CORREIO BRAZILIENSE - 28/01
O Não vai ter Copa ainda é um bicho estranho. Ninguém sabe ao certo a sua cor, o seu tamanho e, principalmente, em que ele se transformará até meados de junho, quando o Mundial será iniciado. Uma coisa é certa: vai ter eleição. E é por isso que, publicamente, o governo federal faz que não é com ele. Ontem, negou que existisse qualquer tipo de reunião emergencial para tratar do assunto. A estratégia é não evidenciar preocupação e se manter afastado de qualquer tema polêmico. Mas o temor é generalizado.
O ato violento registrado em São Paulo, no sábado, que terminou com um jovem baleado pela polícia, acendeu o sinal de alerta. O filme é recente. Em junho do ano passado, um movimento pelo passe livre no transporte público da capital paulista ganhou corpo e incorporou as mais diversas pautas. Sobrou para todos os políticos, sobretudo para Dilma Rousseff, que viu sua popularidade cair rapidamente.
Eleição é maratona. Não são 100 metros rasos. Na reta final, pode faltar perna para recuperar a aprovação perdida. Dilma sabe disso. O calendário não é amigo dela. Nos bastidores, só pensa em estratégias para minimizar o impacto eleitoral de um possível recrudescimento das manifestações. Um exército já foi recrutado na internet para espalhar a hashtag #copadascopas e minimizar o #nãovaitercopa. Resta esperar.
Carona
O PSol havia definido como prioritária a bandeira da tarifa zero, principal mote das manifestações de junho do ano passado, para ser utilizada na campanha presidencial do senador Randolfe Rodrigues (AP). Agora, com o fortalecimento do Não vai ter Copa, o partido também decidiu abraçar a causa. Já tem gente dizendo que o programa de governo será escrito no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, palco dos maiores protestos.
Retorno
Quem volta da licença em caráter particular de 120 dias é o senador Jayme Campos (DEM-MT). Em quatro anos de mandato, Campos ficou 240 dias afastado. O suplente dele, Oswaldo Sobrinho, já fez a faxina no gabinete, mas planeja voltar em breve.
De novo
O senador Humberto Costa (PT-PE) deve ser o próximo líder da sigla no Senado, posto que ocupou em 2011. Pelo sistema de rodízio, a vaga seria de outro senador. O problema é que muitos são candidatos. As articulações já foram iniciadas. O nome deve ser fechado após a oficialização de Mercadante na Casa Civil.
Comeu e não gostou/ O rolezinho da presidente Dilma Rousseff por Lisboa rendeu uma foto no Instagram com o chef do restaurante Eleven, Joachim Koerper (foto). Na imagem, enquanto ele dá uma boa risada, Dilma aparece com uma expressão fechada. A tática é utilizada pelo futuro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Quando é fotografado ao lado de uma pessoa que não conhece, o ministro sempre fecha a cara para evitar sair sorrindo ao lado de alguém que possa ter um currículo desabonador.
Frigideira amiga/ O empresário Josué Gomes (PMDB) decidiu. Vai mesmo para o sacrifício e vai enfrentar Antonio Anastasia (PSDB) na disputa por uma vaga no Senado. O Palácio do Planalto fritou Josué ao alimentar o noticiário negativamente, vazando que nenhum industrial importante havia manifestado apoio à indicação. Isso fez com que ele, constrangido pelo fogo amigo, recuasse e declarasse que prefere disputar as eleições.
Tudo em casa/ O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não foi ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, porque o filho Miguel está para nascer. “Família em primeiro lugar”, publicou no Facebook. Faz sentido. Campos colocou a mãe, Ana Arraes, no TCU; o marido da prima, Paulo Câmara, na Secretaria da Fazenda; o primo, Tadeu Alencar, como pré-candidato ao governo e o filho mais velho deve disputar uma vaga na Câmara.
Vai pegar?/ A chamada Lei Anticorrupção entra em vigor amanhã. A Controladoria-Geral da União (CGU) se apressa para fechar a regulamentação da nova legislação, que deve mudar o relacionamento das empresas com o poder público. As apostas do governo são: multas pesadas para tentar coibir o pagamento de propinas a servidores públicos e as fraudes em licitações e a criação de um código de conduta dentro das firmas que incentive os funcionários a denunciar improbidades.
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