pior do país. Ou seja, o Maranhão de hoje será o RS amanhã - ou Rondônia, com a famigerada penitenciária de Urso Branco. Candidatos não faltam.
Dentro do caldeirão, sobram culpados. Executivo, Legislativo, Judiciário. Todos os Poderes falham no combate à crise no sistema carcerário. Que ninguém se engane com os números. A maquiagem é de praxe e institucionalizada nas secretarias de Segurança Pública estaduais país afora. O Brasil real é muito pior do que o sugerido pela estatística. A barbárie no Maranhão é replicada por todo o país. A crise obedece a uma lógica de latência de décadas, em que, a cada pulso, maior é a consternação com o cenário de terror. Temos uma política carcerária mínima para dar conta de um problema imenso. É o mesmo que exigir de um rato que equilibre o elefante sobre os ombros.
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