CORREIO BRAZILIENSE - 14/12
Considerar excepcional a tragédia das chuvas é acreditar em Papai Noel.Vão longe os tempos em que fortes temporais ocorriam a cada 10, 15 ou 20 anos. Com a ocupação desordenada das cidades, a situação se inverteu. As violentas tempestades que começam em dezembro tornaram-se regra, não exceção. Trata-se da crônica da calamidade anunciada. É normal, pois, esperar por elas.
O anormal é o descaso das autoridades. Sai ano, entra ano, prefeitos e governadores se dizem surpresos com os estragos causados pela violência das águas. Morros deslizam, rios transbordam, casas despencam, vidas se perdem. Milhares de pessoas repentinamente sem teto perambulam pelas ruas ou são recolhidas a abrigos improvisados.
A ruptura da rotina urbana acarreta prejuízos milionários. Crianças deixam de frequentar a escola e adultos não conseguem chegar ao trabalho. Linhas de trem e metrô não funcionam. Vias alagadas dificultam o ir e vir. Ônibus, caminhões e carros correm perigo. Além de permanecerem ilhados, motoristas e passageiros ficam sujeitos a saques e assaltos.
É a triste reprise que se viu no Rio esta semana. Contam-se mais de 6 mil desabrigados. Pelo menos três pessoas morreram. A Via Binário, obra recém-construída na Zona Portuária, não suportou a enchente. O prefeito Eduardo Paes considerou a inundação "inadmissível" e ameaçou multar a concessionária - sinal de que negligenciou a fiscalização preliminar. Trancou a porta depois da casa arrombada. Pior: mandou a população não sair à rua.
O governador Sérgio Cabral tampouco ficou bem no filme. Depois de sete anos no poder, culpou "décadas de abandono" pelas tragédias que se repetem. E, como solução, instituiu um gabinete de crise para cuidar das calamidades no estado. A iniciativa soa velha. Todas as vezes que criam grupos de trabalho para resolver antigas disfunções da administração pública, as autoridades confessam que nenhuma medida efetiva será adotada.
Urge mudar o paradigma. Discursos, improvisações ou obras tópicas não solucionam problemas de tal dimensão. Sem descuidar do básico - assoreamento dos rios causado pelo acúmulo de esgoto e lixo doméstico, a impermeabilização do solo, a ocupação de áreas proibidas pela legislação - impõe-se enfrentar de fato a questão.
Obras de infraestrutura precisam ser levadas adiante em obediência a calendário independente do eleitoral. A receita vale para as demais unidades da Federação castigadas pela chuva. Espírito Santo, Goiás, Minas, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso também exibem o drama da imprevidência. Sabem que viverão o caos anual.
O anormal é o descaso das autoridades. Sai ano, entra ano, prefeitos e governadores se dizem surpresos com os estragos causados pela violência das águas. Morros deslizam, rios transbordam, casas despencam, vidas se perdem. Milhares de pessoas repentinamente sem teto perambulam pelas ruas ou são recolhidas a abrigos improvisados.
A ruptura da rotina urbana acarreta prejuízos milionários. Crianças deixam de frequentar a escola e adultos não conseguem chegar ao trabalho. Linhas de trem e metrô não funcionam. Vias alagadas dificultam o ir e vir. Ônibus, caminhões e carros correm perigo. Além de permanecerem ilhados, motoristas e passageiros ficam sujeitos a saques e assaltos.
É a triste reprise que se viu no Rio esta semana. Contam-se mais de 6 mil desabrigados. Pelo menos três pessoas morreram. A Via Binário, obra recém-construída na Zona Portuária, não suportou a enchente. O prefeito Eduardo Paes considerou a inundação "inadmissível" e ameaçou multar a concessionária - sinal de que negligenciou a fiscalização preliminar. Trancou a porta depois da casa arrombada. Pior: mandou a população não sair à rua.
O governador Sérgio Cabral tampouco ficou bem no filme. Depois de sete anos no poder, culpou "décadas de abandono" pelas tragédias que se repetem. E, como solução, instituiu um gabinete de crise para cuidar das calamidades no estado. A iniciativa soa velha. Todas as vezes que criam grupos de trabalho para resolver antigas disfunções da administração pública, as autoridades confessam que nenhuma medida efetiva será adotada.
Urge mudar o paradigma. Discursos, improvisações ou obras tópicas não solucionam problemas de tal dimensão. Sem descuidar do básico - assoreamento dos rios causado pelo acúmulo de esgoto e lixo doméstico, a impermeabilização do solo, a ocupação de áreas proibidas pela legislação - impõe-se enfrentar de fato a questão.
Obras de infraestrutura precisam ser levadas adiante em obediência a calendário independente do eleitoral. A receita vale para as demais unidades da Federação castigadas pela chuva. Espírito Santo, Goiás, Minas, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso também exibem o drama da imprevidência. Sabem que viverão o caos anual.
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