O Estado de S.Paulo - 19/12
Explicitada a campanha eleitoral (nas telas e nas páginas), por ora façamos de conta que não há flagrante infração à lei em vigor e prestemos atenção aos movimentos dos dois candidatos apresentados como oponentes da presidente Dilma Rousseff.
São de dois tipos: um diz respeito à forma, ao mundo das aparências, dos efeitos externos, do simbolismo; outro se relaciona com o conteúdo, a vida real, a batalha dura pela conquista de uma vaga no segundo turno.
Na primeira modalidade, o senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos posam juntos para câmeras e aos microfones lembram laços de antiga amizade. Renovam a validade dos votos para o futuro, conversam sobre a maturidade de uma oposição que sabe se unir taticamente contra o adversário principal e concordam quanto ao objetivo comum de tirar o PT do poder.
Na segunda, o cenário é menos amável. Digamos que o jogo "à vera" seja um pouco mais duro. Nele as diferenças se sobressaem às semelhanças.
Os primeiros sinais exteriores da competição que inevitavelmente dar-se-á entre os dois podem ser reconhecidos na maneira como cada um trata o governo federal.
O PSDB parece ter se convencido de que para competir é preciso descer do muro, assumir a crítica como valor absoluto, desconstruir o adversário, fazer oposição sem adjetivos; oposição e ponto.
O PSB é bem mais suave na ofensiva. Entre outros motivos porque até outro dia integrava a equipe de Dilma e Eduardo Campos e Marina Silva foram ministros em administrações petistas. Em duas palavras, pega leve.
Ambos os partidos apostam no mote da "mudança" apontado nas pesquisas como um desejo de 66% da população. Mas o PSDB promete mudar o Brasil "de verdade" e o PSB se propõe a fazer mais e melhor "mudando o Brasil".
A diferença não é sutil. Quando Aécio inclui no seu slogan o conceito de veracidade, dá a entender que o outro tem algo de maquiagem superficial, de promessa vã.
Natural que se diferenciem, até porque precisam disputar públicos distintos. Portanto, natural também que as amabilidades públicas tendam a diminuir (as internas já foram bastante reduzidas desde a aliança de Campos com Marina) à medida que a campanha ganhe massa e velocidade.
Nenhum dos dois é neófito no ramo, ambos sabem que é preciso preservar relações para o dia de amanhã, o apoio do outro na etapa final.
Mas, há um teorema lembrado por um político de larga experiência, espectador atento dessa cena: "Se nós dois (Campos e Aécio) estamos correndo do leão (Dilma), o que você precisa fazer para se salvar? Correr mais do que o leão? Claro que não, precisa correr mais do que eu".
Tudo igual. Se o Supremo proibir o financiamento privado de campanha com base no artigo da Constituição que assegura igualdade de condições para todos os cidadãos, como pede a OAB, tem gente disposta a propor o mesmo tempo no horário eleitoral para todos os candidatos.
Para não quebrar o preceito da igualdade.
Recuo. Caso Dilma não tivesse desistido de vetar o trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias que torna obrigatório o pagamento de emendas parlamentares - o chamado orçamento impositivo -, corria sério risco de ver o veto derrubado.
No voto aberto, o que seria a explicitação do descontrole da "base".
Quem te vê. No PMDB reina séria dúvida sobre a chance de o governador Sérgio Cabral Filho se eleger caso resolva disputar vaga no Senado.
Nessas análises, a dúvida, aliás, é a mais otimista das hipóteses.
Um comentário:
Pode-se perguntar:
Porque não se fala no voto facultativo?
Não seria também um item de reforma no sistema eleitoral? Porque a imprensa não toca neste assunto?
BRAZIL, PAÍS RICO...DE VEREDAS!!!
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