Ontem foi dia do café da manhã de fim de ano da presidente Dilma Rousseff com os jornalistas que fazem a cobertura diária do Palácio do Planalto. No evento que já se tornou tradição, Dilma se submete a uma saraivada de perguntas sem qualquer tipo de veto prévio aos temas, por mais que sejam inconvenientes.
Assim, logo depois que falou sobre a reforma ministerial que deverá realizar até fevereiro do ano que vem, foi questionada sobre a permanência de Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda. E deu uma resposta direta e firme, bem ao seu estilo: "Reitero pela vigésima ou trigésima vez que o ministro Guido está perfeitamente no lugar onde está". Portanto, os críticos da atual política econômica podem tirar o cavalo da chuva. Guido Mantega ficará no cargo até o fim do atual governo.
O motivo para o prestígio do ministro é muito simples. Nenhum passo na política econômica é dado sem o sinal verde da presidente da República. Economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dilma chegou a fazer dois anos do curso de mestrado da Unicamp, onde foi aluna de Carlos Lessa.
Não concluiu sua dissertação porque deu prioridade ao trabalho na Secretariada Fazenda de Porto Alegre. Com esse perfil acadêmico, tem opinião própria sobre os rumos da economia do país e não esconde de ninguém a queda pelo estruturalismo de Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares e do professor Lessa. É keynesiana assumida, daquelas que defendem que o Estado deve pavimentar o caminho para a ação do setor privado.
No governo Dilma, cabe ao BNDES o principal papel de indutor do investimento. E a Caixa é voltada para programas populares como o Minha Casa, Minha Vida (que o povo chama de "Minha Casa, Minha Dilma"). Já o Banco do Brasil tem o foco voltado para o financiamento das grandes empresas. De alguns meses para cá, o modelo - que deu certo na fase mais aguda da crise internacional- começou a ser questionado, exatamente o peso excessivo que confere ao Estado.
Há quem diga que a receita provoca desequilíbrio fiscal crescente, que só é contornado graças a manobras contábeis, a tal da "contabilidade criativa". Nesse contexto de descontrole nos gastos, só restaria ao Banco Central uma arma para combater a inflação: o aumento das taxas de juros. Como a diretoria do BC, nas atas do Copom, faz coro com os críticos ao atribuir as altas seguidas da Selic à falta de rigor fiscal,comenta-seque a relação entre Mantega e Alexandre Tombini não vai bem.
O mercado financeiro, obviamente, não tem nada de estruturalista ou keynesiano. É monetarista por natureza. E no confronto entre a Fazenda e o BC, toma o lado de Tombini. Isso explica os rumores, cada vez mais frequentes, sobre o desgaste e a provável queda de Mantega. Dilma estaria insatisfeita com os resultados da economia e preocupada com o impacto do baixo crescimento do PIB nas eleições de 2014. Resumo da ópera: os dias de Mantega no governo estariam contados.
Ontem, porém, a presidente jogou uma pá de cal no assunto. Além de confirmar seu ministro no cargo "pela trigésima vez", ela assumiu a responsabilidade pela política econômica: "Nós não temos nenhuma predileção por fazer política anticíclica, até porque ela é custosa. Quanto mais cedo nós sairmos disso, melhor para o país". Guido Mantega, portanto, fica onde está.
SOBE E DESCE
Sobe
Os ativistas do Greenpeace que passaram cerca de dois meses detidos na Rússia receberam ontem a anistia. Entre eles está a brasileira Ana Paula Maciel. Trinta ativistas se envolveram em protesto no Ártico, em setembro.
Desce
Desce
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou o recurso da Prefeitura de São Paulo que visava derrubar a suspensão do aumento do IPTU, determinada pelo Tribunal de Justiça paulista. Fernando Haddad é prefeito de São Paulo.
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