O GLOBO - 05/10
Ninguém sabe o que a ex-senadora Marina Silva anunciará hoje, mas há alguns indícios que levam a crer que ela está querendo se filiar a um partido para poder continuar na disputa pela Presidência da República em 2014. Isso só não acontecerá se as exigências que já deve ter feito a essa tal legenda não forem aceitas.
O que preocupa Marina na verdade é entrar para um partido que hoje se mostra disposto a até mudar o nome para Rede para recebê-la, e mais adiante, devido a pressões do governo ou uma negociação mais vantajosa, negue legenda a ela.
Nesse ponto, o PPS do deputado Roberto Freire é mais seguro, tem uma história política que garante os acordos. Mas as exigências para o PPS também têm que ser menores. No final da noite de ontem, Marina chamou a Brasília os deputados que a apoiam para fazer um balanço das forças políticas que podem ajudar na sua campanha para a formação do partido Rede Sustentabilidade, projeto político de que não abre mão.
O mais provável é que durante o próximo ano ela se dedique simultaneamente à campanha eleitoral e à criação da Rede, mas será preciso compatibilizar as duas tarefas, para que uma não se confunda com a outra e não atrapalhe a clareza de sua mensagem de candidata a presidente, que muitos críticos já consideram gongórica demais.
Como a Rede não poderá aparecer na urna eletrônica em 2014, mesmo que tenha o registro concedido pelo TSE antes das eleições, a primeira impressão de seus apoiadores é que ela não deveria ser formada no ano da eleição, para não confundir o eleitor.
Há também um detalhe técnico: os políticos que foram liberados por Marina para seguirem caminhos próprios, já que ela não se definiu ainda a qual vai se filiar, estão mudando de partido, pois ficaram sem ambiente nas legendas anteriores por fazerem explicitamente a campanha de Marina. É o caso do deputado Miro Teixeira, que trocou o PDT pelo PROS para se candidatar ao governo do Rio, e Alfredo Sirkis, que ontem mesmo se desligou do
Partido Verde e ainda decide para onde te O fato é que a ex-senadora Marina Silva, depois do choque de realidade que recebeu com a rejeição do registro de seu partido, parece estar disposta a não sair do campo de batalha. Ela me disse, em conversa por telefone, naquela linguagem própria dela que une metáforas e messianismo, que é muito resistente para escalar as montanhas que aparecem na sua frente, e persistente o bastante para contorná-las quando não puder escalá-las.
Quando disse, na entrevista coletiva de ontem, que o que pesa mais para a tomada de decisão tem a ver com "a escolha do que mais contribui para o país que queremos" está dando a entender que procura a maneira mais adequada para abrir uma nova senda no caminho que havia previamente traçado, mas mantendo o objetivo final: criar condições para "um Brasil que possa atualizar o processo da política".
Ao salientar que esse processo está, infelizmente, em "erosão política" ela deu a dica para onde se inclina, pois quem faz esse diagnóstico não pode abrir mão de uma ação imediata. Deixar de participar da eleição presidencial para supostamente manter a coerência do seu projeto seria postergá-lo, o que talvez servisse mais à sua imagem pessoal do que à causa que defende.
Sintomático é que tenha respondido a uma pergunta sobre se não seria incoerência ir para uma sigla qualquer, com o raciocínio de que o que vai pesar mais na decisão "é o que pode construir melhor, independentemente da vaidade" Ela não abre mão dos 20 milhões de votos que recebeu em 2010, que simbolicamente lhe foram dados num dia 3 de outubro, coincidentemente o mesmo em que o TSE decidiu cassá-la, segundo sua interpretação da decisão de não conceder registro ao seu partido.
Como ela mesma disse ontem, sua percepção é que "corremos o risco de perder os avanços que tivemos na política social e econômica devido ao atraso na política" e certamente a "resposta compatível, e potencializadora para que o país possa avançar" não é a desistência.
O que preocupa Marina na verdade é entrar para um partido que hoje se mostra disposto a até mudar o nome para Rede para recebê-la, e mais adiante, devido a pressões do governo ou uma negociação mais vantajosa, negue legenda a ela.
Nesse ponto, o PPS do deputado Roberto Freire é mais seguro, tem uma história política que garante os acordos. Mas as exigências para o PPS também têm que ser menores. No final da noite de ontem, Marina chamou a Brasília os deputados que a apoiam para fazer um balanço das forças políticas que podem ajudar na sua campanha para a formação do partido Rede Sustentabilidade, projeto político de que não abre mão.
O mais provável é que durante o próximo ano ela se dedique simultaneamente à campanha eleitoral e à criação da Rede, mas será preciso compatibilizar as duas tarefas, para que uma não se confunda com a outra e não atrapalhe a clareza de sua mensagem de candidata a presidente, que muitos críticos já consideram gongórica demais.
Como a Rede não poderá aparecer na urna eletrônica em 2014, mesmo que tenha o registro concedido pelo TSE antes das eleições, a primeira impressão de seus apoiadores é que ela não deveria ser formada no ano da eleição, para não confundir o eleitor.
Há também um detalhe técnico: os políticos que foram liberados por Marina para seguirem caminhos próprios, já que ela não se definiu ainda a qual vai se filiar, estão mudando de partido, pois ficaram sem ambiente nas legendas anteriores por fazerem explicitamente a campanha de Marina. É o caso do deputado Miro Teixeira, que trocou o PDT pelo PROS para se candidatar ao governo do Rio, e Alfredo Sirkis, que ontem mesmo se desligou do
Partido Verde e ainda decide para onde te O fato é que a ex-senadora Marina Silva, depois do choque de realidade que recebeu com a rejeição do registro de seu partido, parece estar disposta a não sair do campo de batalha. Ela me disse, em conversa por telefone, naquela linguagem própria dela que une metáforas e messianismo, que é muito resistente para escalar as montanhas que aparecem na sua frente, e persistente o bastante para contorná-las quando não puder escalá-las.
Quando disse, na entrevista coletiva de ontem, que o que pesa mais para a tomada de decisão tem a ver com "a escolha do que mais contribui para o país que queremos" está dando a entender que procura a maneira mais adequada para abrir uma nova senda no caminho que havia previamente traçado, mas mantendo o objetivo final: criar condições para "um Brasil que possa atualizar o processo da política".
Ao salientar que esse processo está, infelizmente, em "erosão política" ela deu a dica para onde se inclina, pois quem faz esse diagnóstico não pode abrir mão de uma ação imediata. Deixar de participar da eleição presidencial para supostamente manter a coerência do seu projeto seria postergá-lo, o que talvez servisse mais à sua imagem pessoal do que à causa que defende.
Sintomático é que tenha respondido a uma pergunta sobre se não seria incoerência ir para uma sigla qualquer, com o raciocínio de que o que vai pesar mais na decisão "é o que pode construir melhor, independentemente da vaidade" Ela não abre mão dos 20 milhões de votos que recebeu em 2010, que simbolicamente lhe foram dados num dia 3 de outubro, coincidentemente o mesmo em que o TSE decidiu cassá-la, segundo sua interpretação da decisão de não conceder registro ao seu partido.
Como ela mesma disse ontem, sua percepção é que "corremos o risco de perder os avanços que tivemos na política social e econômica devido ao atraso na política" e certamente a "resposta compatível, e potencializadora para que o país possa avançar" não é a desistência.
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