FOLHA DE SP - 03/07
BRASÍLIA - Quando a popularidade de Fernando Collor despencou, em 1990, havia um fato concreto por trás da percepção popular. O confisco da poupança falava por si só.
O mesmo se deu com Luiz Inácio Lula da Silva em 2005. O mensalão foi uma cacetada na imagem de vestal cultivada pelo PT.
Com Dilma Rousseff o fenômeno é de natureza diversa. A inquietação dos brasileiros não é só contra ela, mas sim direcionada de maneira horizontal, para usar o termo da moda, em relação a todo o establishment político. Não é à toa que os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio, Sérgio Cabral, também enfrentam solavancos.
Mas esse fenômeno difuso contra Dilma é melhor ou pior do que os experimentados por Collor e Lula? Não há como prever, embora seja sempre muito mais fácil lutar contra um problema conhecido do que derrotar algo ainda indecifrável e intangível.
Se Collor tivesse reagido da maneira correta, certamente teria encontrado formas de melhorar a economia e responder às acusações de corrupção que pesavam contra ele.
Lula, em 2005, reagiu dizendo que não sabia de nada sobre o mensalão. Concentrou-se na economia, que deslanchou em 2006. O petista foi reeleito para mais quatro anos.
Dilma trabalha com a hipótese de que a onda de protestos vai passar neste momento pós-Copa das Confederações. Nesse cenário dilmista edulcorado, a economia crescerá e a inflação não vai disparar.
A presidente até fez uma "boutade" e disse adotar um "padrão Felipão" em seu governo. É uma brincadeira curiosa com o técnico de futebol do Brasil. À frente da seleção, ele venceu a Copa das Confederações. Ao dirigir o Palmeiras, a equipe desceu à segunda divisão. Ou seja, às vezes não basta alguém estar no comando. É preciso ter um bom time. Dilma tem 39 ministros e muitos parecem jogar mais ao estilo do Palmeiras do que no esquema da seleção.
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