FOLHA DE SP - 05/10
RIO DE JANEIRO - O MIS de São Paulo abrirá no dia 11 uma grande mostra "Stanley Kubrick". Exibirá os 12 filmes oficiais de Kubrick e mais de 500 objetos usados neles ou com que o diretor trabalhou em 48 anos de cinema. Imagine agora se, em vez de "Stanley Kubrick", a mostra se chamasse "Alexander Singer".
Quem? Alexander Singer. Foi um grande amigo de Kubrick. Os dois nasceram no Bronx, em Nova York, a poucos metros um do outro, em 1928 (Alexander, em abril; Stanley, em julho). Conheceram-se no Ginásio Taft, cujas aulas matavam para jogar xadrez, discutir fotografia ou ir ao cinema para ver três sessões seguidas do mesmo filme.
Eles queriam passar à história do cinema como diretores. E decidiu-se que, quando Alexander fizesse seu primeiro filme, Stanley seria o diretor de fotografia. Isso foi em 1945. Mas Stanley tinha pressa. Tornou-se fotógrafo da revista "Look" e levou três anos fazendo grandes fotos. Até que se sentiu pronto para um filme.
Estreou com um curta ambicioso, "Day of the Fight" (1951), sobre boxe, com Alexander como assistente de direção. E a roda nunca mais girou ao contrário. Stanley logo se tornou o maior nome de sua geração. Já Alexander só foi dirigir em 1960: o modesto, mas fascinante "Rajadas de Paixão", de que, hoje, acho que só eu e o Sérgio Augusto nos lembramos --ou seria por sua estrela Lola Albright?
Resignado, Alexander converteu-se à TV e passou a vida dirigindo seriados como "Jornada nas Estrelas", "O Fugitivo" ou "Missão Impossível". Mas como passar à história com isso? Daí que as biografias de Stanley enchem prateleiras; a de Alexander resume-se a algumas linhas. E, também por isso, o MIS mostrará "Stanley Kubrick", não "Alexander Singer". Quando Stanley morreu, em 1999, Alexander estava ao pé do caixão, arrasado. Até o fim, amigo fiel e coadjuvante.
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