FOLHA DE SP - 06/05
SÃO PAULO - A faculdade da reeleição para cargos do Executivo, implantada em 1997, dificultou o exercício da oposição. Derrotar um governador ou um presidente candidato ao segundo mandato tornou-se uma possibilidade rara, uma façanha.
Com ciclos de oito anos, explodiu o custo da sustentação de partidos fora da órbita governista. Nenhuma reforma política, a não ser o improvável fim da reeleição, parece capaz de arrostar essa tendência.
Hoje talvez apenas o PT seja capaz de exercer oposição competitiva na hipótese de perder o domínio da generosa máquina federal. Ainda assim, a legenda dificilmente escapará de uma dieta severa de emagrecimento quando a derrota vier.
Mas uma derrota em 2014, quer de Dilma Rousseff no Planalto, quer de Geraldo Alckmin em São Paulo, seria uma surpresa. Ambos se esforçam agora para fazer valer a seu favor a inércia do sistema que permite a reeleição.
A presidente e o governador priorizam recolher o máximo da adesão dos partidos-satélites, de modo a assegurar o maior tempo de propaganda televisiva possível. Esse é o ativo de ouro das eleições brasileiras contemporâneas, que compensa um passeio no jardim malufista.
Nos dois casos, liquidar a fatura no primeiro turno não é o objetivo central. A meta é estabelecer sobre os adversários uma vantagem larga a ponto de tornar muito difícil a virada na votação decisiva.
Eduardo Campos é a ovelha desgarrada do comboio dilmista. Poderá frustrar a expectativa da presidente de obter folgada votação no Nordeste.
José Serra, cortejado pelo MD de Roberto Freire, poderá tornar-se, por assim dizer, o Eduardo Campos de Alckmin? Imagine um cenário em que Serra saia candidato a governador do Estado pela nova legenda.
Nessa confusão em que se transformou a política partidária nacional, eis uma possibilidade que não deveria ser descartada.
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