FOLHA DE SP - 15/10
RIO DE JANEIRO - Os cariocas gastam ainda mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho do que os paulistanos, como revela a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012. O caos do transporte público e as constantes reclamações sobre o trânsito, porém, parecem ser um assunto mais recorrente nas rodas de bar em São Paulo.
Impressões à parte, o fato é que as duas maiores metrópoles do país convivem, ano a ano, com o aumento insustentável da frota de veículos. E boa parte da responsabilidade desse problema é do governo federal.
Desde 2008, sob o pretexto de induzir a economia ao crescimento num período de crise global, o governo Lula lançou mão do incentivo do IPI reduzido para a compra de veículos. Temporária, a medida foi reeditada várias vezes pelo ex-presidente e pela atual mandatária.
Agora, quando a inflação surge como um possível fantasma à reeleição de Dilma, havia a promessa de finalmente acabar com a desoneração, que alimenta o consumo e comeu bilhões de reais da arrecadação. Bem, o fim do estímulo ficou só na promessa e o benefício foi postergado novamente. Assim, mais e mais pessoas se animam a comprar um carro, não se importando muito com os juros mais altos de agora.
Não bastasse o IPI menor, o governo dá outro empurrão aos congestionamentos das grandes cidades. Mais uma vez em nome da inflação sob controle, a equipe econômica de Dilma segura o reajuste da gasolina e impede a Petrobras de alinhar seus preços aos praticados internacionalmente. Além de asfixiar as finanças da estatal, a medida representa um subsídio ao uso do combustível.
Os bilhões de reais de IPI não recolhido e do tributo sobre a gasolina zerado para evitar o aumento do combustível teriam melhor destino se fossem aplicados no financiamento à expansão das redes de trem e metrô das capitais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário