sábado, julho 27, 2013

São todos mulheres de César - JORGE BASTOS MORENO - Nhenhenhém

O GLOBO - 27/07

Quando José Maria Alkmim pronunciou, pela primeira vez, a consagrada frase - que dizem não ser dele - "Em política, o que importa é a versão, não o fato", Ulysses Guimarães arrematou:
- Isso é a tradução pessedista (do PSD) do "Não basta à mulher de César ser honesta, deve parecer honesta".
As ruas decretaram o fim da tolerância com as benesses do poder. Pouco importa se o usuário seja Aldo Rebelo, conhecido por hábitos modestos como o de andar a cavalo pelos centros históricos do litoral brasileiro.
O Papa não poderia vir numa hora melhor para referendar a intolerância popular contra as mordomias e, em alguns casos, até luxúrias.
Até o velho Bush, que maltratou o país no governo Sarney, virou agora referência boa, ao raspar a cabeça em solidariedade ao filho doente do seu segurança.
E qual o exemplo dos nossos ex-presidentes às ruas? Um, pelo circuito Elizabeth Arden (Paris, Roma e Londres), outro, pelo Terceiro Mundo, em jatinhos de empreiteiras.

Sal da terra
Apesar de ser o único terrestre a ter o dom da infalibilidade (Serra também tem, mas é extraterrestre), o Papa deu uma derrapada feia contra a boa qualidade de vida ao pedir para os fiéis que botem mais sal e azeite na comida.
Se, por um lado, fez a alegria dos cardiologistas, que vão multiplicar o número de pacientes, por outro, deixou triste o Padilha, cujo programa de redução do sal na dieta do brasileiro é um dos carros-chefe do Ministério da Saúde.
Para a Dilma, foi ótimo. Assim ela consola o queixoso Padilha, que se sente perseguido pelo Mercadante. E poderá dizer:
- Até o Papa te atropela, Padilha!

Vade retro, Satanás!
Reparem que, desde que se uniu ao "Coisa-Ruim", a vida político-administrativa do Paes virou um inferno.
"Zifio" está com encosto.

Meu Deus!
Voltando ao Mercadante, esta história reproduz bem o carinho e o conceito que ele tem dos profissionais da mídia.
Quando soube que sua assessoria marcou uma coletiva justamente na sala onde guarda uma relíquia de Djanira, sua artista preferida, o ministro apressou-se em, pessoalmente, tirar o quadro da sala e guardar no seu gabinete.
Terminada a entrevista, ele próprio, de novo, devolveu o quadro ao seu lugar.

"Rezem por mim!"
Dia desses, um enxerido governador ousou perguntar à presidente:
- Por que Mercadante?
E Dilma:
- É o meu melhor ministro!
Se ela diz, acredito.

Vaza, tráfico!
A partir desta segunda, a maré não vai estar para peixe.
No Rio de Janeiro.

"X" de pobre

Piada duplamente infame é a que diz que o Papa dos pobres só volta ao Rio em 2017 porque Paes não será mais prefeito. E que, precavido, para evitar futuros problemas, já escolheu a casa do próximo pobre que visitará daqui a quatro anos.
A de Eike Batista, no Cosme Velho.

Campeão!
No voo entre Salvador e Brasília, Dilma acompanhou pelo Twitter a disputa que deu ao Atlético o título de campeão das Libertadores.
- Galo! Galo! Galo! - gritou a presidente, comemorando a vitória do seu time, o mesmo de Anastasia.

Perigo I
Se o Papa ficasse mais uma semana no Rio, em primeiro lugar, despencaria nas pesquisas. Não há autoridade ou santidade que resista a duas semanas de exposição na Mídia Ninja.
Em segundo lugar, enlouqueceria o Cardozão.

Perigo II
É que, desde a chegada do Pontífice, a Dilma tem acordado o ministro da Justiça às 10 horas, pontualmente, para saber a mancada do dia da equipe de Eduardo Paes na segurança do Papa.

Irmão em Cristo
Piadinha boba também é a que diz que, na 9ª estação da via-sacra, quando "Cristo cai pela terceira vez", Cabral virou pro Pezão e disse:
- Tá vendo?! Não sou apenas eu!

No limite
Dilma não gostou de Mantega ter antecipado o corte de menos de R$ 15 bilhões no Orçamento há duas semanas. Segundo fontes, a presidente achou irresponsável a precipitação, enquanto Belchior e Gleisi tentavam corte menor. Para salvar o PIB.

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