FOLHA DE SP - 11/12
Recentes pesquisas de opinião, com todas as suas óbvias limitações, vão confirmando que o excessivo pessimismo de alguns setores que atinge a política governamental está longe de contaminar a sociedade.
O Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal estabilizaram a economia e eliminaram o estresse social produzido pela inflação e pela amea-ça do desequilíbrio fiscal sempre iminente.
Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria foi ao ponto crítico, com duas perguntas fundamentais: 1ª) Seu padrão de vida mudou para melhor?; 2ª) O que você espera para o padrão de vida de seus filhos?
A resposta à primeira foi que 8 entre 10 cidadãos consideram que sua situação hoje é muito melhor ou melhor que a dos seus pais. À segunda, que revela a confiança no futuro, a resposta reafirma o sentimento anterior: 8 entre 10 pais confiam que o padrão de vida de seus filhos será muito melhor ou melhor que o seu. Os resultados revelam uma alta expectativa de ascensão social, que cresce nas regiões com menor renda per capita. Para o Brasil, como um todo, 63% responderam que hoje é mais fácil melhorar socialmente do que foi no passado.
Outra pesquisa interessante foi a publicada pela Folha no último domingo. Feita pelo Datafolha em 28 e 29/11, ouviu 4.557 pessoas em 194 municípios. Contém muito material para reflexão pelos estudiosos das disciplinas sociais. Até para alguns economistas que heroicamente se assumem como "praticantes de uma ciência indiferente aos valores".
A pesquisa é exatamente sobre os "valores", as preferências reveladas pelos brasileiros no seu comportamento pessoal e nos temas econômicos. A verificação talvez mais interessante é que, de acordo com as definições e a relativa arbitrariedade das classificações, "os resultados mostram que o brasileiro médio preza valores comportamentais de direita, mas manifesta acentuada tendência de esquerda no campo econômico".
De fato, no campo dos comportamentos, 49% revelaram-se de direita (mais centro-direita) contra 29% de esquerda (mais centro-esquerda), enquanto no campo econômico, 26% classificam-se como direita (mais centro-direita), contra 46% de esquerda (mais centro-esquerda), numa aparente dissonância cognitiva.
Pelos problemas que levanta, essa pesquisa deveria ser amplamente discutida, principalmente do ponto de vista metodológico.
No questionário seria preciso discriminar, no campo econômico, os que acreditam que pode haver benefício para alguns sem custo para a sociedade, o que é uma impossibilidade física, mas "politicamente correta" para setores de certa "esquerda".
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