FOLHA DE SP - 27/07
BRASÍLIA - Para um governo que luta para reconquistar a confiança do empresariado e convencer o setor privado a acelerar os investimentos, a decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar o fim da multa extra do FGTS é uma inconveniência.
Para cobrir uma perda de R$ 40 bilhões no Fundo de Garantia, gerada pelos planos Verão e Collor 1, o governo determinou, em 2001, que as empresas que demitissem funcionários sem justa causa deveriam recolher 10% a mais do valor a ser pago para os demitidos e mandar o dinheiro para o cofre do FGTS.
Pelas contas das entidades privadas, o rombo foi coberto em junho do ano passado. Mas o governo achou por bem manter a cobrança, o que garantiu uma receita extra de quase R$ 3 bilhões de lá para cá.
As empresas se articularam e conseguiram passar no Congresso a proposta que determinava o fim da cobrança. A presidente Dilma, entretanto, resolveu ir contra a maioria.
Não é difícil imaginar como essa medida azeda ainda mais a relação entre Planalto e empresários --que já prometeram nova operação no Congresso para derrubar o veto.
Visto como intervencionista e avesso ao setor privado, o governo Dilma conseguiu a proeza de agregar à lista de elogios a pecha de espetar nas empresas uma conta indevida.
O Brasil só voltará a crescer em ritmo razoável se os investimentos forem desengavetados. Com inflação alta e forte endividamento das famílias, a economia não vai avançar ancorada apenas no consumo pessoal.
O Planalto parece acreditar que a manutenção da multa extra por mais um tempo não será empecilho para os empresários abrirem os cofres. Pela reação vista até agora, a previsão está equivocada.
O Congresso terá até o fim de agosto para avaliar a decisão tomada por Dilma. Outros vetos também estão na lista. O mês do cachorro louco, conforme o dito popular, promete ser animado no Planalto Central.
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