FOLHA DE SP - 02/12
SÃO PAULO - O que é um candidato vermelho? Não é socialista, nem de esquerda. No léxico do cada vez mais apetrechado aparato de análise da política brasileira, vermelho é o político cuja votação aumenta conforme diminui a renda do eleitor. Com o candidato azul, ocorre o contrário.
O Lula de 1989, 1994 e 1998 não era o concorrente vermelho que tipicamente se tornou nos anos 2000. Sua votação era bem distribuída ao longo dos diversos estratos de renda. Avermelhar-se, numa democracia de massas ainda mal remediadas como a nossa, significa quase sempre o triunfo nas urnas.
O que dizer do tucano Geraldo Alckmin? Branco, médico anestesista, oriundo das classes médias do Vale do Paraíba. Candidato azul ou vermelho? Rubro como a camisa do América, diz o Datafolha publicado hoje. Leva 51% da intenção de voto entre eleitores com renda familiar até dois salários mínimos mensais. O apoio cai para 39% na faixa acima de dez mínimos.
Vermelha como ele é a petista Dilma Rousseff. Obtém 53% entre os eleitores de renda mais baixa, mas 32% no extremo oposto. Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva vestem a camisa azul.
Já as eleições para prefeito de São Paulo parecem ter fixado um padrão mais regular na distribuição dos uniformes. Estejam no governo ou fora dele, candidatos petistas têm obtido mais votos quanto mais baixa é a renda. O contrário ocorre com consórcios compostos pelos tucanos.
Na capital paulista, contudo, avermelhar-se não tem configurado vantagem nítida. Talvez porque a renda e o volume das classes remediadas sejam maiores aqui, azuis e vermelhos conquistaram duas vitórias cada nos últimos quatro certames.
Curiosamente, o mais novo vitorioso vermelho, o prefeito Fernando Haddad, agora descolore. Sua má avaliação é constante ao longo dos diversos grupos de renda.
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